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Drama da Netflix

De comédia a denúncia social: Por que ver o final de Orange Is The New Black?

Imagens: Reprodução/Netflix

Diane Guerrero na sétima temporada de Orange Is the New Black; série diverte e faz denúncia social - Imagens: Reprodução/Netflix

Diane Guerrero na sétima temporada de Orange Is the New Black; série diverte e faz denúncia social

JOÃO DA PAZ

Publicado em 30/7/2019 - 5h16

Carro-chefe da Netflix, Orange Is the New Black (2013-2019) deixou como legado uma temporada politizada, divertida, crítica e imperdível. Na derradeira leva de episódios, que estreou na última sexta-feira (26), o drama bateu pesado em Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, colocou sua protagonista em situações cômicas e fez denúncias.

Atual e conectada com a realidade, Orange espelha em sua história perrengues factuais que pessoas de outras nações sofrem em território norte-americano. A série aproveita para denunciar e levantar bandeira contra a política imigratória de Trump.

Em busca da reeleição, a ser votada no ano que vem, Trump turbina ações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega, na sigla em inglês) para retirar do país quem vive na clandestinidade. E, assim, agradar à base do seu eleitorado, cumprindo promessa de campanha. Agentes do ICE entram em cena e viram personagens na série, em trama contada pelo ponto de vista de duas personagens conhecidas do público.

Blanca Flores (Laura Goméz), de origem dominicana, e Maritza Ramos (Diane Guerrero), de família colombiana, centralizam a narrativa sobre as imigrantes ilegais. Pegas pelo ICE sem documentos que provariam se são americanas ou ao menos naturalizadas, elas são levadas para um outro centro de detenção.

Diferentemente de qualquer outra cadeia, as imigrantes encarceradas são privadas de direitos básicos, como advogados e telefonemas (precisam pagar para fazer uma ligação, por exemplo). Elas dormem em treliches, têm zero contato com o mundo externo e comem alimentos vencidos. Algumas passam pelas chamadas jaulas, locais que a mídia já mostrou em seus noticiários.

Com Blanca (Laura Gómez), Orange mostra as jaulas exibidas em destaque nos noticiários

Tolerância zero com imigrante

Orange dedica boa parte do tempo para contar o que está por trás da vida de Blanca e Maritza. É uma chance de o público conhecer um lado mais intimista do sofrimento pelo qual passam pessoas que estão há anos nos EUA, mas que por um motivo ou outro não estão em dia com as respectivas documentações.

Como Trump age na base da tolerância zero, os agentes da ICE capturam quem está irregular, sem negociação. E, na menor das brechas, devolvem os imigrantes aos países de origem.

Enquanto acompanha a jornada dessas e de outras personagens, Orange faz ataques explícitos a Trump. Nicky Nichols (Natasha Lyonne), uma das personagens mais bocudas da série, discute com a amiga Lorna Morello (Yael Stone) a base da sociedade americana, composta justamente de imigrantes (caucasianos vindo da Europa) que atracavam em Nova York. Nicky pontua uma diferença entre o distante século 19 e os tempos atuais.

"Naquele tempo, era impensável imaginar que os Estados Unidos iriam se tornar um regime fascista, com só um partido no comando [o Republicano] que apoia um radical [líder] autoritário", disse a loira no quarto episódio, em uma clara referência a Trump e sua base política conservadora.

Sem papas na língua, Orange é categórica em culpar Trump e o Partido Republicano pelos maus-tratos e pela injeção de um medo entre os imigrantes que vivem nos EUA, sem importar de qual nacionalidade, se estão legais ou não.

Longe da cadeia, Piper (Taylor Schilling) ganha uma história de readaptação à sociedade


Alívio cômico

Entre tantas histórias pesadas e tristes, Orange Is the New Black utiliza sua protagonista como alívio cômico. No começo de tudo, a loira Piper Chapman (Taylor Schilling) era aquela mimada clássica e ingênua que caiu em uma cadeia cheia de criminosas e comeu o pão que o diabo amassou (ou melhor, um com absorvente usado de recheio). Após cumprir sua pena, ela está livre e sofre na readaptação.

Piper precisa andar na linha para não voltar à prisão: nada de drogas ou bebidas alcoólicas. Tem de achar um emprego e ficar longe de problemas. Orange pega essa situação para colocá-la em enrascadas, de confusões no trabalho a uma estratégia para burlar exames de urina, que ela tem de fazer para provar que está limpa.

Essa separação acaba sendo boa para a produção. Piper, que apenas serviu como um atrativo dentro da série, sustentada verdadeiramente em sua imensidão de personagens, funciona bem com suas trapalhadas, longe das tramas mais cabeçudas e engajadas da sétima e última temporada.

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