Valentina fracassa e engrossa lista de decepções de O Sétimo Guardião

Antes mesmo da estreia de O Sétimo Guardião, a expectativa em torno de Valentina (Lilia Cabral) era de que a personagem entrasse no rol das grandes cobras da teledramaturgia brasileira. Com a novela das nove já prestes a entrar em sua reta final, a realidade mostrou-se uma verdadeira frustração: Valentina foi, até agora, uma vilã de falhas.

Falhou como mãe, em sua relação conturbada e sem química com Gabriel (Bruno Gagliasso). Falhou em carisma, em maldades e até mesmo como personagem. Falhou também na tentativa de homicídio contra Laura (Yanna Lavigne) e no seu plano de dominar a fonte secreta de Serro Azul.

Valentina prometia botar fogo na cidade, mas não conseguiu sequer acender um fósforo. Apesar de central na trama, a megera simplesmente não aconteceu: não gera comoção, nem para o bem, muito menos para o mal. 

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As frases que dispara são até engraçadas, carregadas de sarcasmo e ironia, mas ficam apenas nisso e não geram memes na internet. Suas maldades não são nada perto das de outras vilãs de Aguinaldo Silva, como Nazaré Tedesco (Renata Sorrah), de Senhora do Destino (2004), e Maria Altiva (Eva Wilma), de A Indomada (1997).

Valentina, antes uma mulher poderosa, agora se vê obrigada a pedir proteção a Marcos Paulo (Nany People) e Murilo (Eduardo Moscovis). A vilã abaixou a crista e perdeu aquilo que tinha de melhor, sua empáfia.

Apaixonou-se por aquele que um dia foi gato --e que ela tentou matar-- e vive um momento de suposta bondade. Se antes havia declarado guerra ao próprio filho, agora quer se reaproximar dele, em uma tentativa de impedir que Olavo (Tony Ramos) domine a fonte e enriqueça mais ainda.

É bem verdade, porém, que a virada de casaca de Valentina trouxe um benefício a Tony Ramos, ao dar a Olavo um pouco mais de função dentro da trama. O personagem, completamente escanteado na primeira metade de O Sétimo Guardião, agora começa a esboçar alguma carga dramática ao assumir o lado vilanesco que até então estava adormecido.

Lilia Cabral, mantendo a dignidade na interpretação, faz o que pode com a confusão de composições que lhe é oferecida. Alternou o tom de voz, o olhar e o gestual, mas mesmo assim não consegue fazer com que Valentina aconteça. A culpa, definitivamente, não é da atriz.

A megera arrependida é apenas mais uma das muitas falhas da novela. O recurso de sua redenção pode apontar para suas direções: a incoerência, caso Valentina tenha mesmo se redimido, ou o clichê, uma vez que vilão que fica bonzinho e depois revela que enganou a todos não é novidade em novelas. Só para citar alguns exemplos, Felipe Barreto (Antonio Fagundes), em O Dono do Mundo (1992), e Clara (Mariana Ximenes), em Passione (2010), se valeram do mesmo expediente. 

Sem nenhuma cena impactante até agora, todos os acontecimentos de O Sétimo Guardião passaram em brancas nuvens. A mudança na personalidade de Valentina evidencia que o folhetim se perdeu no caminho e agora tenta correr atrás do prejuízo valendo-se de qualquer arma, até mesmo abrir mão de sua principal vilã, que prometeu muito mais do que cumpriu.