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NINGUÉM TÁ OLHANDO

Indicado ao Oscar, brasileiro chega à Netflix com comédia existencialista

Fotos: Aline Arruda/Netflix

O diretor Daniel Rezende e o ator Victor Lamoglia nos bastidores de Ninguém Tá Olhando, série da Netflix

O diretor Daniel Rezende passa instruções para Victor Lamoglia, protagonista de Ninguém Tá Olhando

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 22/11/2019 - 5h15

Indicado ao Oscar de melhor montagem em 2004 por seu trabalho em Cidade de Deus (2002), o cineasta Daniel Rezende chega à Netflix nesta sexta (22) com Ninguém Tá Olhando, série sobre religião e filosofia que pretende provocar tanto questionamentos quanto risadas. "A gente chama de comédia existencialista, se é que essa definição existe", brinca ele.

A história é protagonizada por Uli (Victor Lamoglia), o mais novo angelus de um distrito responsável por proteger humanos de possíveis acidentes --ou seja, um anjo da guarda. Mas o novato começa a questionar as quatro regras de seu posto e decide ajudar até as pessoas que não estão sob seu cuidado.

As atitudes de Uli chocam seus supervisores, Greta (Júlia Rabello) e Chun (Danilo de Moura), mas os dois ficam ainda mais surpresos ao perceberem que, apesar de todos os desvios do novo angelus, ele não recebe nenhuma punição. Surge aí uma crise de existência --se ninguém está olhando o que fazem, por que respeitar as leis?

Sem medo da repressão, os angelus se libertam: enchem a cara, usam drogas, fazem sexo... E Uli acaba se encantando pela humana Miriam (Kéfera Buchmann), uma feminista vegana toda engajada em questões sociais. Ele passa, então, a manipular o sistema de atribuição de protegidos para ter de cuidar da moça.

Em meio às novas experiências dos seres alados, Ninguém Tá Olhando promove debates sobre a existência (ou não) de Deus, a importância da fé e o quanto a vida é um conjunto de eventos aleatórios. Tudo com muito bom humor, mas sem medo de se aventurar também pelo drama.

"A ideia sempre foi fazer essa comédia existencialista. Um humor muito ácido, irreverente, mas que fosse questionador acima de tudo", define Rezende. "A premissa era questionar todos os sistemas pré-estabelecidos do mundo. Para isso, a gente cria esses seres místicos e os redesenha para poder olhar a humanidade e criticá-la. E criticar inclusive a própria crítica, questionar tudo", filosofa.

Victor Lamoglia (à esq.), Júlia Rabello, Kéfera Buchmann e Danilo de Moura em cena da série

Para o criador, que na Netflix já havia dirigido episódios de O Mecanismo, uma série de comédia tem o formato ideal para promover tantas dúvidas. "Você dá risada e, nesse momento, fica reflexivo... É um tipo de humor que o Brasil não faz muito, mas que lá fora tem bastante. E era justamente o que a gente queria", diz o diretor.

"Eu acho que as comédias podem ser muito consistentes. Não é porque tem que fazer rir que a gente não pode transitar por momentos delicados, sensíveis, e também passar de maneira suave pelas relações humanas, não é? A comédia é muito boa para te pegar desprevenido e te fazer questionar", completa Júlia Rabello, atriz que fez humor na internet com o Porta dos Fundos e, agora, vive cenas de muito drama como a angelus Greta.

Avalanche ruiva

Uma das curiosidades de Ninguém Tá Olhando é o visual dos angelus. Todos eles usam "uniformes": camisa social branca, gravata vermelha, calça preta, asas pequenas nas costas e cabelos ruivos... Muito ruivos. Era tanta tinta vermelha para o cabelo dos atores e dos figurantes que o hair stylist Celso Kamura se juntou à equipe da série para cuidar do visual de todos os protetores.

"Tinha que retocar toda semana. E eu tinha uma psicopatia de que todos os angelus fossem no mesmo tom de ruivo, então fizemos muitos testes. E eram muitos figurantes", lembra Rezende. "Teve um dia em que eram 60 ruivos almoçando comigo, uma loucura", completa Lamoglia. "Almoçar com a gente era interessante. Eu nunca vi tanto ruivo junto, só na Irlanda", finaliza Júlia, aos risos.

Com oito episódios, a primeira temporada de Ninguém Tá Olhando conta ainda com Leandro Ramos (Choque de Cultura), Augusto Madeira (Zorra), Thati Lopes (Porta dos Fundos), Telma Souza (O Outro Lado do Paraíso) e o cantor Projota no elenco.

Confira o trailer da nova comédia nacional da Netflix:


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