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VISIONÁRIOS?

Autores de Ti Ti Ti abriram portas para todo mundo: 'O moderno pode soar obsoleto'

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari batendo palmas e cercado de pessoas

Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, autores do remake de Ti Ti Ti: inovação ultrapassada?

PIERO VERGÍLIO

pierovergilio@gmail.com

Publicado em 23/3/2021 - 7h00

De volta à Globo na próxima segunda-feira (29), o remake de Ti Ti Ti (2010) foi vitrine para uma tendência que, anos mais tarde, seria incorporada à vida da maior parte da população do planeta: o uso da rede social como potencializador do diálogo entre televisão e internet. A evolução da tecnologia, no entanto, pode fazer com que as interações que foram consideradas modernas para a época hoje soem como obsoletas.

É o que pensa Vincent Villari, coautor da adaptação ao lado de Maria Adelaide Amaral. Ao Notícias da TV, ele lembra que a personificação desse diálogo com a tecnologia foi a filha prodígio de Jacques Leclair (Alexandre Borges),  Mabi (Clara Tiezzi), cujo blog de moda era lido e temido pelos demais personagens. A página dela existia de verdade fora da novela e oferecia conteúdo extra ao telespectador.

"Uma das nossas inspirações foi a Tavi Gevinson, que tinha então 13 anos e um blog de moda respeitadíssimo no mundo inteiro. Uma curiosidade é que, por não podermos falar em marcas registradas como Facebook, usávamos o termo 'rede social', que na época soava estranho. Mal sabíamos nós o quanto essa expressão se tornaria comum nos anos seguintes. E também vai ser curioso observar se o que era moderníssimo dez anos atrás vai soar antigo e defasado hoje", analisa.

Mesmo não sendo íntima das tecnologias, Maria Adelaide admite que, se fosse escrita em 2021, Ti Ti Ti passaria por um novo upgrade. "Essa nova customização tecnológica retrataria o impacto maior das redes sociais e sua multiplicação. A moda também mudou profundamente. Mas talvez Jacques Leclair continuasse sendo estilista de noivas, setor que se manteve próspero e só fortemente golpeado com o surgimento da pandemia. Mas isso também alimentaria uma nova trama", projeta.

Além de pontuar as mudanças que fariam em uma segunda releitura, os autores imaginaram como os personagens estariam vivendo no Brasil de hoje, em plena pandemia. "Sem dúvida, o Jacques e o Victor Valentim [Murilo Benício] encontrariam um jeito eficiente e divertido de continuar atendendo e seduzindo suas clientes online. Eles eram destemperados, mas jamais seriam loucos de negar a ciência", aposta Villari.

Centelha de alegria

Ao comentar suas expectativas para a reprise, a autora declara a sua torcida para que a repercussão seja tão positiva quanto na exibição original. "Espero que continue agradando e seja uma centelha de alegria nos tempos tenebrosos que vivemos", analisa Maria Adelaide, para quem este trabalho traz as melhores lembranças.

Ela conta que sempre achou a versão original, de 1985, uma grande novela, repleta de qualidades como leveza, inteligência, trama irresistível e um prato cheio para dois grandes atores brilharem. Foram esses fatores que a levaram a sugerir à direção da Globo o remake de Ti Ti Ti, ainda em 2009.

Vincent Villari, por sua vez, explica como o remake se transformou em uma grande reverência ao criador da obra original, Cassiano Gabus Mendes (1929-1993). Ao fundir a trama de Ti Ti Ti com a de Plumas e Paetês (1980), eles perceberam que havia uma unidade e coesão no universo imaginado por ele. Assim, quando precisaram de um detetive, logo veio a ideia de resgatar o Mário Fofoca, vivido por Luis Gustavo em Elas Por Elas (1982).

"O personagem se ambientou tão bem àquele universo que sua participação, inicialmente de cinco capítulos, se estendeu até o último. A brincadeira foi ficando cada vez mais saborosa e trouxemos também, muito bem costurados dentro da história, a Kiki Blanche [Eva Todor, de Locomotivas] e a divina Magda [Vera Zimmermann, de Meu Bem, Meu Mal], que também ficou até a última cena. Assim, o que era para ser inicialmente um remake se tornou uma grande homenagem à obra do Cassiano", ressalta.

Sintonia com Jorge Fernando

Outro fator apontado como decisivo para a boa aceitação da trama foi o entrosamento com o diretor Jorge Fernando (1955-2019), que também deixou saudade em colegas como Claudia Raia. "O clima nos bastidores era de harmonia e diversão. Tínhamos plena sintonia com a direção, e isso ajudou a novela a ser um sucesso. Todo o elenco estava contente com os seus papéis, e assim Ti Ti Ti chegou ao fim sem nenhum B.O.", assume Maria Adelaide.


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