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NOVO ACORDO

Como streamings e coronavírus livraram Hollywood de greve dos roteiristas

Reprodução/CBS

Mulher conversa com um homem branco barbudo, observado por outro rapaz, durante greve dos roteiristas de 2007

Manifestantes conversam em Los Angeles durante greve dos roteiristas de 2007

JOÃO DA PAZ

Publicado em 1/7/2020 - 12h05
Atualizado em 1/7/2020 - 13h39

O sindicato dos roteiristas americanos (WGA) e a Aliança de Produções Televisivas e Cinematográficas (AMPTP), representantes dos estúdios e produtoras, assinaram nas primeiras horas desta quarta-feira (1º) um novo acordo de três anos, que impede uma greve em Hollywood. Negociações sobre vínculos com produções de streamings e o impacto do novo coronavírus (Covid-19) influenciaram essa decisão.

O acordo saiu somente horas depois do contrato anterior expirar, no dia anterior. Segundo a Variety, os roteiristas ficaram satisfeitos com a finalização das conversas, com suas demandas mais importantes atendidas. Nenhuma das partes ainda se pronunciou oficialmente.

Foi definido um melhor modelo de trabalho com os streamings, resolvendo o problema de exclusividade que os roteiristas precisariam obedecer ao firmarem um trabalho com séries que geralmente pedem um número menor de episódios (por volta de 13) por temporada do que o padrão da TV aberta e que ainda têm um longo hiato para o lançamento de novos capítulos.

Houve também um bom acordo para elevar o salário dos roteiristas que escrevem para séries que exibem poucos episódios por temporada. O piso salarial por uma temporada completa também aumentou, passando de cerca de US$ 280 mil (R$ 1,5 milhão) para US$ 325 mil (R$ 1,75 milhão).

A pandemia do coronavírus, que fez a indústria de entretenimento parar durante três meses, teve uma influência direta nas negociações em dois aspectos. Primeiro no quesito plano de saúde, pois o sindicato exigiu uma maior e melhor cobertura para os seus integrantes, tendo em vista o impacto que a Covid-19 causou nos Estados Unidos, afetando a população que teve um acesso restrito a hospitais. 

Por lá, não há uma cobertura de saúde universal. Assim, ter um plano no mínimo razoável pode ser uma questão de vida ou morte.

Se porventura houvesse uma paralisação, os roteiristas ficariam com o filme queimado, seriam os vilões dessa trama. Pois o atual cenário nos EUA não é nada animador. O coronavírus provocou um desastre trabalhista de grandes proporções, com 40 milhões de pessoas desempregadas em apenas dez semanas. Os roteiristas não teriam a simpatia da massa, como havia ocorrido há 13 anos.

Fatia do bolo

Como no acordo anterior, fechado em 2017, os streamings foram o principal assunto na roda de negociações, seja por questões salariais ou de exclusividade.

Serviços como Netflix e Prime Video (da Amazon) encomendam séries curtas, de até 13 episódios, e o intervalo grande entre as temporadas é um obstáculo. Daí, os roteiristas ficam em desvantagem, pois recebem menos do que em uma atração da TV aberta americana, por exemplo que tem por volta de 22 episódios anuais. Corrigir isso, achando um meio-termo com os estúdios, foi prioridade.

Antes das negociações, representantes do sindicato dos roteiristas se posicionaram exaltando o crescimento dos streamings nos últimos anos, de alcance global. As plataformas geraram uma receita de US$ 37 bilhões (R$ 200 bilhões) em 2019 e podem chegar a US$ 62 bilhões (R$ 334 bilhões) em 2023. Uma estratégia para colocar pressão no outro lado.

Embora o medo de uma nova greve fosse real, revivendo o pesadelo de 2007 que parou Hollywood durante cem dias, roteiristas e estúdios apertaram as mãos. Passada essa tormenta, resta traçar os planos para retomar a indústria de entretenimento em plena pandemia.

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