Comoção lucrativa
João Cotta/TV Globo
Beto Falcão (Emilio Dantas) em Segundo Sol; cantor passará 18 anos lucrando com a sua falsa morte
MÁRCIA PEREIRA, no Rio de Janeiro
Publicado em 14/5/2018 - 5h22
Vilões engraçados vão ocupar o horário nobre a partir desta segunda (14), juntamente com um cantor mascarado por uma falsa morte e o drama de uma mocinha que teve sua família dilacerada. João Emanuel Carneiro, autor de Segundo Sol, revela que sua nova história começou a ser traçada a partir da morte do ídolo pop Michael Jackson, em 2009.
"A história do Beto Falcão [Emilio Dantas] tem a ver com a de Michael Jackson. Pensei nele quando li que o astro faturou mais na semana em que morreu do que nos dez anos anteriores à sua morte. Mas tem inspiração também em vários outros artistas que passaram a ficar mais conhecidos com a morte", conta o novelista.
Na trama, Beto Falcão é um cantor decadente que é dado como morto em um acidente aéreo, em 1999. Ele assume outra identidade e se esconde numa ilha.
Ao apresentar a segunda fase da trama na sinopse, ele esclarece que, após uma passagem de 18 anos, Beto Falcão virou um popstar do axé depois da sua suposta morte e que suas músicas jamais foram esquecidas.
"Pelo contrário, sua fama se consolidou, colocando-o naquele panteão de figuras que saíram da vida para entrarem na história, assim como Mamonas Assassinas, Elis [Regina] e Cristiano Araújo", informa Carneiro no texto.
O autor vai alternar essa trama com a de Luzia (Giovanna Antonelli). "Minha ideia inicial foi trazer uma família destruída, estilhaçada. Com essa mulher que quer reconstruí-la, juntar os caquinhos. Novela é um novelo, você vai juntando vários pedaços. Aí veio a história desse homem, desse anti-herói", conta o autor.
Segundo Sol terá 155 capítulos, um pouco menos do que suas antecessoras, que foram até o 173. "Mas já são muitos. Novela é muito texto", reclama.
Carneiro se revela inquieto, um autor que gosta de entregar logo as histórias e "remontar seu próprio brinquedo".
Ao se ver cercado por três, quatro jornalistas no lançamento da novela, ele deixou claro que seu negócio é escrever. Conciso nas respostas, Carneiro tentou encerrar a entrevista o quanto antes. Nos eventos de apresentação dos folhetins da Globo, é muito comum os autores e atores ficaram mais uma hora dando entrevistas para vários repórteres.
Na conversa com o Notícias da TV, Carneiro parecia ter pânico disso. A cada pergunta respondida dizia à reportagem: "Está bom, né?".
O forte dele é criar personagens que têm vários lados contrastantes, ninguém é só bonzinho ou mauzinho em suas novelas. "Agora, o Beto Falcão comete um erro humano para salvar a família. Ele mente que morre porque a fama dele só se dá com a morte. Gosto de lidar com essa zona cinza, com nosso livre-arbítrio", comenta.
O estardalhaço feito pela Globo ao lançar A Regra do Jogo em 2015 como uma novela de João Emanuel Carneiro, o autor de Avenida Brasil (2012), não se repetiu desta vez. A emissora nem poderia "vender esse peixe", já que a última trama do autor demorou para mostrar resultado no Ibope, sofreu com a concorrência de Os Dez Mandamentos e recebeu muitas críticas por ser violenta demais.
"Eu tenho que esquecer essa expectativa toda em cima de mim porque é uma coisa muito opressiva. No caso dessa novela, ela é muito singela, emotiva, de fácil compreensão, um canal direto de emoção com o público. Acho que ela vai emplacar por causa disso. A novela tem leveza e é muito bem-humorada."
reprodução/TV Globo
Karola (Deborah Secco) terá relação complicada com sua mentora, Laureta (Adriana Esteves)
Carneiro diz ainda que se orgulha de ter escrito A Regra do Jogo, mesmo sem ter sido uma trama popular como a emissora esperava. Ele afirma que não existe fórmula para o sucesso e que toda estreia, para ele, é como se fosse a primeira vez.
Sua vida durante uma produção não tem nada de glamour. "Escrevo 12 horas dia de domingo a domingo. Fazer novela é uma renúncia à vida pessoal", diz.
Seus companheiros nessa jornada são imaginários. Carneiro conta que o vilão é sempre um coautor em suas histórias. "O autor está na figura do vilão porque é ele que propõe a ação, propõe o tempo todo a história que vai adiante."
Agora ele vai ter duas vilãs na linha de frente, Laureta (Adriana Esteve), que gosta de ser má e não usa máscara, e Karola (Deborah Secco), uma golpista louca para esquecer o passado pobre.
A dupla será unha e carne, mas também fará um jogo de gata e rata em cena. Há um mistério sobre a ligação delas, algo que Carneiro quer esconder de qualquer maneira até o capítulo 100. Seriam mãe e filha? Amantes? Várias especulações estão surgindo.
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Resumo da novela Segundo Sol: Capítulo de 7 de novembro
A Globo não divulgou os resumos dos últimos cinco capítulos da novela das nove. O Notícias da TV publica com exclusividade o resumo do capítulo desta quarta (7).
Quarta, 7/11 (Capítulo 153)
Laureta tenta negar ser a mãe de Karola. ... Continue lendo
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.