NADA DE LEGENDAS
Divulgação/RCN e Divulgação/ABC
As atrizes Ana María Orozco e America Ferrera, a Betty a Feia da Colômbia e dos EUA, respectivamente
O público norte-americano, em sua maioria, parece desconectado do resto do mundo. Acompanhar filmes ou séries de outras línguas, com legendas, é uma ideia inconcebível por lá. Assim, muitas obras que fazem sucesso em outros países só chegam aos Estados Unidos se forem adaptadas por uma equipe local --e, claro, falada em inglês. Na TV, foi assim com Ugly Betty (2006-2010) e com a atual The Good Doctor, por exemplo.
O tema das adaptações voltou aos holofotes no último domingo (5), quando o diretor sul-coreano Boon Joon-ho causou comoção ao receber o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro pelo elogiado Parasita. "Quando vocês superarem essa barreira de dois centímetros que é a legenda, vão conhecer muitas obras incríveis", incentivou.
A dica, aparentemente, não deu muito certo: a HBO comprou os direitos do longa da Coreia da Sul para produzir um remake norte-americano em formato de minissérie. É um projeto que chega à TV com pedigree: Parasita já ganhou a Palma de Ouro no festival de Cannes e está bem cotado para o Oscar --os indicados ao prêmio máximo do cinema serão anunciados na segunda-feira (13).
É um processo que outros projetos estrangeiros tiveram de passar para chegar ao público dos Estados Unidos. Até a brasileiríssima Como Aproveitar o Fim do Mundo (2012), exibida pela Globo, foi adaptada em inglês como No Tomorrow (2016-2017).
Confira sete séries de outras línguas que ganharam remake em inglês:
DIVULGAÇÃO/ABC
O britânico Freddie Highmore é o protagonista da versão norte-americana de Good Doctor
A atração sobre o médico Shaun Murphy (Freddie Highmore), que tem autismo e síndrome de Savant, é uma das maiores audiências da TV norte-americana. Trata-se de uma adaptação de Gut Dakteo, exibida em 2013 pela rede sul-coreana KBS. A série original chamou a atenção do ator Daniel Dae Kim (de Lost), que comprou os direitos para a sua produtora e negociou com a ABC uma versão em inglês. Dae Kim participou da segunda temporada como um médico que confronta Shaun.
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Joshua Sasse e Tori Anderson foram as versões gringas de Danton Mello e Alinne Moraes
Mesmo sem ter muita repercussão na Globo, a brasileira Como Aproveitar o Fim do Mundo (2012) foi parar na TV americana, devidamente adaptada para a cultura de lá e com o título de No Tomorrow. Para os papéis de Danton Mello e Alinne Moraes, a rede nanica The CW escalou os pouco expressivos Joshua Sasse e Tori Anderson. Por lá, fracassou: foi a segunda série menos vista da temporada 2016-2017 e chegou ao fim depois de apenas 13 episódios.
DIVULGAÇÃO/HBO
Gabriel Byrne interpretou o psicoterapeuta Paul Weston em três temporadas de In Treatment
Um país pequeno, com pouco mais de 9 milhões de habitantes, Israel se tornou uma potência mundial na exportação de formatos. De lá saíram realities como The Four, SuperStar e atrações de ficção que inspiraram as premiadas Euphoria, Homeland e a pioneira In Treatment (2008-2010). Baseada em BeTipul (2005-2008), a série da HBO tinha Gabriel Byrne como um psicoterapeuta que a cada dia da semana recebia um paciente. No Brasil, Selton Mello transformou o formato em Sessão de Terapia.
REPRODUÇÃO/ABC
America Ferrera ganhou o Emmy e o Globo de Ouro pela interpretação da feiosa Betty Suarez
Exibida pela colombiana RCN entre 1999 e 2001, a novela Yo Soy Betty, la Fea se tornou um fenômeno mundial. A história de uma moça feiosa que começa a trabalhar em uma badalada revista de moda fez muito sucesso em sua versão original e ganhou adaptações pelo mundo todo.
Nos EUA, a rede ABC produziu Ugly Betty (2006-2010), ganhadora do Emmy e do Globo de Ouro. No Brasil, a Record também entrou na onda e produziu Bela a Feia, com Giselle Itié no papel principal. Já o SBT vai exibir a novela norte-americana Betty a Feia em Nova York (2019), voltada para o público hispânico, a partir do dia 27.
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A atriz brasileira Chrysti Ane Lopes foi uma das heroínas da gringa Power Rangers Ninja Steel
A TV japonesa tem entre suas atrações mais populares o gênero super sentai, que desde 1975 conta histórias sobre jovens escolhidos para defender o planeta de seres malignos usando superpoderes para se transformarem em heróis coloridos. Parece familiar? O produtor Haim Saban comprou a ideia e a levou para os EUA a partir de 1993 com o título Power Rangers.
Por lá, são misturadas cenas dos atores que falam inglês com sequências japonesas dos monstros e robôs gigantes lutando entre prédios de isopor e cartolina. Fãs da Manchete vão se lembrar de algumas atrações japonesas do gênero, como Goggle-V (1982), Changeman (1985) e Flashman (1986).
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Demián Bichir e Diane Kruger interpretaram policiais de lados opostos da fronteira EUA-México
Quando um crime acontece bem na divisa entre dois países, quem fica a cargo da investigação? Uma coprodução da Suécia com a Dinamarca, Bron/Broen (2011-2018) contava a história de dois policiais que precisavam investigar um cadáver encontrado exatamente na metade da ponte que liga os dois países.
A atração ganhou uma adaptação norte-americana, The Bridge (2013-2014), sobre a fronteira dos Estados Unidos com o México. Já o Eurotúnel, que liga a França e a Inglaterra, serviu de cenário para a franco-britânica The Tunnel (2013-2017).
REPRODUÇÃO/THE CW
Justin Baldoni e Gina Rodriguez incorporaram o dramalhão latino na premiada Jane the Virgin
Uma jovem é surpreendida com a notícia de que está grávida mesmo sem nunca ter feito sexo. Enquanto alguns acreditam que ela é uma nova versão da Virgem Maria, Jane (Gina Rodriguez) descobre que foi vítima de um erro médico e que seu prontuário foi trocado com o de uma mulher que queria fazer inseminação artificial.
Parece trama de novela latina? Pois é mesmo. Jane the Virgin (2014-2019) adapta a venezuelana Juana la Virgen (2002), que partia de uma premissa similar. A versão norte-americana foi um sucesso de crítica e rendeu um raro Globo de Ouro para a nanica The CW pela elogiada interpretação de sua protagonista.
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