Sem carisma, Nos Tempos do Imperador é carregada nas costas por Dolores e Teresa

Nos Tempos do Imperador sofre de um sério problema de falta de carisma. Com protagonistas chatos, coadjuvantes irritantes e uma fotografia muito escura, a novela de Thereza Falcão e Alessandro Marson não consegue cativar o público e colhe resultados ruins na audiência. Nesse cenário, só duas personagens se destacam: Teresa (Leticia Sabatella) e Dolores (Daphne Bozaski), que muitas vezes carregam a trama nas costas.

No capítulos mais recentes, o folhetim está focado no novo drama de Pilar (Gabriela Medvedovksi) e Samuel (Michel Gomes), que se separaram, mais uma vez, graças a uma armação de Zayla (Heslaine Vieira). A dinâmica do casal é um bom exemplo dos problemas da trama.

Os dois já se separaram anteriormente, por motivos muito tolos. Agora, pela segunda vez, a mocinha prefere não confiar no amado e acha melhor esconder que está sendo chantageada. Ou seja, ela comete o mesmo erro e fica em um beco sem saída por livre e espontânea vontade.

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Esse vaivém da personagem e a sua personalidade nada fácil --ninguém aguentava mais ela dizer que queria ser médica-- são pratos cheios para a rejeição do público. Por isso, fica fácil entender o destaque que sua irmã, Dolores, ganhou com os fãs.

A caçula sofrida é infinitamente mais interessante, pois seu drama é de mais fácil identificação. A menina foi abandonada pela irmã, sofreu nas mãos do pai e ainda vive um casamento de cão com Tonico (Alexandre Nero), um marido que ela jamais escolheu e que a humilha dia sim, outro também.

Uma garota frágil, Dolores consegue fazer a audiência se compadecer de seu sofrimento e também levanta a torcida para que ela se envolva com Nélio (João Pedro Zappa), com quem já dividiu momentos fofos. Também ajuda que Daphne Bozaski está muito bem no papel, passando uma ingenuidade às sequências, sem que elas fiquem caricatas.

reprodução/tv globo

Dom Pedro 2º e Teresa Cristina

Imperatriz traída

Outra personagem que rouba a cena, Teresa Cristina conquistou uma proeza: fazer o público torcer contra o personagem que está no título da novela. O imperador, dom Pedro 2º (Selton Mello), é um clássico esquerdomacho, sem nenhum encanto, que só aparece para proferir frases de efeito. Não à toa, ganhou a fama de "banana" nas redes sociais.

Para piorar, por mais que a trama tente convencer que o grande amor do monarca é Luísa (Mariana Ximenes), é muito difícil fazer com que os espectadores torçam contra a imperatriz, uma mulher boa, que é traída sem dó em sua própria casa e precisa engolir todo tipo de sapo.

A situação lembra Novo Mundo (2017), dos mesmo autores, em que o público tomou as dores de Leopoldina (Leticia Colin) e execrou Domitila (Agatha Moreira), que foi tachada como vilã e destruidora de lares.

Ao mesmo tempo, se Selton Mello faz um Pedro sisudo, quase sem energia, Leticia Sabatella consegue passar todos os lados de sua personagem, desde sua doçura até todo o sofrimento que vive por causa das mentiras do marido. A cena em que ela fez uma apresentação de canto lírico durante uma festa, por exemplo, foi altamente elogiada nas redes.

Teresa e Dolores são dois pontos que brilham em um folhetim repleto de falhas, que vão da direção até os núcleos cômicos que não têm nada de engraçados. A questão é: até quando as duas vão aguentar carregar a trama? 

Única novela inédita da Globo no ar, Nos Tempos do Imperador se passa cerca de 40 anos depois dos acontecimentos de Novo Mundo. Além dos spoilers, o Notícias da TV também diariamente publica os resumos da novela das seis.

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