ÚLTIMO EPISÓDIO DA TEMPORADA
MAURÍCIO FIDALGO/TV GLOBO
Marjorie Estiano recebe consultoria do médico Márcio Maranhão durante as gravações de Sob Pressão
MÁRCIA PEREIRA, no Rio de Janeiro
Publicado em 25/7/2019 - 5h07
A terceira temporada de Sob Pressão termina nesta quinta (25), mas o anunciado encerramento já foi descartado, e a série voltará à grade da Globo em 2021. Consultor técnico, o médico Márcio Maranhão atua nos bastidores desde o filme que deu origem ao programa. Para o profissional, a boa repercussão da atração acontece porque ela tem a cara do Brasil.
A pegada realista é tão forte que ele se identifica com os problemáticos protagonistas da série: "Dá para falar que sou a doutora Carolina [Marjorie Estiano] da vida real", diz.
O Notícias da TV questiona por que ele não se vê como o médico Evandro (Julio Andrade). "Eles têm características diferentes, a doutora Carolina é um pouco mais doce em relação aos pacientes. O doutor Evandro é mais acertivo, menos doce. Ele é cético, e eu não sou tão cético", explica.
Maranhão atua em um hospital público há 26 anos no Rio de Janeiro e ajudou a construir toda a história. O filme foi livremente inspirado em seu livro, Sob Pressão, da Globo Livros, e algumas das histórias foram tiradas de casos reais que vivenciou.
O primeiro episódio da terceira temporada é um exemplo disso: assim como Carolina, ele percorreu o Rio de Janeiro com um paciente em estado grave sem encontrar uma instituição que fizesse a internação.
Amigo de colégio do diretor artístico da produção, Andrucha Waddington, o médico revela que os produtores da série tinham vontade de falar sobre saúde pública desde a época em que ele era plantonista do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e vivia entrando nas comunidades.
"Temos uma sinergia, uma troca de confiança muito grande. Meu inconformismo todo com a saúde pública encontrou um eco ali. Nomearam meu trabalho de consultor técnico, mas eu contribui com roteiro, escaleta, maquiagem...", comenta.
"Eu ia ao set para que a série pudesse mostrar para as pessoas a importância de sensibilizá-las sobre o que é a perda de um paciente. O que é você não ter condições de operar um paciente em um hospital que está caindo aos pedaços? Tenho histórias muito apaixonadas de vitórias e fracassos. De certa forma, eu consegui compartilhar com eles e participar desde o texto até a atuação."
Após anunciar que esta seria a última temporada, a Globo já está articulando a volta do seriado. Maranhão afirma que a Conspiração Filmes, produtora que executou o projeto do começo ao fim, aprendeu a fazer entretenimento e ficção de forma realista, com a "nossa cara", o que distingue a série brasileira de qualquer programa do gênero feito no exterior.
"As histórias que a gente conta são as que você encontra no hospital aqui do lado. A gente não está inventando nada. A gente tem condições indignas de trabalho. A repercussão na classe médica é muito boa, além dos estudantes de Medicina que percebem na doutora Carolina e no doutor Evandro os valores da Medicina, a essência do que é ser médico", discursa Maranhão.
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