STELLA MIRANDA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Stella Miranda em cena como dona Álvara, a vilã autoritária e tirana de Toma Lá Dá Cá (2007-2009)
REDAÇÃO
Publicado em 30/7/2020 - 6h45
A partir deste sábado (1º), o público poderá rever uma personagem ao mesmo tempo engraçada e odiada da teledramaturgia brasileira: dona Álvara, a síndica de Toma Lá Dá Cá (2007-2009), que será reprisada pela Globo. A vilã tem virado meme nas redes sociais por ter suas opiniões autoritárias comparadas à postura do presidente Jair Bolsonaro. Mas para Stella Miranda, atriz que a interpretou, Álvara não apoiaria o atual governo.
"Coitada, ela tem bom coração. Ela era uma vilã, mas era querida. Não sei se é porque eu defendo a personagem, mas ela não tinha preconceito algum. Ela era casada com o Ladir [Ítalo Rossi], que era gay. Álvara não tem nada de bolsonarista. Era radical, linha dura, mas era muito humana. É muito interessante a personagem, acho que dona Álvara é uma tirana adorável, se é que existe isso", afirma Stella.
A atriz acredita que os verdadeiros apoiadores de Bolsonaro são muito mais reacionários e preconceituosos do que sua personagem. Jamais aceitariam o relacionamento dela com Ladir, um homem idoso, gay e afeminado, que popularizou o bordão "mara" (abreviação de maravilhoso).
Dona Álvara fez sucesso como vilã do condomínio por ter uma risada afetada e bizarra --que Stella criou em um momento súbito, e Miguel Falabella adorou--, por se intrometer nas vidas dos moradores e por tomar medidas autoritárias e absurdas, como proibir manifestações e criar novas taxas sempre que desejava.
"Na época, me inspirei nos políticos que tratam a coisa pública como privada, que não têm transparência alguma. É nesse sentido. Ela não pode ser bolsonarista porque o bolsonarismo é muito reacionário, homofóbico e burro. E a dona Álvara não é nada disso, ela só usa a coisa pública como se fosse domínio dela", explica.
"Os memes que fazem dela e de Bolsonaro são tudo piada. Eu fico feliz de estar participando com o público de um período tão horrendo de confinamento que a gente está vivendo. É um terror tão aflitivo que só a arte como um bem essencial consegue nos livrar um pouco desse terror. Então, que o povo brinque de fazer memes com a dona Álvara, eu acho um privilégio", afirma.
Para Stella, o período de quarentena foi bastante complicado entre o fim de maio e a metade de junho, quando ela contraiu Covid-19. A atriz conta que passou muito mal com os sintomas da doença e com o medo que sentiu.
"Passei umas três semanas bem ruim, com muito medo, com pavor. É muito apavorante tudo. Mas sou privilegiada, tenho plano de saúde. Eu me solidarizo com as mais de 90 mil mortes [no Brasil], tenho compaixão pelo brasileiro, por todo mundo. É muito dolorido tudo. Eu sarei, graças a Deus estou aqui firme. Eu passei [um período] bem desagradável, mas passei", conta.
A atriz tem praticado isolamento social rígido em sua casa, no Rio de Janeiro, e a partir desta semana estará no ar na Globo em duas atrações, Toma Lá Dá Cá e Hebe, na qual interpretou Dercy Gonçalves (1907-2008).
Reconhecida até hoje como dona Álvara, o último trabalho inédito de Stella na Globo foi em 2019, na série Eu, a Vó e a Boi, do Globoplay (também de Miguel Falabella).
Stella conta que tem trabalhado em alguns projetos como roteirista (um deles será com Carlinhos Brown, mas ela não revela detalhes). Ainda sem perspectiva de voltar a trabalhar como atriz, ela se sente feliz com suas duas aparições na Globo.
"Eu acho que só a arte salva. Fico muito feliz de estar no ar em dois trabalhos. É um momento catastrófico para a classe artística e, paradoxalmente, é a arte que tá salvando a gente no confinamento. Fico pensando, tomara que a televisão volte [com as gravações de novelas, séries e programas], que a gente consiga voltar a trabalhar, enfim. Eu sou uma eterna romântica, fico acreditando no futuro", declara.
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