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Gritaria, abuso e invasão de fã: Anitta justifica cenas polêmicas de série da Netflix

DIVULGAÇÃO/NETFLIX

Anitta durante ensaio de show para seu Anitta: Made in Honório

Anitta durante ensaio de show para seu Anitta: Made in Honório; cantora já esperava pelo cancelamento

ELBA KRISS

elba@noticiasdatv.com

Publicado em 17/12/2020 - 19h00

Anitta já sabia que sua série na Netflix geraria debates e até mesmo seu cancelamento nas redes sociais. Anitta: Made In Honório estreou na plataforma na quarta-feira (16) e expôs a personalidade da funkeira, ou melhor, de Larissa de Macedo Machado como artista, filha, amiga e chefe. O público se deparou com desabafos de um abuso na adolescência, a invasão de uma fã em sua casa e gritos com os funcionários. "O ser humano é assim: tem falhas e acertos. Não precisa concordar com tudo", justifica a poderosa.

"Na primeira série [Vai, Anitta, de 2018], era mais a gente falando como sobre eu fiz para internacionalizar minha carreira. Desta vez, estamos contando mais sobre mim como pessoa, os bastidores e cada aspecto da Anitta. Da Anitta personagem e da Larissa por trás da personagem", completa.

A artista admite que, ao se ver na produção, se espantou com as próprias atitudes. "Tem uma parte que eu assisto e falo: 'Meu Deus, que coisa horrível'", confessa. No entanto, foi um pedido dela exibir suas qualidades e defeitos sem cortes. "A única coisa que pedi é que mostrassem o motivo dos meus surtos", completa.

Retratada como uma chefe exigente, uma empresária que não esconde insatisfação e uma artista intolerante, a cantora não teve medo de mostrar suas imperfeições. Ela diz que sabe que há erros em suas ações, mas acredita que também há acertos. A cantora acha que conseguiu provocar debates sobre muitos acontecimentos retratados na série.

"É difícil eu ser a pessoa que fala: 'Não vou mostrar'. Normalmente, é o meu assessor. Ele fala 'não'. Sou uma pessoa que não tem esse filtro. Pelo contrário, preciso ter uma equipe para ficar de olho por mim. As perguntas que fazíamos eram: 'Vai ser legal na série?', 'É bom para a galera assistir?', 'Prejudica minha carreira em algum ponto?', 'Isso muda a vida das pessoas de alguma maneira?', 'Pode impactar de maneira positiva?'", detalha.

"Como sempre, tentamos usar meu nome, força e grandiosidade do meu trabalho para fazer diferença na vida das pessoas. Essas eram as perguntas que fazíamos na hora de colocar ou não [na série]", explica.

Estupro na adolescência

Logo no primeiro episódio de Anitta: Made In Honório a cantora abordou um tema delicado. Sozinha em um quarto, sem as câmeras da Netflix, ela revelou que foi estuprada aos 14 anos por um namorado. Do trauma, criou a personagem Anitta, uma mulher forte que ninguém mais poderia machucar.

"Desde que eu comecei minha carreira, eu não me sentia confortável de explicar [isso]. As pessoas me perguntavam como criei essa personagem, de onde veio toda essa personalidade da Anitta. É uma história triste, mas ao mesmo tempo, vai fazer muito sentido para todo mundo. Foi uma coisa que demorei bastante para decidir [contar]", admite.

Para isso entrar na série, ela teve o apoio da família, dos amigos e da equipe. "Sentei eu, minha família e minha assessoria para ver se a gente colocava isso como público ou não. Fizemos isso em 20 mil mãos e com muito cuidado", revela.

Gritaria como chefona

Um dos pontos mais comentados da série documental é a versão chefe de Anitta. Em determinada cena, ela grita com seus funcionários por estar sem figurino para o Rock in Rio. Anitta é a patroa que procura a equipe de madrugada, delega funções tidas como impossíveis e manda áudios com palavrões. A cantora se define como uma pessoa perfeccionista --quando o bom não é suficiente, ela é rígida.

