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Cláudio Brandão (Eduardo Moscovis) em Bom Dia, Verônica; policial sequestra e tortura vítimas
Bom Dia, Verônica completa dois anos da estreia de sua primeira temporada em 1º de outubro. Baseada no romance homônimo de Ilana Casoy e Raphael Montes, a série, dirigida por José Henrique Fonseca, é marcada até hoje por cenas de dominação e tortura, técnicas que exigiram da produção e do elenco preparação especial para irem ao ar.
O Notícias da TV conversou com o produtor cultural Heitor Werneck, que atuou na obra como consultor das cenas de bondage (prender e amarrar parceiros na hora do sexo) e disciplina, dominação e submissão, sadomasoquismo e outros tipos de comportamento sexual humano relacionados, conhecidos pela sigla BDSM.
Ele contou que escolheu uma equipe de suspensão corporal do Rio de Janeiro para a apresentar a técnica aos envolvidos. O ato consiste em pendurar o corpo usando ganchos passados por meio de perfurações na pele. "Fiz execução de filmes, mostrei a cela e vídeos experimentais para que eles criassem noção de espaço de luz", explicou o profissional.
Ao longo de sua trajetória, o produtor já havia trabalhado, na ficção, com a prática nas séries Mandrake (2005-2007) e PSI (2014-2019), na HBO; e na novela A Viagem (1994), na Globo, além de peças de teatro e exposições.
Em Bom Dia, Verônica, o policial militar e serial killer Brandão (Eduardo Moscovis) sequestra mulheres para matá-las. Antes disso, ele tortura as vítimas, perfurando-as e suspendendo seus corpos. Entre as pessoas que entram em sua mira está Janete (Camila Morgado), a própria mulher.
Os rituais são feitos dentro de um bunker, forte estrutura construída embaixo da terra. Para a caracterização do cenário, Werneck passou também por conversas com a equipe de fotografia e cena e também figurino. Com o elenco, detalhes das práticas sexuais não ficaram de fora.
"Tive que ensinar o Eduardo Moscovis como realizar as perfurações, como se pega na pele para enfiar as agulhas como se amarra e suspende", lembrou o consultor. Ele também atuou na preparação ao lado de Camila Morgado. "Para ela mostrei como é a postura de quem é suspensa, envolvendo detalhes como a reação que se tem".
Na gravação das cenas de suspensão corporal, a série contou com dublês, que foram realmente perfuradas e suspensas. "Houve, claramente, toda uma preparação e um cuidado para não acontecer desmaios e nem gritos nas cenas de dominação, pois é uma realidade no universo BDSM, considerada hard até para os praticantes", disse o profissional.
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Cena de Bom Dia Verônica
De acordo com Werneck, na vida real, a prática e o interesse por BDSM refletem as relações que usamos no dia a dia. "Algumas pessoas têm um excesso de autoridade na vida que só disfarça a vontade de ser dominado na cama", exemplifica.
Idealizador do Projeto Luxúria, que uma vez por mês reúne o público para um evento com roupas que representem o seu fetiche sexual ou comportamental, ele conta que muitas autoridades como advogados, promotores e juízes, que costumam participar do ato em posições submissas.
"Casais também costumam inverter na hora do sexo. Às vezes a pessoa é ativa no dia a dia e completamente submissa na cama ou o contrário", contou o produtor cultural, que classificou o BDSM como "o lado instintivo da pessoa que é reprimido sexualmente".
[Atenção: Contém spoilers da primeira temporada de Bom Dia, Verônica abaixo]
A trama da primeira temporada de Bom Dia, Verônica conta a história de Verônica (Tainá Müller), uma escrivã da delegacia de homicídios que presencia um suicídio suspeito no local de trabalho. A funcionária se revolta com o pouco caso do delegado Wilson Carvana (Antônio Grassi), que também é seu padrinho e não move um dedo pela investigação.
Ao fazer uma busca paralela, a protagonista se depara com a existência de um serial killer que abusa sexualmente de mulheres antes de matá-las. Seguindo seus instintos, Verônica descobre que o criminoso é o policial Carlos Brandão, protegido por uma rede corrupta dentro da polícia.
Como todo assassino em série, Brandão agia seguindo um padrão: captava mulheres solitárias e recém-chegadas na cidade e em busca de emprego. A abordagem era feita por sua mulher, Janete, a quem ele obrigava a sequestrar as vítimas e ouvir toda a tortura de dentro de uma caixa.
A escrivã torna-se aliada da mulher do policial e descobre que seu pai, Júlio (Cássio Pandolfi), também investigava o mesmo caso quando foi acusado de matar a própria mulher e terminou em estado quase vegetativo em um asilo.
Sem acreditar que o pai era um assassino, Verônica seguiu o rastro da investigação e descobriu uma máfia, ligada ao orfanato Cosme e Damião, com policiais corruptos. Entre eles estavam Brandão e Carvana.
[Atenção: Contém spoilers da segunda temporada de Bom Dia, Verônica abaixo]
Na segunda temporada, a série segue na luta contra o abuso sexual e o sistema corrupto da polícia, mas aborda também uma igreja falsa que explora a fé dos fieis em um esquema de tráfico humano.
Os capítulos começam com Verônica na cola da máfia que ela descobriu ao tentar deter Cláudio Brandão. A ação toma conta da cena, com perseguição e tiroteio.
Com a nova identidade após forjar a morte, a escrivã tenta juntar o máximo de provas possível para desmantelar o sistema e chegar no chefão da máfia, Matias Carneiro (Reynaldo Gianecchini). O problema é que ele lidera uma falsa igreja e abusa da fé de fieis como fachada, tendo assim apoio popular.
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