Não é o vilão
Reprodução/TV Globo
Renato Aragão se emociona durante aparição no Criança Esperança: ele é acusado de passar a perna nos colegas
ANA CORA LIMA
Publicado em 30/7/2019 - 5h19
Renato Aragão está decepcionado com o documentário Trapalhadas sem Fim, ainda sem previsão de estreia. O eterno Didi conta que tomou conhecimento de que estaria sendo pintado como vilão no projeto do diretor Rafael Spaca, ao ser acusado de ter passado para trás Dedé, Mussum (1941-1994) e Zacarias (1934-1990), seus ex-colegas de Os Trapalhões.
"Não é verdade que eu tenha levado vantagem em cima dos meus companheiros. Tínhamos uma relação comercial, mas éramos muito amigos", desabafa Aragão em entrevista ao Notícias da TV.
O humorista faz questão de explicar como funcionava a divisão dos lucros do quarteto. "Todos os projetos eram frutos de negociações contratuais. A RA Produções era a responsável pelo investimento, pela produção, pelo meu trabalho artístico e autoral, e pela contratação dos outros parceiros. No caso do Dedé, Mussum e Zacarias, a contratação era feita por meio da empresa deles, a Demuza."
Aos 84 anos, Aragão diz que não entende o motivo que levou alguns de seus ex-companheiros de trabalho a participarem de um documentário que, na sua opinião, visa apenas manchar a história de Os Trapalhões, que começou com sua formação mais famosa em 1974 e durou até 1995, após a morte de Zacarias e Mussum.
"Somos o grupo de comediantes de maior longevidade, aparecendo inclusive no Guinness Book [o Livro dos Recordes]. Nós nos orgulhamos de nossa história. Se houve alguma desavença, é porque somos humanos, e isso acontece a qualquer grupo, em qualquer tipo de relacionamento", minimiza Aragão.
O humorista, que não assiste mais a programas humorísticos na TV, confirma que pretende entrar na Justiça caso o documentário faça acusações consideradas falsas. Ele ainda nega que tenha pedido para que algumas pessoas próximas, e até mesmo ex-parceiros, não colaborassem mais com o diretor da série documental, conforme uma denúncia feita pelo próprio Rafael Spaca.
Lílian Aragão, a mulher de Renato, explica a polêmica. "As pessoas nos ligaram perguntando sobre o filme, e nós falamos que não tínhamos nada a ver com esse projeto, com essa 'homenagem', como ele apresenta no primeiro contato. Se as pessoas não quiseram mais falar [com Spaca], não podemos fazer nada."
Em entrevista ao Notícias da TV, Spaca explica que Trapalhadas sem Fim é uma série documental em cinco episódios, que está pronta e à espera de uma emissora que compre os direitos de exibição. O diretor conta que foram oito anos de trabalho, que renderam mais de 70 horas de material bruto em 62 entrevistas.
A produção faz um panorama da trajetória dos Trapalhões desde o início dos anos 1960 até as gravações de Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood (2017).
"O que eu posso dizer é que 80% dos depoimentos são elogios ao grupo, à trajetória do quarteto. Mas o que chama a atenção dos jornalistas são esses 20% que revelam algumas polêmicas, e é isso que gera notícia, desperta a curiosidade das pessoas. Esse percentual bate forte no Didi", reconhece o diretor.
"Os boatos de que o Renato era o vilão do grupo sempre rondaram Os Trapalhões e agora, com o documentário, essa boataria vai acabar. Vamos mostrar quem ele era. Não é achismo. São depoimentos de pessoas que testemunharam fatos."
Spaca ainda reafirma que Xuxa Meneghel e Roberto Guilherme, o Sargento Pincel, desistiram de participar do documentário a pedido de Renato Aragão. "Estava quase tudo certo para a Xuxa falar com a gente. Mas ela entrou em contato com o Renato e não falou mais. Se ela diz que é mentira, então eu faço aqui o pedido de entrevista para falar de Os Trapalhões", encerra ele.
Os Trapalhões foi um dos grupos humorísticos mais importantes de televisão brasileira. Em 1966, na extinta TV Excelsior, Renato Aragão criou seu primeiro programa no gênero, Os Adoráveis Trapalhões, onde contracenava com Wanderley Cardoso, Ivan Curi e Ted Boy Marino. Dedé Santana participava de alguns episódios.
Em 1972, já na Record, com o nome de Os Insociáveis, a então dupla Didi e Dedé fez bastante sucesso e acabou virando um trio com a entrada de Mussum no ano seguinte.
Em 1974, o programa mudou de emissora e de nome também. Os Trapalhões viraram a atração principal da grade da TV Tupi e ganhou um novo integrante, Zacarias. Em 1977, o quarteto foi contratado pela Globo e passou a ser um dos maiores sucessos da rede durante mais de uma década.
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