40 ANOS DO FIM
Divulgação/ABC Photo Archives
Jaclyn Smith (Kelly), Farrah Fawcett (Jill) e Kate Jackson (Sabrina), o trio mais famoso de As Panteras
A série As Panteras (1976-1981) marcou época na TV, revolucionou o gênero de séries policiais e transformou suas atrizes em ícones de beleza e sensualidade, a ponto de até hoje Hollywood tentar recapturar a mágica em remakes na TV ou no cinema. Mas os bastidores da atração passavam longe do glamour: Farrah Fawcett (1947-2009) teve sua carreira arruinada pelo projeto, e as atrizes viviam em clima de guerra, entre elas ou com os roteiristas e os produtores.
Não é por acaso que, ao longo de apenas cinco temporadas, seis atrizes diferentes passaram pela formação do trio de belas mulheres escaladas pelo misterioso Charlie (John Forsythe) para resolver crimes. Quando as câmeras não estavam rodando, elas brigavam por quem tinha mais falas em cada episódio e até por quem era mais querida pelo público. Roteiristas também eram trocados o tempo todo porque as protagonistas os atormentavam em busca de episódios melhores.
Farrah, intérprete de Jill, foi a primeira "pantera" a sair. E por vontade própria. Ela percebeu que era a grande revelação da série e que tinha virado símbolo sexual (uma foto sua de maiô vermelho estava nas paredes dos quartos de boa parte dos adolescentes da época). Passou então a querer voos mais altos. Para ser liberada do contrato, aceitou fazer algumas participações especiais nas temporadas seguintes, e os produtores desistiram de processá-la pela quebra do acordo.
Só que Farrah não honrou totalmente sua palavra. Conhecida pelo seu penteado esvoaçante, criado pelo francês José Eber, ela retornou à série com uma franjinha e passou a revezar seu cabelo entre um rabo de cavalo e uma trança. Isso foi visto como uma afronta e falta de profissionalismo, e ela nunca mais teve um papel de destaque na indústria, ficando relegada a reality shows e pontas em séries e filmes. Até sua morte foi ofuscada pela do astro pop Michael Jackson (1958-2009), encontrado sem vida horas depois.
O público, claro, adorava assistir às detetives em ação e não fazia ideia do que rolava nos bastidores. As Panteras foi a quinta série mais vista na temporada de estreia, 1976-1977, e subiu para a quarta posição no ano seguinte. Até Gerald Ford (1913-2006), então presidente dos Estados Unidos, fez uma visitinha aos estúdios da atração logo nos primeiros episódios, pois ela havia se tornado seu programa favorito.
Curiosamente, o próprio elenco não gostava tanto assim do projeto. Forsythe fazia questão de não ser creditado como a voz de Charlie, que se comunicava com as três "panteras" por meio de um rádio. Oficialmente, o veterano dizia que era para manter o mistério. Em uma entrevista dada décadas após o fim, ele enfim revelou a verdade: achava a série uma bomba, de baixa qualidade e feita rapidamente com pouco dinheiro para dar lucro fácil.
Já Kate Jackson culpa As Panteras até hoje por não ter se tornado uma atriz de renome. Ela chegou a ser escalada pelo diretor Robert Benton para protagonizar o longa Kramer vs. Kramer (1979). Mas as filmagens iam coincidir com as gravações da série, e o produtor Aaron Spelling (1923-2006) deixou claro que não a liberaria para o outro projeto. Resultado: Kate foi substituída por Meryl Streep, ainda em início de carreira.
Para piorar, Kate ficou tão ressentida com toda a situação que passou a maltratar os colegas de elenco e equipe. Ela foi demitida da série ao fim da terceira temporada, antes mesmo de o filme chegar aos cinemas. Meryl levou o Oscar pelo papel, e a "pantera" nunca perdoou o chefe por ter tirado sua grande chance.
As mudanças constantes no elenco acabaram frustrando o público, que abandonou a série aos poucos. Depois de ser a quarta atração mais vista no segundo ano, As Panteras caiu para 12º na temporada seguinte. Na quinta leva de episódios, desabou para 59º (de 65 programas), o que motivou seu fim.
Apesar disso, a trama de três detetives bonitas (e com o corpo à mostra) entrou para o imaginário popular, a ponto de a franquia já ter sido retomada com três filmes (lançados em 2000, 2003 e 2019) --o segundo longa, aliás, marcou a estreia de Rodrigo Santoro em uma superprodução de Hollywood. As Panteras também ganhou uma nova série de TV, produzida em 2011, mas que não repetiu a repercussão da antecessora e foi cancelada após sete episódios.
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