Baixou a Gloria Perez? Autor de Terra e Paixão ignora realidade em reviravolta

O autor Walcyr Carrasco cometeu uma falha em Terra e Paixão ao inventar uma exumação do corpo de Agatha (Bianca Bin) a partir do processo movido por Caio (Cauã Reymond), que pleiteia sua herança. Ele criou um caminho jurídico que não existe na vida real, fazendo o telespectador se lembrar das incoerências na saga de Brisa (Lucy Ramos) em Travessia, novela escrita por Gloria Perez e que antecedeu a atual trama no horário nobre.

A autora, aliás, já teve problemas anteriores com falta de verossimilhança em suas histórias e acabou tornando famosa a explicação de que "é preciso saber voar" para entender suas novelas. 

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Obviamente, Carrasco está criando um novo mistério no folhetim das nove da Globo. O personagem interpretado por Cauã Reymond descobrirá que o caixão da mãe está vazio, o que dará início a uma investigação sobre a morte da primeira mulher de Antônio (Tony Ramos).

Vários personagens, inclusive o fazendeiro, vão afirmar que foram ao enterro da mulher que morreu em decorrência de complicações no parto de Caio.

A coluna procurou uma advogada especialista em Direito de Família e Sucessões para verificar o erro em Terra e Paixão. Importante lembrar que até agora ninguém nunca apontou que Caio não fosse filho de Agatha. Não existe nenhum questionamento de maternidade nem de uma suposta troca de bebês.

Do nada, Rodrigo (Maicon Rodrigues) propôs ao cliente a exumação do corpo de Agatha para dar andamento ao seu processo, alegando somente que fizeram tudo errado quando ela morreu. 

Agatha em cena do parto de Caio na novela

Especialista explica falha na novela

Para a advogada Caroline Pomjé, do escritório Silveiro Advogados, como a novela não deixou margem de dúvida sobre o nascimento do Caio, o registro de nascimento seria o suficiente para que ele buscasse sua participação na herança da mãe morta como filho legítimo de Agatha.

"Não há necessidade de exumação do corpo da falecida para confirmação da filiação. A exumação somente faria sentido se houvesse algum questionamento judicial ou alguma prova robusta de que o registro de nascimento estava equivocado", detalha a bacharel em Direito.

"Ainda assim, a exumação seria uma medida bastante extrema, utilizada como última alternativa nos casos em que não há a possibilidade de verificação da origem biológica por outro modo, como exame de DNA direto com os supostos pais ou com os supostos irmãos", continua Caroline.

Ela reafirma que o teste é sempre o caminho usado em casos de prova de filiação. "Os irmãos poderiam ser chamados para fazer um exame para ver se há compatibilidade ou não. Em uma situação ainda mais específica, pode-se buscar a exumação de um corpo, mas naquelas situações em que vem um novo possível herdeiro que não foi reconhecido ainda no registro civil."

Caroline até cita como exemplo o caso da partilha da herança de Gugu Liberato (1959-2019), na qual um homem surgiu alegando que pode ser filho do apresentador. O vendedor de carros Ricardo Rocha entrou com ação na Justiça porque sua mãe teria engravidado de Gugu em 1974. Se os filhos do loiro não aceitassem fazer o exame de DNA, aí, sim, o representante jurídico dele poderia pedir a exumação do corpo de Gugu.

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