"[Perfeccionismo] Atrapalha e ajuda. É bom em vários aspectos, mas é ruim em outros. A série mostra bastante isso. Mas é uma série que não é só para quem é meu fã. É para qualquer pessoa que, talvez, queira entender do mundo da música ou do show business, de como liderar ou de como não liderar. Toca bastante nessa tecla de eu ser perfeccionista e impaciente", reconhece.

"Sempre que iam entrevistar meus funcionários ou família, eu pedia: 'Pergunta qual é meu defeito e o meu ponto ruim'. Senão ficaria só gente puxando meu saco e ninguém quer ver isso. A gente quer ver qualidades e defeitos. E muitos batem nessa tecla do perfeccionismo, de eu querer que todo mundo tenha o raciocínio rápido. Às vezes, é bom. Às vezes é ruim. Muita coisa eu conquistei, e muita coisa eu posso ter perdido por causa disso", admite.

Relacionamento abusivo

Renan Machado, irmão e diretor executivo de Anitta, chega a ficar com voz embargada ao falar em seu depoimento que uma das falhas da irmã é não elogiar ou agradecer quando algo dá certo. O quase choro é uma prova de que nem a família escapa da ira de Larissa. "Um dos piores defeitos, e quem trabalha com ela sofre, é que ela não saber demonstrar que gosta do teu trabalho", diz.

Ao telespectador, Anitta é vista como uma pessoa que maltrata os funcionários. Para ela, até mesmo momentos assim serviram para uma reflexão. Ela passou a pensar em relacionamento abusivo.

"Relacionamento abusivo não é só em namoro. Pode ser em amizades ou na profissão. Hoje em dia identifico muito mais e também me policio. Porque, às vezes, a gente tem comportamentos que podem não ser legais", reflete.

"Meu irmão fala sobre isso na série. Ele fala bastante sobre como eu tinha dificuldade em demonstrar minha satisfação e o meu carinho. Hoje em dia, melhorei e aprendi a expor quando estou satisfeita ou quando alguém acerta, e fazer a pessoa sentir que fez um bom trabalho", diz.

Invasão de fã e piti

Um dos episódios favoritos da própria Anitta é o que mostra os bastidores de um grande espetáculo. Na narrativa, o telespectador é levado para os preparativos da apresentação dela no Rock in Rio em 2019. Dias antes, ela se vê sem figurino para o palco. O chilique é certo.

No comando da situação, passa a cuidar da aprovação das peças diretamente de sua casa, no Rio de Janeiro. Com a equipe reunida na sala, ela se depara com uma fã sentada em seu sofá. "Tia Ilza? O que Tia Ilza está fazendo aqui dentro, gente?", indaga. A fã, no caso, é uma senhora que foi levar um presente para a cantora. Confundida com uma costureira, entrou no condomínio e sentou na mansão à espera da artista. A falha na segurança tirou o sossego da artista.

"De repente, eu olho para uma pessoa, uma senhora de idade sentada no meu sofá. Era uma fã do início da minha carreira. Trato ela com carinho, claro. Mas segundos depois subo com ódio no coração e pergunto para todo mundo o que uma fã estava fazendo dentro da minha casa no dia do Rock in Rio! Dou um surto com toda a minha equipe", relembra.

Durante a edição da série, a funkeira foi questionada se deveria exibir ou não a invasão da fã. "Falaram: 'Os fãs vão te odiar' e 'tadinha da dona fulana'. Tadinha de mim! Eu estou na minha casa, o único lugar que tenho para ter a paz do senhor Jesus. Estou na minha casa de pijama, no dia do show e sem roupa. Olho e tem uma fã dentro da minha casa! Fiquei louca", explica.

"Vai dividir opiniões. Metade das pessoas vão falar: 'Caramba, entrar na casa dela é demais'. E tem gente que vai falar: 'Que horror! Tadinha da fã'. Mas vocês têm que contextualizar que, diante de 50 milhões de fãs, eu reconheci uma fã. E eu sabia o nome dela! Só que, caramba, entrar na minha casa? Vocês estão de sacanagem (risos)", reclama.

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