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PARADA NO TEMPO

Após sucesso de Gênesis, Record cruza os braços à espera de Reis

REPRODUÇÃO/RECORD

O ator Zécarlos Machado caracterizado como Abrão em cena da novela Gênesis; ele segura cajado e faz expressão de tristeza

Abraão (Zécarlos Machado) em Gênesis: final da novela emendou com reprise do começo

MÁRCIA PEREIRA

marcia@noticiadastv.com

Publicado em 2/1/2022 - 6h45

No final de 2020 e no começo de 2021, a Record saiu na frente da Globo nas novelas. A emissora colocou no ar o desfecho de Amor Sem Igual (2019) e estreou Gênesis quando a líder de audiência não tinha nem data para retomar a exibição das tramas inéditas. O folhetim bíblico fez sucesso e teve boa repercussão, mas a rede de Edir Macedo deixou a boa fase escapar por entre os dedos.

Em vez de fazer um planejamento para manter o telespectador que acabara de se tornar fiel, a Record deixou o barco à deriva. Reis foi escolhida como sucessora bíblica, mas não entrou em produção a tempo de substituir Gênesis no horário nobre.

TV é uma questão de hábito, costume. Amor Sem Igual fez noveleiros que torciam o nariz para ver reprises sintonizar na vice-líder da audiência na TV aberta. Muitas pessoas acompanharam a representação de Topíssima (2019) justamente porque não conheciam a história e não queriam rever A Força do Querer (2017) e Império (2014) na Globo.

No entanto, a Record não fez questão de brigar por esses telespectadores. Escalou a série Quando Chama o Coração para o horário nobre, mas a produção canadense não é novela --gênero que acaba de completar 70 anos na TV brasileira e que é uma das paixões nacionais.

Realmente a decisão mais questionável e lamentável da emissora foi reprisar boa parte de Gênesis após a exibição original dela. Ficou difícil entender a proposta de evangelização de A Bíblia para que o público chegue à estreia de Reis, em 22 de fevereiro, ciente da ordem de fatos como são descritos no Livro Sagrado. 

TV não é religião, pode discutir, promover e tentar conquistar cristãos, mas necessita de profissionalismo e planejamento. Enquanto o streaming investe pesado em novelas no Brasil, a Record cochila em cima de projetos que poderiam estar no forno.

Esquecidos no churrasco

Cristianne Fridman segue contratada da Record, mas esquecida sem ver uma nova criação sua na linha de produção da emissora. A novelista, que começou a carreira em 1995 em Malhação, está por trás de folhetins bem avaliados pelo público, como Chamas da Vida (2008) e Vidas em Jogo (2011).

Infelizmente, o SBT segue os passos da Record: congelou no tempo e jogou a toalha. Já faz tempo que a emissora de Silvio Santos abriu mão de folhetins adultos, mas até 2020 seu carro-chefe, as tramas infantojuvenis, não eram "esquecidas no churrasco".

Diante da pandemia da Covid-19, a emissora recuou tanto que não renovou contratos com boa parte dos atores escalados para Poliana Moça. O elenco ficou sem saber o que ia acontecer durante um ano. A história está sendo gravada, e a estreia está prevista para a segunda quinzena de abril, mas é só --por enquanto uma próxima novela ainda não entrou em pré-produção.

Diante desse cenário, a Globo volta a mostrar que não é só com "um ovo que se faz uma omelete". A emissora tem pronto e já alardeado para o mercado publicitário seu cronograma de folhetins, com duas estreias planejadas para 2022 em cada faixa de novela da sua programação: 18h, 19h e 21h. 

Além da Ilusão e Mar do Sertão são as próximas tramas das seis; na faixa das 19h tem Cara e Coragem e Tente Outra Vez. Já no horário nobre, o público verá o remake de Pantanal e Olho por Olho.


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