NICO TORTORELLA
Divulgação/AMC
Nico Tortorella em cena de The Walking Dead: World Beyond; ator define Felix como herói queer
Aos poucos, o público de The Walking Dead: World Beyond vai conhecendo mais sobre os seis protagonistas da nova série da franquia zumbi. Na segunda (12), foi a vez do guerreiro Felix (Nico Tortorella). Antes do apocalipse, ele tinha sido expulso de casa ao sair do armário para a família. Para seu intérprete, é uma honra poder quebrar barreiras na pele de um herói LGBTQ+.
Na vida pessoal, Tortorella se define como bissexual não-binário --ou seja, se relaciona com homens e mulheres, mas não se considera dentro de um gênero específico. O ator também rejeita os pronomes "he" e "him" (ele), por não se identificar com o gênero masculino, e prefere referências com "they" e "them" (literalmente eles, mas mais comumente traduzido como elx em português).
O artista de 32 anos é casado com a ativista Bethany Meyers, com quem vive desde 2006. Mas os dois têm um acordo de poliamor, o que significa que podem se relacionar romântica ou sexualmente com outras pessoas.
Todo esse enfrentamento aos rótulos e aos padrões levaram Tortorella ao encontro da série. "Eu não tinha lido nenhum roteiro, mas sabia que o personagem era da comunidade LGBTQ+. E conversei com os produtores sobre o que era ser queer e viver um personagem queer. Felix é o oposto do estereótipo. Eu o chamo de 'queero', um queer hero' [herói queer], como nunca havia sido mostrado no audiovisual", conta o ator ao Notícias da TV. Queer é uma palavra usada para designar pessoas que não correspondem a um padrão cis-heteronormativo.
Apesar de World Beyond ter o elenco mais jovem da franquia, Nico pode se considerar um veterano. Atuou no filme Pânico 4 (2011) e em séries como Make It or Break It (2009-2012), The Following (2013-2015) e Younger, no ar desde 2015 --o ator concilia o trabalho nas duas produções. No entanto, ainda não havia feito um papel tão engajado nem um trabalho tão desafiador.
"Eu nunca tinha feito nada em que passasse tantas horas gravando (rindo). Começamos muito cedo e terminamos na madrugada. É o trabalho mais exigente que já fiz. São muitas cenas externas, e tudo é gigante. Eu nunca lutei tanto na minha vida, e treino bastante também. É fisicamente desgastante e psicologicamente desafiador. Mas, como ator, esse é o sonho, certo? Você pode mergulhar totalmente no personagem", valoriza.
Tortorella reconhece que o histórico de personagens LGBTQ+ na franquia Walking Dead não é dos melhores, mas está pronto para mudar isso. "Acho que representatividade e visibilidade são o pontapé para as transformações que precisamos fazer. Ter um personagem como Felix, um herói forte, mas vulnerável, torna as conversas que eu proponho ainda mais importantes."
World Beyond começa dez anos após o apocalipse zumbi, e o artista vê semelhanças entre a sociedade da série e a do mundo real. "Eu vejo uma divisão no nosso planeta. Tem gente lutando pela verdade, pela justiça, pela vida, e gente que é basicamente zumbi, com um único objetivo: comer para sobreviver. Só pensa em si mesmo. Acho que a série reflete isso, e por isso é tão mais importante contar essa história hoje do que dez anos atrás", aponta.
Fã da Walking Dead original, o ator não se arrisca a apontar o segredo do sucesso e da longevidade da franquia sobre mortos-vivos, mas tenta justificar o fascínio que o público tem por tramas pós-apocalípticas. "Contamos histórias assim desde antes da Bíblia. Todo mundo quer saber o que acontece depois da morte. E um apocalipse assim faz com que você se questione: 'Estou vivendo mesmo ou apenas sobrevivendo?'", provoca.
O terceiro episódio de World Beyond vai ao na próxima segunda (19), às 22h, no canal AMC. Na sequência, será exibido o segundo episódio da sexta temporada de Fear the Walking Dead.
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