Poliana entra para a história da dramaturgia com primeiro robô virtual

Dedicado exclusivamente às novelas infantojuvenis, o SBT conseguiu entrar para a história da dramaturgia com As Aventuras de Poliana. É que a trama de Iris Abravanel apresentou para o público a robô Sara, assistente do senhor Pendleton (Dalton Vigh). É a primeira vez que uma personagem fixa de uma novela é criada inteiramente por computação gráfica.

"A Sara é um caso único na teledramaturgia brasileira. É um personagem criado inteiramente em computação gráfica, que não está nos sets de gravação, mas aparece em quase todos os capítulos, em diversas cenas e que interage com boa parte dos núcleos da novela", aponta Rodrigo Aben-Athar, coordenador do setor de criação visual da teledramaturgia do SBT.

A prática de utilizar computadores para criar personagens é bastante comum no cinema, mas ainda engatinha na televisão. O gato León, de O Sétimo Guardião, até tem algumas cenas feitas digitalmente. Mas, no geral, são quatro animais de verdade que se revezam para dar vida ao felino da novela de Aguinaldo Silva.

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Pega Pega (2017) também se utilizou da computação para criar o canguru de pelúcia Flor, que ganhava vida na imaginação de Bebeth (Valentina Herszage). Porém, o bichinho acabou sumindo da novela. A produção ainda chegou a usar um robô de verdade para realizar algumas interações entre Flor e a jovem, o que não ocorre na novelinha do SBT.

Deus Salve o Rei também abusou da computação, mas não chegou a ter nenhum personagem importante criado com efeitos especiais --eles eram mais usados para os cenários medievais da novela de Daniel Adjafre.

Para fazer Sara literalmente voar, a equipe de Poliana tem que trabalhar muito. "Uma vez decidida como a cena será, com base no roteiro da novela, nosso supervisor de efeitos especiais acompanha as gravações para garantir que os ângulos e movimentos de câmera irão funcionar na pós-produção", explica Aben-Athar.

A personagem criada por computador consegue expressar até sentimentos básicos na TV

"Ainda no set de gravação, utilizamos uma câmera 360° para captar imagens do ambiente e tornar possível reproduzir o cenário e, especialmente, a luz da cena em nosso software 3D. Depois de gravada, a cena segue para nosso animadores, que dão vida à personagem. Uma vez animada, a cena é processada e composta para ganhar os detalhes finais de luz e reflexos", continua.

O curioso é que, inicialmente, Sara seria uma personagem bem mais simples. Nos primeiros esboços, a assistente de Pendleton seria apenas uma voz saindo de um celular, como a Siri, aplicativo popular dos aparelhos iPhone.

Tudo mudou quando as equipes de efeitos visuais e de criação de artes da novela se reuniram com a autora Iris Abravanel e com a supervisora de texto Rita Valente. "Durante essa reunião, sugerimos que a personagem não fosse apenas uma voz, mas que existisse fisicamente na forma de um robô esférico que voa."

A equipe até cogitou criar um robô de verdade para que o elenco tivesse algo concreto em cena para interagir. "Mas esse plano foi cancelado, pois os custos para executá-lo seriam altos demais. Por conta disso, decidimos que a Sara seria executada inteiramente em computação gráfica", lembra Aben-Athar.

Como a novela é voltada para o público infantojuvenil, ter um personagem tão lúdico quanto uma robô voadora tem alcançado boa repercussão com os telespectadores.

"É curioso acompanhar as reações nas redes sociais toda vez que há uma cena com a Sara participe. O público já ignora o fato de ela ser um efeito especial e já a incorporou como mais um dos personagens reais da novela, sempre comentando sobre sua personalidade e ações em cena", valoriza o coordenador de criação visual. 

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