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QUE REI SOU EU?

Protesto judicial impediu Chico Anysio de viver golpista em novela da Globo

Nelson Di Rago/TV GLOBO

Foto preto e branco com os atores John Herbert, Oswaldo Loureiro, Chico Anysio e Laerte Morrone na novela Que Rei Sou Eu? (1989)

John Herbert, Oswaldo Loureiro, Chico Anysio e Laerte Morrone em Que Rei Sou Eu? (1989)

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 13/2/2023 - 6h25

Há exatos 34 anos, a novela Que Rei Sou Eu? (1989) estreava na faixa das sete da Globo. A trama escrita por Cassiano Gabus Mendes (1929-1993) era ambientada na transição da Idade Moderna, entre 1786 e 1789. Mas o autor parodiava a realidade brasileira ao longo de toda a história e incomodou alguns poderosos. Tanto que uma participação de Chico Anysio (1931-2012) foi cortada após um protesto judicial.

Apesar de ter escolhido o século 18 como pano de fundo para o folhetim, o escritor constantemente fazia referências à contemporaneidade e explorava temas que estavam na boca do povo e nos principais jornais da época.

Assim como acontecia com os brasileiros, a população do fictício reino de Avilan enfrentava a miséria, corrupção dos governantes e a instabilidade financeira causada pelos sucessivos planos econômicos. Vários personagens eram sátiras de figuras reais.

Chico Anysio gravou uma participação na novela como o especulador estrangeiro Taj Nahal, que seria responsável por aplicar um golpe na bolsa e no mercado de Val Estrite.

Cassiano Gabus Mendes confirmou que o personagem foi inspirado no caso Naji Nahas. O investidor paulista ganhou destaque durante escândalo financeiro no país e, na época, respondia a um inquérito por estelionato e formação artificial de preços na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.

Mas Nilo Batista, advogado de Naji Nahas, entrou com um protesto judicial contra a emissora assim que soube da criação do personagem. "Ele não pode ser achincalhado assim, com deturpação de fatos, quando é apenas um acusado", disparou o defensor do investidor em declaração ao Jornal do Brasil.

Batista ainda afirmou que havia tido um encontro com João Roberto Marinho, então vice-presidente da Globo, para entregar uma cópia do protesto. O advogado disse também que Nahas exigiria direito de resposta caso a novela fizesse alguma referência satírica ao caso dele.

Para evitar mais dor de cabeça, a emissora optou por cortar a participação de Chico Anysio na trama. "Se tivessem analisado a cena, teriam visto que se trata de uma gozação em cima da especulação na Bolsa. A cena não tem nada de ofensiva", defendeu Cassiano na época.

Naji Nahas foi condenado a 24 anos e oito meses de prisão só em 1997, mas ele recorreu e conseguiu o direito de ficar em liberdade. Em 2007, a Justiça declarou a inexistência de crime contra o sistema financeiro. O empresário, então, passou de réu a inocente e entrou com processo contra a Bovespa. Em 2014, a ação foi julgada improcedente.


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