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Vida real

Filha mata a mãe com injeção de ar após ver crime de Laureta em Segundo Sol

Fabiano Battaglin/TV Globo

Letícia Colin, Narcival Rubens e Adriana Esteves em cena de Segundo Sol que inspirou crime real - Fabiano Battaglin/TV Globo

Letícia Colin, Narcival Rubens e Adriana Esteves em cena de Segundo Sol que inspirou crime real

REDAÇÃO

Publicado em 10/10/2018 - 12h35
Atualizado em 10/10/2018 - 15h44

A comerciante desempregada Paloma Botelho de Vasconcelos, 21 anos, matou a própria mãe, a empresária Dircelene Botelho, supostamente inspirada em uma cena da novela Segundo Sol exibida no último dia 2. Na sequência, a vilã Laureta (Adriana Esteves) matou o capanga Galdino (Narcival Rubens) com uma injeção de ar. Na vida real, Paloma fez o mesmo, mostra uma fita de vídeo apreendida pela polícia. O autor da novela, João Emanuel Carneiro, se defende dizendo que "a ficção não tem nada a ver com a realidade".

O crime aconteceu na cidade de Petrópolis, interior do Rio de Janeiro, no dia 2, horas após a exibição de Segundo Sol. Segundo a Polícia Civil, Paloma aplicou uma injeção de ar em uma veia do pulso da mãe. Ela está presa. O crime teria motivação financeira.

Assim como na novela, ninguém em Petrópolis inicialmente desconfiou de que um assassinato tinha acontecido. Dircelene foi enterrada na quarta passada (3) sem despertar a atenção de familiares, de médicos ou da polícia, como se tivesse tido uma morte natural.

No entanto, o padrasto de Paloma, o comerciante Manuel da Silva, 68 anos, havia instalado um circuito interno de televisão dentro de sua casa, pois desconfiava que estava sendo roubado. Na última quinta-feira (5), Silva reviu as imagens das câmeras e descobriu que sua mulher foi torturada e morta por Paloma, que teve ajuda do namorado, Gabriel Neves, 26 anos.

O comerciante foi à delegacia, mas os PMs não conseguiram prender Paloma e Gabriel imediatamente devido à legislação eleitoral. "Antes das eleições só é possível deter alguém em flagrante", explicou ao Notícias da TV o advogado criminalista André Lozano, do escritório Jacob Lozano, em São Paulo.

De acordo com a polícia, as imagens mostram que, antes de aplicar injeção semelhante à de Laureta, Paloma e seu namorado tentaram asfixiar Dircelene com a ajuda de um saco plástico.

Paloma Vasconcelos, acusada de matar a mãe

"Eles aplicaram um pano com formol no nariz da vítima. Depois a 'colocaram no saco', como no filme Tropa de Elite [2007], amarrando com uma fita na cabeça", disse ao Notícias da TV o inspetor da Polícia Civil Alexandre Gheren, 44 anos, da 105ª DP.

"A Paloma admitiu no depoimento que, como a mãe ainda se mexia depois da asfixia, [e por isso] usou a injeção da Laureta para matá-la", contou.

De acordo com Gheren, Paloma procurou uma veia no pé para injetar o ar, usando técnicas idênticas às da cafetina da novela. Como não achou uma veia, acabou aplicando a injeção de ar no pulso da empresária.

Em Segundo SolLaureta matou Januária (Zeca de Abreu) e Galdino com a injeção, que a personagem apelidou de "beijo da morte". Januária foi enterrada como se tivesse tido um ataque cardíaco. As mortes dos personagens ainda não foram esclarecidas na trama.

"A Paloma era depressiva, e todos falam aqui na região que tomava remédios", contou Leonardo Bertoz, chef de cozinha do restaurante Luka's, que fica ao lado da casa da vítima. O inspetor Gheren confirmou o uso de medicamentos.

Outro lado
Procurado pela reportagem, o autor de Segundo Sol, João Emanuel Carneiro, afirmou que a ficção "não tem nada a ver com a realidade", ainda que a suposta autora do crime tenha admitido em depoimento à polícia que imitou técnicas da personagem da novela horas depois da exibição do capítulo com o assassinato.

Irritado, Carneiro desligou na cara da reportagem. "Que telefonema desagradável! Com licença", disse. A Globo não se manifestou.

Ao Notícias da TV, o clínico geral do Hospital das Clínicas de São Paulo Arnaldo Lichtenstein, de 57 anos, confirmou que uma pessoa pode ser morta com uma injeção de ar. No entanto, o médico ressaltou que esse tipo de assassinato, que qualificou de "sofisticado", é facilmente detectável em um exame de autópsia.

"O mecanismo tem o mesmo efeito de uma embolia pulmonar", explicou. Segundo Lichtenstein, tal obstrução circulatória, a embolia, se trata de uma bolha de ar que circula pela corrente sanguínea até o pulmão, causando morte natural, a depender de seu tamanho.

O clínico afirmou que, até recentemente, animais usados em experiências eram mortos após os estudos com a aplicação de uma injeção de ar.

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