PREPARAÇÃO PICANTE
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Malthus (Rodrigo Santoro) e Hilda Furacão (Ana Paula Arósio); série da Globo contou com preparação
O Dia do Sexo é comemorado nesta terça (6) no Brasil. Na ficção, a prática é um dos assuntos responsáveis por impulsionar a repercussão de novelas e séries da TV e do streaming. Para levar o tema até o telespectador, é necessária muita preparação por parte de toda a equipe. E muito antes das gravações.
O Notícias da TV conversou com o produtor cultural Heitor Werneck, que atua como consultor de cenas de sexo na teledramaturgia há mais de três décadas. De acordo com o profissional, é fundamental levar informações relacionadas ao universo desde o diretor, passando pelo elenco, até as equipes de figurino e de arte.
Na Globo, ele contribuiu em novelas como A Viagem (1994). No remake de Ivani Ribeiro (1922-1995), Werneck foi quem deu maiores detalhes a cenas de Alexandre (Guilherme Fontes) em meio a práticas sexuais no plano espiritual.
Três anos antes, ele iniciou no universo dos folhetins ao produzir figurinos fetichistas para Vamp (1991). "Eu desenvolvia roupas em látex, vinil e couro e a partir daí levei o vinil e o fetiche para outros trabalhos, como Olho por Olho [1993], Cara e Coroa [1995], Hilda Furacão [1998] e Pecado Capital [1998]", lembra Werneck.
Nos últimos anos, o profissional prestou consultorias para séries que abordaram a vida sexual e o fetichismo, como Mandrake (2005-2007), PSI (2014-2019), na HBO; e Bom Dia Verônica (2020-2022), na Netflix. Fora da telinha, o universo do cabaré e a realidade das prostitutas já foram retratados por ele em eventos como a Virada Cultural.
Em seu trabalho, ele já teve que lidar também com a introdução de atores e atrizes ao universo de profissionais do sexo, além de assuntos mais específicos como o mundo dos dominadores ou submissos.
Para ele, o que não pode faltar em uma cena de sexo na teledramaturgia é a espontaneidade da sedução, seja nas cenas ou no figurino. Um dos segredos para o consultor é explorar o corpo com luzes e sensualidade natural. "A melhor maneira de se retratar o sexo na TV é quando os diretores transformam o erotismo e o ato sexual em arte", avalia Werneck.
O especialista também ressalta que a informação deve ser indispensável nas abordagens televisivas sobre o sexo. "Tanto o uso de preservativo e os cuidados como as relações amorosas que respeitam todo o corpo precisam estar ali, não só o ato da cópula", aponta.
"O sexo é muito importante na vida diária e deveria ser mostrado como arte. A arte erótica é educativa e diz muito sobre o empoderamento do corpo e o respeito, seja LGBT, cis, plus sexos, intergêneros, inter-raciais", afirma.
Segundo Werneck, TV brasileira está cada dia mais "retrógrada" em relação ao sexo.. O especialista analisa, por exemplo, que dificilmente é transmitida uma cena de sexo com personagens transexuais ou intergêneros.
Mesmo no sexo entre personagens heterossexuais, ele aponta que muitas vezes a abordagem acaba sendo apelativa. "Cenas de sexo ou personagens sexuais são sempre marginais, como o estupro e poucas vezes mostrada com naturalidade e ou poesia", critica.
Segundo ele, o sexo a vida sexual dos personagens deveria ser apresentada como uma realidade vivida na sociedade:
O sexo na TV vem de prostitutas, malfeitores ou rivais. O personagem bonzinho nunca faz sexo e muitas vezes faz quando é violentado. Estes personagens vivem numa esfera assexualizada e o sexo parece um castigo quando vivido por eles.
De acordo com ele, serviços como o uso de preservativos, prevenção a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e formas contraceptivas de fácil acesso também poderiam ter mais espaço na telinha.
Além de produtor cultural, Heitor Werneck é estilista e figurinista. Ele é responsável por grifes como Escola de Divinos e Pulgueiro, evento que reúne diversas formas de expressões artísticas, como moda, música, design, artes e filmes.
No universo sexual, ele é o idealizador do Projeto Luxúria, que uma vez por mês reúne o público para um evento com roupas que representem o seu fetiche sexual ou comportamental. A festa já passou pelo Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Campinas.
DIVULGAÇÃO
Heitor Werneck
Apesar de não constar no calendário oficial de datas comemorativas do Brasil, o Dia do Sexo nasceu por meio de uma campanha de marketing de uma marca de preservativos.
Além de celebrar o ato e discutir o tema como forma de quebrar um antigo tabu, a data tem como objetivo conscientizar sobre a importância do sexo seguro.
O dia 6 de setembro foi escolhido pela junção dos números "6" e "9", formando assim o "69" --expressão que se refere a uma posição sexual bastante popular. A prática sexual, quando feita com segurança, traz, de acordo com especialistas da área de saúde, uma série de vantagens. Entre elas, benefícios relacionados à pele, coração e sistema imunológico.
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