Em novela da Record, Jesus é humano e Maria Madalena passa longe de sexo

Com sua nova novela bíblica, a Record planeja contar "a história das histórias" de forma didática e até informal. Em Jesus, a ideia do diretor Edgard Miranda e da autora Paula Richard é que o protagonista seja visto como humano e passe seus ensinamentos com simplicidade aos hebreus. E nada de insinuações românticas com Maria Madalena _a personagem passará longe do imaginário de prostituta ou amante do filho de Deus.

"Eu brinco que fico com uma plaquinha: Maria Madalena não era prostituta. O que está escrito na Bíblia é que ela era uma mulher arrependida, que tinha sete demônios. Por causa desse comportamento, desses demônios, não agia como as outras mulheres da época. Se não agia como queriam, como era vista? Como prostituta. Mas não era a profissão dela", explica a autora.

Maria Madalena (Day Mesquita) aparecerá frequentemente como uma das principais seguidoras de Jesus, mas sem nenhuma sugestão sexual entre eles. Preocupada com a opinião pública dos fiéis, Paula Richard afirma que quer evitar ao máximo colocar Jesus em situações que não estejam muito claras na Bíblia.

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"Eu falei que não ia escrever nada que não estivesse na Bíblia sobre Jesus. A gente não inventa nada, toma cuidado pra não colocá-lo em situações que as pessoas falariam: 'Jesus não faria isso'. O Jesus que vamos mostrar vai ser humanizado por meio do olhar dos outros personagens. O que foi viver no mesmo momento em que esse homem, o que foi conhecê-lo, ouvi-lo, é essa humanização", explica Paula.

"É uma responsabilidade muito grande [contar essa história]. A gente estava com aquele papo de buscar o naturalismo, realismo, colocar Jesus entre nós, e conseguimos", afirma Edgard Miranda.

Com Jesus humanizado e de fala fácil (em detrimento das palestras rebuscadas de várias passagens da Bíblia), a autora usou a imaginação para criar histórias para os personagens em torno dele. Sobre os apóstolos, por exemplo, pouco é falado na Bíblia. Então, a autora simplesmente inventou famílias, interesses amorosos e personalidades para eles.

"Temos vários personagens bíblicos, a maioria homens. Mas, para contar uma história, você tem que criar um núcleo, não pode botar aquele bando de homens sem humanidade, sem famílias, sem problemas. Simão [Rodrigo Andrade], por exemplo, não tinha nada, fizemos ele ser irmão de Barrabás [André Gonçalves]. As pessoas vão falar que não está na Bíblia, mas também não está que não era. O respeito à Bíblia é total, mas o que não tem lá a gente inventa", revela a autora.

edu Moraes/Record

Rodrigo Andrade interpreta Simão, que na novela virou irmão de Barrabás (André Gonçalves)

Para retratar pela primeira vez a história do filho de Deus em uma novela (com previsão de 150 capítulos), a Record investiu em muitos efeitos especiais e cenas gravadas fora do Brasil. Uma equipe de 65 profissionais, sendo 45 atores, viajou para o Marrocos, onde foram gravadas 200 cenas.

Entre as sequências, estão momentos fundamentais da história de Cristo, como a tentação no deserto e a crucificação. Nenhuma cena foi ou será feita durante a noite em Jesus: o diretor acredita que isso é coisa do passado, e agora usa computação gráfica para escurecer as passagens noturnas.

Após o fracasso da pregação excessiva de Apocalipse, a emissora aposta numa história que todos já conhecem, contada com mais tecnologia e 98 personagens, para levantar a audiência da faixa de teledramaturgia.

"Jesus é um personagem tão forte, tão atual, que a mensagem dele não se perdeu. Estamos lidando com uma coisa muito especial", acredita Paula. "É um investimento grandioso que a Record está fazendo, numa jogada de mestre. A gente está muito bem preparado", complementa o diretor.