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ACORDA, MENINA!

Com aceno da Globo a evangélicos, Terra e Paixão põe casal gay para sonhar

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Diego Martins como Kelvin vestido de Irene ao lado de Amaury Lorenzo, o Ramiro, como Antônio em cena de Terra e Paixão

Kelvin (Diego Martins) vira madame em sonho de Ramiro (Amaury Lorenzo) em Terra e Paixão

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 27/9/2023 - 10h00

Os sonhos de Ramiro (Amaury Lorenzo) se tornaram uma atração à parte em Terra e Paixão. O peão coloca a imaginação para voar à noite e, assim, realizar o desejo reprimido por Kelvin (Diego Martins) durante o dia. A aceitação do público às sequências abre a possibilidade para Walcyr Carrasco e Thelma Guedes irem mais longe --talvez com um beijo de olhos abertos.

Como o Notícias da TV havia revelado, a Globo está preocupada que temas progressistas possam afastar o público evangélico. Os neopentecostais representam o grupo que mais cresceu demograficamente no último censo, expandindo-se sobretudo na fatia que mais assiste à televisão.

Ramiro e Kelvin até deram um selinho a lá A Dama e o Vagabundo (1955), mas ainda estão longe de cenas tão quentes como as de Caio (Cauã Reymond) e Aline (Barbara Reis).

Os sonhos se tornaram uma das principais estratégias de Walcyr Carrasco e Thelma Guedes para driblar uma possível rejeição. A novela das nove da Globo entrou em um platô de audiência, ainda que com três pontos a mais do que a média de Travessia (2022), mas já dá sinais de nova reação.

Os autores apostaram na comédia pastelão, uma das especialidades de Carrasco, para conduzir o romance entre Kelvin e Ramiro. Terra e Paixão, porém, é um drama clássico --e não permite tantas liberdades poéticas quanto Êta Mundo Bom! (2016).

Sonhar, mas um sonho impossível

Os devaneios de Ramiro dão a oportunidade para os escritores exagerarem na comédia sem comprometer completamente o tom mais realista da produção. As loucuras até o momento estão restritas a esses "terrores noturnos" –o que não impediria, claro, uma guerra de tortas para manter a tradição de Carrasco.

A hipérbole evita com que os telespectadores levem a sério demais o romance entre pessoas LGBTQIA+. A tática obviamente é um acerto no sentido de manter a audiência e criar mais núcleos interessantes na trama --em que até os protagonistas estão completamente deslocados.

Não à toa, Ramiro e Kelvin não sofrem tanta rejeição quanto Mara (Renata Gaspar) e Menah (Camilla Damião). O romance entre elas apresenta um tom mais dramático, mais sério --levando parte dos telespectadores a torcerem o nariz para além de toda a lesbofobia.

Elas também têm identidades de gênero bem mais próximas entre si, performando feminilidade --ainda que Mara tenha que adotar outro tom quando bate de frente com os homens em sua empresa de transportes. Ou seja, uma quebra clara no preconceito básico de que até um casal homoafetivo deve repetir o padrão de um "homem" e uma "mulher".

Ramiro já apresenta muito mais o papel de performar masculinidade, enquanto Kelvin traz claramente elementos que são associados pelo público às mulheres --ele, inclusive, se refere a si mesmo no feminino.

O problema não está nos perfis em si, já que eles representam pessoas que realmente existem na comunidade LGBTQIA+. A questão é reproduzir o que se chama de "heterossexualidade compulsória" --de que essa maneira binária de se relacionar é a única possível.


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