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ENTRE FACAS E TIROS

Killing Eve: Por que a protagonista é tão obcecada por Villanelle?

DIVULGAÇÃO/BBC AMERICA

Jodie Comer e Sandra Oh caracterizadas como Vilannelle e Eve em cena de Killing Eve: Jodie aponta uma faca em direção ao peitoral de Sandra Oh e a encurrala na porta de uma geladeira

Jodie Comer e Sandra Oh são protagonistas de Kiling Eve: relacionamento tóxico entre as duas

DANIELE AMORIM

daniele.amorim@noticiasdatv.com

Publicado em 12/10/2020 - 7h05

[Atenção: o texto contém spoilers]

A terceira temporada de Killing Eve terminou com uma incógnita que só será respondida no ano que vem. Na cena final do drama, Eve Polastri (Sandra Oh) e Villanelle (Jodie Comer) decidem se afastar depois de notarem que o relacionamento entre elas é tóxico e abala as estruturas mentais de ambas. Mas, a princÍpio, como a ex-agente do MI5 conseguiu ficar obcecada por alguém que fez tão mal para ela?

Durante os três anos da série, Villanelle já cometeu tantos atos perversos contra a personagem de Sandra Oh que eles poderiam facilmente preencher uma lista de mortes mais chocantes da televisão.

Entre eles, estão os assassinatos de Bill (David Haig), Gemma (Emma Pierson) e Frank (Darren Boyd). O melhor amigo de Eve, a colega de trabalho do marido da agente e o ex-chefe da personagem, respectivamente. 

A psicologia pode ajudar a entender como a personagem conseguiu manter um relacionamento afetivo com alguém que a prejudicou tanto. A convite do Notícias da TV, os psicólogos Maria Angélica Gabriel e Carlos Henrique da Silva assistiram a alguns episódios da série de Phoebe Waller-Bridge e analisaram os motivos que levaram Eve a se afeiçoar por uma sociopata. 

Relação de amor e ódio

A obsessão de Eve vem do fato que a agente projeta parte de sua personalidade agressiva em Villanelle. Como se a vilã russa fosse primordial para que Polastri acordasse uma parte sua que estava adormecida.

Segundo Maria Angélica Gabriel, o fato de Eve ser uma agente do órgão britânico é um indício que a protagonista trabalha com a agressidade durante o trabalho. Porém, esse uso é mais velado.

De certo modo, Villanelle faz o mesmo como assassina de aluguel. A vilã, que nasceu com o nome Oksana Astankova, usa características sociopatas para lucrar com o trabalho mórbido de uma maneira muito mais escancarada e dramatizada. Talvez seja um desejo de Eve fazer o mesmo. 

"Tem um momento em que Eve fala para Villanelle que ela desperta o monstro dentro dela. Ou seja, é algo que está na agente, mas que ela só consegue externalizar na relação com Villanelle", explica a especialista. 

A relação entre as duas se tornou tão forte que nem mesmo o assassinato de Bill abalou a obsessão mútua. Na verdade, para Maria Angélica, Eve acaba se tornando vítima da síndrome de Estocolmo em razão do episódio. A patologia é diagnosticada em casos de pessoas que sentem afeição por seus agressores --como em relacionamentos abusivos. 

"Eve tinha muita raiva da Villanelle porque, quando ela mata o amigo dela, a vilã assassina alguém com quem a agente também se identificava", diz Maria Angélica. Esse sentimento de ódio perdura durante alguns episódios, e a relação sadomasoquista se intensifica cada vez mais. 

Do outro lado, Carlos Henrique afirma que a vilã tem um aspecto sedutor que também faz com que a agente se aproxime dela. "A Villanelle apresenta um mundo completamente diferente e inexplorado a ela. Ora sente que é errado, ora não", complementa. 

A observação do especialista pode ser explicada com o final da primeira temporada de Killing Eve. A agente finalmente encontra a vilã e tenta matá-la com uma facada. Mas, arrependida, ela tenta ajudar Oksana.

A loira foge antes do socorro da agente e, durante alguns meses, Eve não encontra mais rastros de Villanelle e acredita que matou sua rival. Sem propósito, a agente passa parte da segunda temporada com um aspecto cansado porque se deu conta de que deveria voltar para o mundo sem Villanelle.

Corrida de gato e rato

O comportamento cíclico entre as duas também é explorado na série. Depois de Eve descobrir que a vilã está viva, as personagens iniciam um relacionamento de "pique-esconde" do terror. A explicação para esse comportamento também tem resposta na psicologia. 

"Elas precisam ser encontradas, então somem uma da vida da outra para dar aquela ansiedade", explica Maria Angélica. Ou seja, por mais que elas passem vários episódios sem se ver, o reencontro torna a relação mais eletrizante e perigosa.

reprodução/globoplay

Na terceira temporada, Eve e Villanelle dão adeus

Pode acabar? 

A cena final da terceira temporada de Killing Eve mostra que as duas protagonistas da série dramática estão empenhadas em quebrar o ciclo vicioso da amizade estranha entre as duas. 

No entanto, com tamanha obsessão, seria possível se desfazer desse relacionamento abusivo na vida real?

Carlos Henrique explica que, no caso de Villanelle, a situação é mais complicada, mas pode ser contornada com ajuda psicológica e psiquiátrica: "Não é possível mudar a estrutura psíquica de alguém. E, pelo aspecto perverso, dificilmente eles aderem aos espaços clínicos", pontua. 

Porém, o cenário de desprendimento para Eve parece estar mais próximo. "Ela sabe que aquilo não é legal. Ela tem uma questão moral estabelecida. Já teve uma relação de casamento [com Niko, personagem de Owen McDonnell] e consegue estabelecer relacionamentos não abusivos. Então a probabilidade para ela ter sucesso nesse caso é maior", explica Maria Angélica. 

A resposta só será dada na quarta temporada de Killing Eve. Em razão da pandemia do coronavírus (Covid-19), o lançamento da nova leva de episódios foi adiado para 2021. Mas a notícia boa é que o drama britânico pode ser visto no Brasil pelo Globoplay. O título é exclusividade do streaming da Globo, e o próximo ano está confirmado no catálogo. 


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