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COLUNA DE MÍDIA

TVs seguem caminho da mídia impressa rumo ao fracasso, diz pesquisa

BAHUAN TOKER/ISTOCK

Cinegrafista em estúdio de televisão; ele olha para o visor da câmera e usa fone de ouvido; fundo difuso

Cinegrafista em estúdio de televisão: estudo de gestora de fundos afirma que o futuro da TV é sombrio

GUILHERME RAVACHE

ravache@proton.me

Publicado em 29/10/2020 - 7h05

A ARK Investment publicou recentemente seu relatório Bad Ideas (más ideias). Basicamente, a gestora, que é destaque global por investimentos em tecnologia e apresenta um histórico robusto de negócios certeiros, reuniu cinco segmentos que considera fadados ao fracasso. Na lista, está a TV linear (aberta e cabo). Para os analistas da ARK, ela seguirá o mesmo destino da mídia impressa.

"Apesar de oito quedas anuais consecutivas na audiência, a receita linear de publicidade na TV foi relativamente estável, até a seca esportiva e o colapso econômico durante a crise do coronavírus derrubá-la. Em resposta ao corte acelerado de assinaturas de cabo, acreditamos que a publicidade na TV linear diminuirá mais rápido do que 11% a uma taxa anual, ou 51% cumulativamente, deUS$ 70 bilhões para US$ 34 bilhões durante os próximos seis anos", diz o relatório.

"Esta mudança é uma reminiscência do fim da mídia impressa durante a Crise Financeira Global em 2008-2009. Depois de levitar durante anos diante do declínio do número de leitores, a publicidade impressa entrou em anos de queda de dois dígitos", aponta. O relatório completo da ARK pode ser visto aqui.

Dizer que a TV irá morrer é exagero, mas afirmar que ela será menor e mais segmentada é provável. E assim como a mídia impressa, a TV deverá ampliar o número de eventos e atividades de experiência para explorar e monetizar a força de suas marcas. Eventos ao vivo, shows, e-commerce, exposições e toda sorte de fonte de receita devem entrar na lista.

Disney e Globo, risco e retorno

Nesta semana, a Globo anunciou a GExperience. Em parceria com a Tornak Holding, a emissora lançará um espaço no shopping Market Place, na zona sul de São Paulo, com dez operações simultâneas, incluindo restaurante, arena de games e eSports e área infantil.

É só olhar para a Disney e fica fácil entender a lógica do negócio: usar marcas familiares ao público para atrair as pessoas para os parques. Mas faz sentido neste momento? A Disney, no primeiro semestre de 2020, segundo seu relatório para investidores, teve uma queda de 85% na receita no segmento de Parks, Experiences and Products.

A previsão de lançamento do GExperience é abril de 2021, período em que provavelmente ainda estaremos às voltas com a Covid.

Cidadão Bezos

Circulam notícias de que Jeff Bezos estaria interessado na compra da CNN. Se ele será o novo dono do canal de notícias, é difícil prever. Dinheiro não seria um problema já que sua fortuna pessoal ultrapassa os US$ 200 bilhões, mas as implicações políticas seriam diversas.

O presidente americano Donald Trump, por exemplo, é inimigo declarado do dono da Amazon, assim como Mohammed bin Salman, príncipe da Arábia Saudita.

Mas vale olhar para o Washington Post e o que aconteceu com o jornal após ser comprado por Bezos em 2013. Desde então, o Post mais do que dobrou sua audiência, é lucrativo (um feito para um veículo de mídia impressa) e desenvolveu uma empresa de tecnologia dentro do jornal que é benchmark global para gestão de conteúdo: a Arc.

E principalmente, até onde se sabe, a interferência de Bezos no editorial é mínima. Em entrevista no ano passado à CNN, Donald Graham, ex-publisher do Post, afirmou que o segredo de Bezos não é seu talento para obter resultados rápidos, mas sim sua "mentalidade de longo prazo extrema". 

Inteligência artificial e notícias

Stanford lançou uma ferramenta de inteligência artificial capaz de monitorar o conteúdo exibido nas TVs a cabo do Estados Unidos. Segundo comunicado da universidade, o Stanford Cable TV News Analyzer "é uma ferramenta interativa que dá ao público a capacidade de não apenas pesquisar transcrições, mas também calcular o tempo de tela de figuras públicas em noticiários de TV 24 horas por dia, sete dias por semana da CNN, Fox News e MSNBC, desde janeiro de 2010."

"O site é atualizado diariamente com a cobertura do dia anterior e permite pesquisas de mais de 270 mil horas de imagens de notícias", continua a nota. Interessante observar o crescente potencial de ferramentas de inteligência artificial para analisar conteúdos.


Nota da Redação: O Notícias da TV passa a publicar nesta quinta (29/10) a Coluna de Mídia, assinada pelo jornalista e consultor digital Guilherme Ravache, um espaço para refletir sobre o encontro do universo digital com a TV convencional.


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