Após enfrentar os pais, atriz de Terra e Paixão tremeu ao encarar Gloria Pires

Evelyn Montesano aprendeu a domar o nervosismo no decorrer da vida pessoal e profissional. Ela apostou na carreira de atriz apesar das vozes contrárias, assim como suportou a tremedeira em todas as suas estreias --seja no teatro, na Record ou na própria Globo. Mas Terra e Paixão foi sua verdadeira prova de fogo. Afinal, não é nada fácil ficar frente a frente com uma das atrizes mais reconhecidas do Brasil: Gloria Pires, a Irene da novela das nove da Globo.

"Na hora, foi um misto de emoções. Eu sabia que, se estavam me convidando para estar com ela em uma novela no horário mais nobre da maior emissora do país, é porque existia uma grande confiança em mim e no meu trabalho. Por outro lado, junto com isso, viria uma grande responsabilidade e exposição do meu trabalho. Eu tinha que estar 200% segura com o que iria fazer", revela a artista em entrevista ao Notícias da TV.

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O nervosismo fazia parte do pacote, mas o ideal era não deixar que o sentimento atrapalhasse seu desempenho em cena. Para isso, ela tentou se preparar ao máximo para o que viria pela frente: ensaiou suas falas por várias vezes; bateu um papo despretensioso com os atores com quem contracenaria --Rainer Cadete (Luigi), Debora Ozório (Petra) e a própria Gloria--; e fez ensaios com toda a equipe, para ajustar o posicionamento da câmera e da cena. Mas nada a deixou pronta para a hora do "gravando".

"Eu tinha estudado bastante, e estava tudo ok, mas a Gloria é a Gloria... Confesso que bateu um nervosismo por dentro quando entrei no estúdio e caiu a ficha que eu iria contracenar com ela. Mas acho que segurei bem a onda, ninguém percebeu e deu tudo certo. No final, a direção ainda elogiou a cena. Foi ótimo", conta.

Na trama de Walcyr Carrasco, Evelyn interpretou a auxiliar de um psiquiatra --o mesmo que comandou o tratamento de Petra numa clínica de reabilitação. Embora a participação tenha sido curta e sem muito destaque, a atriz faz questão de reconhecer seu valor. Afinal, só ela sabe como os pais entraram em parafuso quando anunciou que pretendia seguir a profissão.

"Meus pais são concursados e queriam que eu tivesse uma carreira com mais estabilidade, assim como as deles. E segurança é tudo o que a carreira artística não te dá, ainda mais no início. Só depois que eles começaram a ver a coisas acontecerem de verdade para mim, os trabalhos nas emissoras começarem a surgir, é que foram ficando mais tranquilos com a minha escolha", afirma. Hoje, o casal vibra com cada aparição da atriz na TV.

Mas ela não os culpa pela preocupação. Hoje, reconhece que o meio é disputado --tem muita gente querendo trabalhar e pouco espaço para tantas pessoas. "Tem que estudar e batalhar muito para chegar em algum lugar", aconselha. Mas as alegrias valem a pena. Ela literalmente pulou e gritou quando recebeu o primeiro telefonema em que a Globo a convidava para um trabalho. Tanta alegria tem relação com um desejo antigo:

Sempre quis fazer novelas. Eu sabia que, por meio da TV, o meu trabalho atingiria um público maior e ganharia maior projeção. O que todo artista quer é reconhecimento. A verdade é que quando você tem seu seu trabalho exposto em uma grande emissora as pessoas passam a te ver de forma diferente, te dão mais credibilidade, te levam mais à sério. Queria chegar nesse lugar. 

Da Record ao horário nobre da Globo

A artista foi cavando seu espaço no decorrer do tempo. Na TV, seu primeiro trabalho foi em Escrava Mãe (2016), da Record. De lá, emendou várias participações na Globo: Rock Story (2016), Pega Pega (2017), Orgulho e Paixão (2018) e Salve-se Quem Puder (2020) são exemplos. Terra e Paixão foi sua primeira novela das nove, e ela admite que a pressão é diferente.

"Todos sabemos que a exposição nesse horário é ainda maior. O horário nobre é o momento que tem mais gente com a TV ligada, mais gente te assistindo, o que faz com que o seu trabalho atinja mais gente. A responsabilidade é maior", explica. Por outro lado, o cuidado com as cenas e a logística da emissora permanecem os mesmos que em novelas de outras faixas.

REPRODUÇÃO/TV GLOBo

Evelyn Montesano em cena de Terra e Paixão

A atriz até ressalta que a equipe envolvida com Terra e Paixão é praticamente a mesma que comandou as gravações de Além da Ilusão (2022), a novela em que fez sua participação mais longa. Na trama, ela vivia Celeste, amiga de Julinha (Alexandra Richter), uma viciada em jogatina. 

Alexandra, aliás, também está no elenco de Terra e Paixão. Mas as duas não se encontraram nos bastidores da novela. A atriz veterana só começou a gravar depois que Evelyn já tinha rodado suas cenas. "Nós nos seguimos nas redes sociais e acompanhamos sempre o trabalho uma da outra. Ela é humilde e tem um coração enorme", diz.

A novata também não poupa elogios aos profissionais com quem trabalhou na Record. Aliás, ela não vê diferença nos trabalhos que fez em ambas as emissoras. Define todos como "experiências enriquecedoras", e acredita que a nova forma de contratação da Globo, em que os artistas só estabelecem vínculo por obra, até fortalece uma comunicação com a concorrente.

Hoje em dia, vejo muitos atores que eram da Globo na Record, e da Record na Globo. Fora os que estão migrando para o streaming. Autores, também! O Gustavo Reiz, por exemplo, foi autor de Escrava Mãe, na Record, e agora está escrevendo Fuzuê, na Globo. Você encontra bons profissionais em ambas as emissoras, em diferentes canais e plataformas. Muitas vezes, você encontra até os mesmos profissionais, com trabalhos diferentes, em momentos diversos, nas duas emissoras.

Esse novo modelo também favorece o esquema das figurações. A própria Evelyn admite que o importante é que seu trabalho seja visto, independentemente de onde. É isso que a permite conhecer novas pessoas, e são essas pessoas que podem ajudá-la a encontrar um novo trabalho.

Aliás, boa parte das oportunidades que apareceram nas TVs vem de contatos de muito tempo atrás. "Conheci muita gente do meio em cursos de atuação, em palestras sobre o meio audiovisual e também na faculdade  --sou formada em Cinema e Vídeo pela Universidade Federal Fluminense. De lá para cá, mantenho essas relações. Estou sempre acompanhando o trabalho dessas pessoas, e elas o meu. Quando surge uma oportunidade a gente se conecta, se comunica, e as coisas surgem a partir daí", explica a atriz.

É um processo longo e árduo, ainda mais para quem faz teatro desde a infância. Mas Evelyn segue fortalecendo essas relações em prol de um objetivo. "Quero trabalhar bastante e conquistar cada vez mais o meu lugar por meio de muito profissionalismo", conclui.

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