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VIOLÊNCIA E PROSTITUIÇÃO

Globo vai contra aceno conservador em novelas com reprise de Paraíso Tropical

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Camila Pitanga está com um top cropped e maquiagem pesada, em cena como a prostituta Bebel, em Paraíso Tropical

Camila Pitanga como a prostituta Bebel, personagem que se destacou em Paraíso Tropical (2007)

IVES FERRO

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 16/10/2023 - 14h18

Paraíso Tropical (2007) chegará ao Vale a Pena Ver de Novo em dezembro. Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, preferiu adiar a reprise de Salve Jorge (2012) para colocar uma novela "solar", que coincidisse com o verão. A trama de Gilberto Braga (1945-2021) e Ricardo Linhares, no entanto, está longe de ser leve: o folhetim traz cenas violentas, protagonistas anti-heróis (sendo uma delas uma prostituta), e temas pesados para a classificação indicativa da tarde.

A justificativa vai contra decisões recentes de maneirar na exibição de temas progressistas para não afastar o público evangélico, acariciado por Vai na Fé (2023). O Notícias da TV adiantou que existe uma preocupação da emissora com a ascensão do conservadorismo, o que acarretou uma série de mudanças em tramas, no modo de produzir novelas, e até nas escolhas de reprises.

A "operação" atrasou até o desenvolvimento das personagens Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Steinman) em Vai na Fé. As atrizes chegaram a gravar várias cenas de beijos, mas foram censuradas. Por isso, Kelvin (Diego Martins) e Ramiro (Amaury Lorenzo), os queridinhos de Terra e Paixão, não devem encostar as bocas tão cedo.

Há um pedido de prioridade para histórias rurais, com o "novo agro", a exemplo de Renascer, remake de Benedito Ruy Barbosa que irá substituir Terra e Paixão em 2024.

No último Censo, pessoas que se declaram evangélicas foi o grupo que mais cresceu demograficamente, o que reflete também na audiência da TV. Por isso, as tramas espíritas também caíram por terra. O gênero que consagrou novelas de sucesso estrondoso de Ivani Ribeiro (1922-1995) e Elizabeth Jhin está vetado. O medo é de que o telespectador evangélico fuja da Globo.

Todas essas mudanças para evitar a rejeição do público se tornam quase nulas com a escolha de Paraíso Tropical para a faixa vespertina, mesmo com os cortes e adaptações que o folhetim terá.

Um ponto que pesou a favor da trama foi Camila Pitanga, intérprete da garota de programa Bebel. A atriz estará no elenco de Beleza Fatal, primeira novela da HBO Max, e a Globo quer surfar na onda da concorrente.

Qual a história de Paraíso Tropical?

A história de Paraíso Tropical gira em torno da mocinha Paula (Alessandra Negrini), que foi criada na Bahia pela dona de um prostíbulo chamada Amélia (Susana Vieira).

A imprensa que cobria a novela na época se queixou do mesmo problema apresentado em Segundo Sol (2018), que também teve como pano de fundo Salvador: os personagens baianos eram, em sua maioria brancos, quando na verdade o estado tem população majoritariamente preta.

O enredo mostra garotas de programa que trabalham no prostíbulo de Amélia, um local cobiçado pelo empresário Antenor Cavalcanti (Tony Ramos). Daniel (Fabio Assunção), sucessor de Antenor, começa a rondar a propriedade para tentar convencer Amélia a vender o imóvel, mas ela não está disposta a negociar. Ele e Paula se conhecem após uma tempestade quase matá-lo.

Olavo (Wagner Moura), um vilão maniqueísta, entra em cena para tentar tirar a coroa de sucessor de Daniel. Com seus planos mirabolantes, ele se aproxima da prostituta Bebel (Camila Pitanga), uma das personagens mais icônicas da novela.

Depois da morte de Amélia, os personagens saem da Bahia e vão para o Rio de Janeiro, onde o restante da trama se desenrola. Paula passará a procurar seus pais biológicos após o segredo revelado pela mãe de criação e encontrará com o mocinho por quem se encantou na Bahia.


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