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ATRIZ E PRODUTORA

Como Reese Witherspoon saiu do fundo do poço e reinventou a carreira na TV

Divulgação/Hulu

Resse Witherspoon veste uma roupa preta e está com um cabelo loiro curto em cena da minissérie Little Fires Everywhere

Reese Witherspoon em Little Fires Everywhere, drama pelo qual ela tem chance de concorrer ao Emmy

JOÃO DA PAZ

Publicado em 30/4/2020 - 5h09

Em meados dos anos 2000, a atriz Reese Witherspoon brilhava em Hollywood. Foi apelidada de "queridinha da América" pela revista Vogue e chamada de "majestosa" pela Vanity Fair. Desfrutava a fama e uma estatueta do Oscar, recebida por Johnny & June (2005). Mas daí a década virou e ela ganhou um outro rótulo, o de "ultrapassada". Então, vieram as séries de TV, uma atrás da outra, na HBO, na Apple e no Hulu. Elas a tiraram do fundo do poço.

Atualmente aos 44 anos, Reese é tão ou mais poderosa na indústria de entretenimento americana quanto fora há cerca de duas décadas, época em que inseriu na cultura pop a advogada Elle Woods, sua personagem de Legalmente Loira (2001), filme que arrecadou US$ 142 milhões (R$ 762 milhões) em bilheteria no mundo todo. Ela entra agora no período de votação do Emmy de 2020 com papéis em três séries diferentes, todos com grandes possibilidades de indicação.

A cotação de Reese em Hollywood exemplifica o quanto ela vale nesse estágio da carreira. A loira recebe US$ 2 milhões (R$ 10,7 milhões) por cada episódio de The Morning Show (Apple TV+), que está com a gravação da segunda temporada suspensa, devido à crise do novo coronavírus (Covid-19).

O posto de atriz mais bem paga da história da TV dos Estados Unidos é dividido com sua colega de série, Jennifer Aniston, a eterna Rachel de Friends (1994-2004).

O salário é estratosférico, muito acima do que se paga por aí para atores de ponta, um pouco menos do que o dobro do que cada integrante do quinteto de Game of Thrones (2011-2019) recebeu para fazer as últimas temporadas do drama da HBO. Quando é questionada sobre a bagatela que embolsa, Reese fica enfurecida.

"Parece que há um ressentimento [sobre o quanto ganho], como se eu não merecesse ou fosse algo inconveniente", desabafou em entrevista para a revista The Hollywood Reporter, em dezembro do ano passado.

"Eu garanto que essa empresas [como a Apple] são inteligentes. E se eles concordaram em pagar determinada quantia, eles estão fazendo isso por algum motivo. Eles provavelmente têm um monte de advogados e um monte de executivos que decidem sobre aquele valor, pois sabem que vão ganhar muito mais do que estão [me] pagando", falou Reese, antes de se comparar a atletas milionários da NBA (liga profissional de basquete) e deixar uma pergunta: "As pessoas se incomodam ao descobrirem quanto LeBron James ganha em seus contratos?".

divulgação/Apple

Em The Morning Show, Reese Witherspoon ganha US$ 2 milhões por cada episódio que faz


Reviravolta

A década de 2010 se encerra em alta para Reese. Mas lá no começo ela sentiu o sabor da derrota ao cair na real e experimentar o fracasso. O baque veio em 2012.

Ainda se recuperando do fim do casamento com o também ator Ryan Phillippe (do filme Segundas Intenções e da série O Atirador), a loira emplacou uma sequência de longas desaplaudidos no cinema, do naipe de Como Você Sabe (2010) e Guerra É Guerra! (2012). Para derrubá-la por completo, entrou em cena uma publicação da prestigiada revista The New Yorker.

Segundo a própria atriz, o tal texto mexeu com seus brios. O detalhe é que ela nem era o tema central da reportagem, focada no comediante Ben Stiller. Porém, em um pedaço do longo artigo, o jornalista Tad Friend colocou Reese Witherspoon na lista de atores e atrizes "ultrapassadis", que um dia fizeram sucesso, mas que naquele momento não eram mais capazes de entregarem grandes trabalhos.

"Aquilo tocou no meu sentimento, me machucou bastante", confessou Reese em uma entrevista para Charlie Rose no programa 60 Minutes, em 2014. "Mexeu com minha autoestima e me fez sentir como se eu não tivesse contribuído em nada, como se você fosse boa ou ruim baseado apenas em seu trabalho mais recente", lamentou. Para se levantar após o choro, a atriz achou a luz no fim do túnel. "[Tudo aquilo] me serviu como uma grande motivação."

Divulgação/HBO

Por Big Little Lies, Reese Witherspoon já levou para casa uma estatueta do Emmy, em 2017


Na TV

Então, Reese resolveu ela mesmo dar as cartas, fundando em 2012 a produtora Pacific Standard (atualmente chamada de Hello Sunshine), que logo de primeira soltou o filme Livre (2014), dirigido por Jean-Marc Vallée e que rendeu uma indicação ao Oscar para a loira. Mas o grande salto veio mesmo dois anos atrás.

Como produtora e com Vallée na direção, Reese levou para a HBO a adaptação do livro Big Little Lies, série na qual atuou ao lado de Nicole Kidman. Reese disputou o Emmy como atriz e ganhou uma estatueta como produtora --e tem chances reais de repetir a dose neste ano, após uma marcante atuação pela segunda temporada. Ela interpreta a líder comunitária Madeline Mackenzie, matriarca de uma família perfeita apenas na fachada. Por trás das cortinas, guarda segredos, mente e trai o marido.

No ano passado, a sua The Morning Show foi o carro-chefe do streaming da Apple, correspondendo às expectativas. Na pele de Bradley Jackson, uma repórter idealista que fica em choque ao descobrir os podres de um programa matinal, Reese foi indicada ao Globo de Ouro e não será surpresa se cravar uma vaguinha no Emmy.

Contudo, seu trabalho mais forte nesta temporada é o da minissérie Little Fires Everywhere (Hulu, inédita no Brasil), que assim como as outras duas atrações da Hello Sunshine são baseadas em um livro. Ao lado de Kerry Washington (Scandal), Reese atua como nunca na pele da jornalista Elena Richardson, que aparentemente tem uma vida ideal, sem defeitos. Tudo não passa de um jogo de ilusão, que ela mesma armou e da qual é a própria vítima.

Com produções em vitrines premium da TV, como HBO e Apple, Reese Witherspoon é um exemplo de como tirar proveito de uma oportunidade, mergulhando no mercado de séries com tudo, demonstrando uma precisão rara, sem um flop sequer. Para quem foi rotulada de atriz "ultrapassada" há oito anos, fechar a década com três dramas dignos de Emmy de uma vez só não é nada ruim.

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