Renata Peron
Divulgação/Universal TV
Renata Peron em cena como Samantha, sua personagem na série Rotas do Ódio, do Universal TV
FERNANDA LOPES
Publicado em 5/8/2019 - 4h50
Renata Peron tem várias conquistas para celebrar neste ano. Ela aparece na terceira temporada da série Rotas do Ódio, que estreou no domingo (4) no Universal TV, e também trabalha em outras áreas. Atriz, cantora, ativista da comunidade LGBTQ+, ela acaba de se formar como assistente social e conseguiu seu primeiro emprego fixo. Renata, que mora numa ocupação, também fechou a compra de sua primeira casa própria.
Ela esteve presente na coletiva de imprensa para o lançamento dos novos episódios de Rotas do Ódio, se emocionou e chorou ao falar sobre as novidades de sua vida.
"Foi muito difícil fazer universidade por conta da palavra que falta nas pessoas, 'empatia'. Mas eu consegui. Hoje sou uma assistente social. Fiquei três anos mandando currículo e agora vou trabalhar na área. É uma vitória, e a gente tem que gritar pro mundo, porque a sociedade só vê desgraça numa travesti", conta.
"É [uma conquista] chegar aos 42 anos, não ter sido assassinada aos 35, que é a média que a gente tem de vida, e ainda por cima conseguir algo que para os outros é supernormal: ter uma vida digna, moradia e emprego. Por isso é importante que [a história de vida] se reverbere, para incentivar outras meninas trans", afirma Renata.
Em Rotas do Ódio, Renata faz o papel de Samantha, uma mulher trans que trabalha no bar frequentado pelos policiais da história. Nesta temporada, a personagem dela abordará a questão da paternidade com mulheres transgênero.
A atriz foi parar na série graças a Susanna Lira, criadora e roteirista. Em 2017, Susanna lançou o documentário Intolerância.doc, que mostra histórias reais de vítimas de crimes de ódio e preconceito, e a atriz trans é uma das entrevistadas.
Em 2007, Renata foi atacada por um grupo de sete skinheads na praça da República, no centro de São Paulo. Ela foi agredida com tanta violência que perdeu um rim. Após se recuperar, virou ativista e foi convidada para fazer a série.
"É muito legal a Susanna me tirar do lugar onde ainda moro hoje, que é um prédio de ocupação, e me dar oportunidade como atriz de trazer essa discussão [sobre respeito aos LGBTQ+] para o cinema, a TV. Por mais que as pessoas digam que estão cansadas do mimimi, elas não têm empatia nem conseguem entender a importância da representatividade. É difícil conviver com pessoas, mas se há empatia a gente vai pra qualquer lugar", afirma Renata.
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