DIFICULDADE NO IBOPE
LOURIVAL RIBEIRO/SBT
Mel Summers como Anna, a protagonista de A Caverna Encantada; novela enfrenta dificuldades
A magia de A Caverna Encantada parece não ter afetado os números do Ibope. A novelinha do SBT vem batendo números negativos desde a estreia, e, apesar de ter obtido 4,8 pontos na última segunda (19), está longe de chegar a média de 6,2 de Poliana Moça (2022) --comparações com com Carrossel (2012), com média-geral de 12 pontos, seriam até injustas. Porém, quais os motivos disso, já que a trama evoca justamente a fase de ouro dos folhetins infantojuvenis do SBT?
A protagonista, Anna (Mel Summers), vive em um internato --como as crianças de Chiquititas (2013)--, apesar de parte dos alunos terem suas próprias casas. Ela é acolhida pela professora boazinha e rivaliza com a diretora malvada, como acontecia em Carrossel, além de estar imersa em uma trama de aventura, tal qual Cúmplices de Um Resgate (2015). Só que nada disso ainda fez efeito.
Aliás, a quantidade de novelas citadas já mostram como o SBT apostou à exaustão no formato nos últimos anos. A emissora vem emendando novelas infantojuvenis há 12 anos --já foram oito folhetins no total. É impossível não desgastar o gênero com tantas empreitadas, ainda mais sendo todas elas encabeçadas por uma mesma pessoa. Íris Abravanel, mulher de Silvio Santos (1930-2024) assinou praticamente todas como autora principal.
Esse é um fator para a baixa audiência de A Caverna Encantada, bem como os números já insatisfatórios de sua antecessora, A Infância de Romeu e Julieta (2023). A trama inspirada na obra de William Shakespeare (1564-1616) até tentou romper com o que vinha sendo feito na faixa, mas manteve os esforços no público infantojuvenil.
Entre os aspectos diferentões da produção que chegou ao fim na última segunda (19), destacam-se o fato de ela não ser ambientada numa escola e ter uma participação muito maior do elenco adulto, uma vez que a trama se desenrolava a partir da guerra das famílias de Julieta (Vittória Seixas) e Romeu (Miguel Ângelo).
A novela também enveredava bastante pelo romance, diferentemente de suas antecessoras, bem mais ingênuas nesse sentido. E foi inspirada numa obra trágica da literatura para adultos, e não em uma já foi criada pensando em crianças.
Para voltar à raiz do público infantil, A Caverna Encantada conta com uma protagonista bem mais nova que os demais folhetins. Mel Summers tem apenas 7 anos --para se ter ideia, Larissa Manoela tinha 11 na época de Carrossel; Sophia Valverde tinha 12 em As Aventuras de Poliana e 16 em Poliana Moça.
Talvez a estratégia do SBT seja atrair crianças da primeira infância ou ainda apenas mostrar que quer uma história sem todo o drama amoroso de sua antecessora. Se for a primeira opção, o trabalho da emissora será árduo. Afinal, a maior parte do público do folhetim é formado por mulheres de mais de 60 anos.
Isso não é exatamente um problema, já que a emissora insiste que as tramas são para toda a família. A linguagem lúdica, contudo, deixa claro que o foco são as crianças.
A bem da verdade, foram contratados atores para fazer referência a memória afetiva de um público mais velho, como Rosi Campos e Magali Biff, mas a empresa poderia abrir ainda mais o bolso para contratar medalhões que de fato chamassem o público 60+.
Sabe-se, afinal, que o problema não é o horário. O SBT tentou exibir a novela também às 18h45, mas os resultados foram tão ruins que a reprise dos capítulos foi cancelada apenas três dias depois.
Aliás, essa sequer deveria ser uma questão: se o público quiser assistir aos capítulos em outro horário, ele pode ter acesso a eles sob demanda tanto no Disney+, pago, quanto no +SBT, plataforma gratuita da emissora que já está disponível para Android e iOS.
A disponibilização desses capítulos também é um dos motivos para os números baixos no Ibope. O próprio diretor da trama, Ricardo Mantoanelli, ressaltou que, hoje, a contabilização do sucesso de uma novela perpassa pela exibição nos serviços de streaming.
"O jeito que a audiência é medida hoje não reflete sucesso. Acho que, hoje, a gente tem um comportamento muito segmentado. Cada um com seu celular assistindo [às obras]... Tem muita concorrência. Não dá para fazer uma comparação com o momento que a gente viveu em Carrossel, em Chiquititas, tendo somente aquele dado do Kantar", disse ele, no evento de lançamento da novela.
Carolina Gazal, diretora de conteúdo multiplataforma do SBT, também afirmou que a emissora considera todas as audiências somadas, e não só uma ou outra forma de acesso ao conteúdo.
"Um dos nossos mantras é que o conteúdo precisa ser multi, ele precisa estar disponível. A audiência multiplica, ela não divide. A gente entende que, sim, as audiências são complementares. A pessoa que assiste na Disney talvez não consiga ver na TV; a pessoa que não consegue ver na TV, mas não pode pagar uma assinatura da Disney, vai assistir no +SBT", disse ela, no lançamento do streaming da emissora.
Entretanto, os números do Ibope ainda são importantíssimos nas negociações da emissora para intervalos comerciais, por exemplo. É impossível ignorá-los completamente, ainda mais numa novela que ficará 44 semanas no ar no horário nobre. A trama tem 220 capítulos previstos, divididos em quatro temporadas. Resta saber se outra estratégia fará a trama se reerguer nesse período.
Leia os resumos dos próximos capítulos de A Caverna Encantada.
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