PASSAPORTE PARA LIBERDADE
FOTOS: JAYME MONJARDIM/TV GLOBO
Aracy de Carvalho (Sophie Charlotte) em Passaporte para Liberdade; minissérie estreia na segunda (20)
Aracy de Carvalho (1908-2011) viveu durante muitos anos à sombra do sucesso do marido, o escritor Guimarães Rosa (1908-1967), mas vai ter sua história contada em Passaporte para Liberdade. A minissérie da Globo, que estreia na próxima segunda (20), mostrará em oito capítulos como o "anjo de Hamburgo" ajudou a salvar dezenas de judeus dos campos de concentração nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A trama vai se desenvolver a partir do encontro da poliglota, interpretada por Sophie Charlote, com o autor de Grande Sertão: Veredas pelos corredores do consulado do Brasil em Hamburgo. Ela havia se mudado anos antes, em 1935, para a Alemanha com o filho debaixo do braço depois de ter se divorciado do primeiro marido.
Rosa, que será vivido por Rodrigo Lombardi, terá sido convocado para ocupar o cargo de cônsul-adjunto no órgão, interessando-se rapidamente por Aracy. Ela não tardará em revelar ao literato o seu esquema com o amigo e cúmplice Hardner (Stefan Weinert) para facilitar a fuga de famílias judias para o Brasil.
A produção vai personificar os nazistas e seus horrores por meio de Thomas Zumbkle (Peter Ketnath), um capitão da Schutzstaffel (Tropa de Proteção, a SS, em alemão) de Adolft Hitler (1889-1945). Ele ficará obcecado pela personagem de Sophie Charlotte, colocando em risco todo o plano humanitário.
Passaporte para Liberdade estava nos planos da Globo para chamar a atenção do mercado internacional desde 2019, mas a emissora foi obrigada a adiar as gravações por conta da pandemia de Covid-19. Inicialmente, a ideia era apenas restringir a participação de atores estrangeiros por conta dos fechamentos das fronteiras, mas o prolongamento da crise sanitária paralisou a obra como um todo.
Guimarães Rosa e Aracy na minissérie da Globo
A Aracy que inspirou a minissérie de Mário Teixeira também atendia pelo sobrenome de Moebius. Ela morreu em São Paulo, aos 102 anos, como um dos poucos brasileiros a receber o título de Justos entre as nações –dado pelo estado de Israel a pessoas que arriscaram suas vidas para salvar judeus do Holocausto.
Ela é considerada uma heroína, apesar das controvérsias entre os historiadores por burlar a Carla Secreta, documento expedido pelo governo de Getúlio Vargas (1882-1954) que proibia a imigração de judeus para o Brasil. Na época, o presidente brasileiro mantinha estreita relações com o duce (líder, em italiano) Benito Mussolini (1883-1945).
Aracy misturava os documentos de judeus em meio aos de outros estrangeiros, para que o cônsul da época os aprovasse em perceber. Ela também não identificava os passaportes com a letra "j", distinção imposta aos que eram perseguidos pelo regime nazista.
A intelectual também se posicionou contra a Ditadura Militar (1964-1885), ajudando a esconder inimigos políticos do regime, como o cantor Geraldo Vandré. Ela, posteriormente, desenvolveu doença de Alzheimer e morreu sem se lembrar de boa parte de suas ações.
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