Série sobre imperatriz real chuta livros de História para longe: 'Mente doentia'

Aclamada pela crítica e pelo público e indicada ao Emmy, ao Globo de Ouro e ao SAG Awards, a série The Great estreia sua terceira temporada nesta sexta (14) cada vez mais distante dos livros de História. Apesar de narrar a vida de Catarina, a Grande (1729-1796), imperatriz da Rússia que existiu de verdade, a comédia criada por Tony McNamara (de A Favorita e Cruella) abandonou qualquer pretensão de seguir a realidade.

"Bem, se seguíssemos os fatos, a essa altura da trama Peter [marido da imperatriz e interpretado por Nicholas Hoult] já estaria morto (risos). Mas Nick é tão bom que não queremos isso", conta Elle Fanning, protagonista e produtora de The Great, em conversa com a reportagem. "Mas a história real sempre importa um pouquinho... Bem pouquinho (risos)."

"Tony, nosso criador e showrunner, sabe muito sobre a vida de Catarina, o período em que ela viveu. Ele pesquisou bastante e consegue inserir algumas coisas que aconteceram mesmo e que se encaixam no tom da série. Na primeira temporada, ela fez um teste de gravidez com trigo; na segunda, Catarina inventou a montanha-russa. São coisas que parecem absurdas, mas aconteceram de verdade", continua a atriz.

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"Muitas das ideias progressistas que a personagem tem nessa terceira temporada foram coisas que a Catarina de verdade tentou fazer mesmo. Mas não somos um documentário nem uma aula de História, então apresentamos nossa versão desses fatos. É divertido não precisar estar tão amarrado aos livros e poder dar vazão para a mente doentia do Tony (risos)", brinca Elle.

Para o ator Gwilym Lee, os fatos não importam tanto, já que seu personagem foi criado para a série --Grigor Dymov tem características de várias pessoas reais da corte czarista de Catarina. Ainda assim, o britânico decidiu pesquisar tudo o que podia sobre a época antes de começar a gravar The Great, apenas para descobrir que tudo aquilo não lhe serviria de nada.

divulgação/lionsgate+

Gwilym Lee é Grigor Dymov em The Great

"Eu adoro fazer pesquisa, é uma das partes do trabalho que eu mais amo, poder mergulhar nesse lado histórico, entender todo o contexto da época", valoriza ele durante entrevista exclusiva com o Notícias da TV. "Lembro que, antes de começarmos a gravar, fizemos uma reunião com toda a equipe, e eu levei meus livros para mostrar que eu tinha feito a lição de casa. Tony olhou para mim e disse: 'Não é esse tipo de projeto' (risos)."

"Ele deixou bem claro desde o início que a série não se importa tanto com a precisão histórica. Eu ainda gosto de ler sobre aquela época, para entender como as pessoas viviam. Mas logo se tornou aparente que a relação entre os personagens era muito mais importante. E é libertador não ter que ficar se atentando a todos esses detalhes, na verdade", admite.

Antes de ser escalado para The Great, Gwilym Lee já havia vivido o guitarrista Brian May, da banda Queen, na cinebiografia Bohemian Rhapsody (2018). A experiência, assegura ele, foi completamente diferente. "Obviamente, quando se interpreta uma pessoa real e que ainda está viva, todas as respostas já estão disponíveis para você."

" O desafio é fazer sua pesquisa e depois transformá-la em um ser humano de verdade. É importante construir a sua versão daquela pessoa, porque o material disponível para pesquisa nunca vai ter fim. Com um personagem ficcional, você pode preencher as lacunas do roteiro com o que achar melhor. Mas, obviamente, Tony é tão talentoso que não deixou muitas lacunas para eu preencher, Grigor é um personagem tão completo e tridimensional", elogia.

A terceira temporada de The Great estreia nesta sexta-feira (16) no streaming Lionsgate+. Um novo episódio será adicionado ao catálogo semanalmente --ao todo, serão dez capítulos na nova leva.