Autor de Pantanal cria grupo com atores negros para evitar erros sobre racismo

Autor do remake de Pantanal, Bruno Luperi criou um grupo com os atores negros da novela das nove da Globo para evitar que ocorram erros nas cenas que abordarão o racismo. Segundo Gabriel Santana, intérprete de Renato na história, o elenco já sugeriu algumas mudanças que foram acatadas pelo novelista.

O ator afirmou que a ideia partiu dele e dos colegas após os ensaios iniciais do folhetim. "Quando começamos a fazer as primeiras leituras junto com a preparadora de elenco, percebemos algumas dubiedades. Falamos com o autor e, a partir disso, chegou-se a um consenso de criar o grupo", contou Santana à coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo.

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"Em cenas que falam abertamente sobre racismo, às vezes, há palavras melhores, de mais significado. É uma questão de ajuste. Falamos uma coisa ou outra para agregar", acrescentou. Ele ainda exemplificou uma situação em que houve alteração após a sugestão do elenco: 

Tinha uma cena em que meu personagem conversava com um dos irmãos. E ficava claro que eles têm uma dúvida se o pai não os assume por uma comodidade, porque é a segunda família, ou porque é a família preta. E as palavras sobre racismo estavam muito brandas. Alguém falava: 'Essa situação foi muito inconveniente'. A palavra acabou sendo trocada por 'humilhante', porque diz mais sobre a vivência deles.

Embora ele e os colegas tivessem entendido a intenção de Luperi, o elenco reforçou que a mudança ajudava os atores e os telespectadores a compreenderem melhor qual é a sensação de quem sofre racismo. "Nunca tinha visto um autor se colocar nesse lugar de escuta tão aberta, sendo tão generoso. Ainda mais para tratar de um assunto tão importante que é a militância preta", elogiou Santana.

Conforme adiantou o Notícias da TV, a Globo mudou o enfoque e reformulou um núcleo da trama para acrescentar atores negros e discutir o racismo. A história da segunda família do vilão Tenório (Murilo Benício) vai acrescentar à história original elementos que escancaram o preconceito em vez de naturalizá-los, como na primeira versão.

Interpretada originalmente por Rosamaria Murtinho, Zuleika agora é vivida por Aline Borges. A personagem, que mora em São Paulo e não será da primeira mulher do marido, é mãe os filhos Lucas Leto (Marcelo) e Cauê Campos (Roberto). 

Originalmente escrita por Benedito Ruy Barbosa e exibida em 1990 pela extinta Manchete (1983-1999), o remake é adaptado por Bruno Luperi, neto do autor. Diferentemente de outros folhetins exibidos recentemente pela Globo, a história não está totalmente gravada e seguirá o formato de obra aberta, podendo sofrer alterações nos roteiros.

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