Autor de Renascer desperdiça chance preciosa de surpreender no final

Renascer tem somente 11 capítulos à frente. A adaptação da saga de 1993 provou que não é toda novela rural que arrebata o público. O remake teve desempenho morno na audiência e principalmente na repercussão, diferentemente do que aconteceu há dois anos com a exibição da segunda versão de Pantanal. Bruno Luperi já sabia que enfrentaria a maior saia justa ao voltar a mexer em uma obra do avô, Benedito Ruy Barbosa.

Como neto, ele precisa fazer uma justa homenagem ao legado do novelista, mas isso também o limitou a fazer mudanças na história para que se tornasse um retrato dos dias atuais --o que também traria ineditismo à releitura da obra.

Luperi conseguiu melhorar bastante a questão do machismo, sempre colocando contrapontos e dando voz às mulheres. O autor também mudou e acrescentou ingredientes à história de Buba (Gabriela Medeiros), que na versão de 2024 é uma mulher trans bem resolvida com a sua identidade de gênero, mas que tinha um passado de dor por ter sido rejeitada pela família. 

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Agora, na reta final, ele traz novidades com a troca de pares entre Ritinha (Mell Muzzillo), Eriberto (Pedro Neschling), Kika (Juliane Araújo) e José Bento (Marcello Melo Jr). Já a entrada de Lilith (Lucy Alves), que foi apresentada como personagem inédita, gera uma controvérsia.

Ela traz coisas novas, mas também abraça o que seria a história de Lurdinha (Íris Nascimento) há 31 anos. Ou seja, o autor embaralha as cartas, mas elas continuam todas ali. Ele pincela algo atraente e que não existiu, como o fato de ela ser filha de Jacutinga (Juliana Paes) com Norberto (Matheus Nachtergaele), mas isso só pode ser encarado como bônus.

Acrescenta ingrediente sem mudar receita

Dá para dizer que Luperi está adicionando mais uma pitada de pimenta ou colocou mais cerejas na cobertura, mas isso não minimiza os problemas que fizeram Renascer sofrer críticas no passado e agora. A novela teve uma barriga bem grande, na qual os personagens principais não saíram do lugar, deram muitas voltas em círculos. 

As personagens femininas, sempre girando em órbita de seus homens e sem carreiras, também não estão em sincronia com a sociedade atual. Ao menos, Kika (Juliane Araújo) voltou para representar uma boa parcela da mulherada que é boa profissional e também vive seus desencontros amorosos.

Mariana (Theresa Fonseca) foi a personagem mais desperdiçada da história. Ela chega ao final sem um propósito de vida, sem saber se quer se vingar ou se apaixonar. O fato de Sandra (Giullia Buscacio) voltar a engravidar é outro ponto de desperdício.

O caminho dela virando fazendeira, mudando a história de sua família para uma rota correta era muito mais interessante do que ela ter um herdeiro --o que naturalmente poderia ficar subtendido que aconteceria em um casamento feliz com João Pedro (Juan Paiva).

Deixar o vilão impune, já que o assassinato de Egídio (Vladimir Brichta) só transforma Mariana em assassina, também não é uma opção inspiradora. Ver o crápula atrás das grades, comendo o pão de o diabo amassou, seria bem legal, além de exemplar.

Por último, manter a morte de José Inocêncio (Marcos Palmeira) no final é um pecado enorme. Um homem na casa dos 60 e poucos anos tem muito que viver, ainda mais com uma companheira como Aurora (Malu Mader) ao seu lado. Mostrar que é possível superar um grande amor e reencontrar a felicidade seria muito mais saboroso para o público ver e acreditar que é possível. 

Leia também -> Resumo dos próximos capítulos da novela Renascer.

A adaptação da saga rural  ficará no ar até 7 de setembro. Mania de Você, de autoria de João Emanuel Carneiro, entrará no lugar do remake.

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