CARO E SEM QUALIDADE
DIVULGAÇÃO/FLAMENGO
Lázaro, atacante do Flamengo que joga o Campeonato Carioca: pay-per-view do torneio é detonado
Criticado por torcedores, pelos clubes e até pela própria Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), o pay-per-view do Campeonato Carioca virou uma das maiores vergonhas da mídia esportiva de todos os tempos. O serviço, repleto de problemas, transforma a mensalidade de R$ 49,90 em um assalto à mão armada. No último fim de semana, partidas de Flamengo, Vasco e Fluminense tiveram problemas. Áudio estourado, telas pretas, jogo liberado para não assinantes e até um embate sem transmissão foram alguns dos obstáculos.
A Sportsview comanda as transmissões do Campeonato Carioca desde o início de 2021. A empresa foi contratada pela Ferj para buscar soluções comerciais após a rescisão da Globo com o torneio estadual --a emissora brigou com o Flamengo pelo direito dos jogos que envolviam o clube. O processo segue na Justiça, no valor de R$ 152 milhões; a Globo perdeu em primeira instância, mas recorreu da decisão.
No primeiro ano, houve diversas reclamações, a maioria de ordem financeira. Vasco, Fluminense, Botafogo e principalmente os clubes menores reclamaram que não receberam quase nada pelo Estadual. O motivo foi o modelo de venda, restrito para TVs por assinaturas e canais diretos dos times. Apenas Flamengo e a própria Sportsview conseguiram lucro com o modelo.
A alegação é que, com tempo curto de preparação, as vendas de 2021 foram baixas e o modelo não pôde ser melhor explorado. Para 2022, a Sportsview fechou mais acordos, ampliou os modos de assistir aos jogos e vendeu pacotes até para fora do Brasil --em Portugal, por exemplo. Mesmo assim, clubes e a Ferj seguem insatisfeitos, agora pela qualidade do produto que tem sido entregue neste ano.
Em 2021, pagou-se R$ 6,5 milhões para a produtora Casablanca cuidar da parte técnica dos jogos. Por escolha da própria Sportsview, com o objetivo de aumentar o valor que seria pago aos times neste ano, houve um corte de R$ 2,7 milhões neste orçamento. Contratou-se a Broadmedia, que também é experiente em geração de imagens de futebol --embora atue mais em pelejas de menor importância.
Já na rodada de estreia, no dia 25, começaram as reclamações pela qualidade do serviço. No empate entre Boavista e Botafogo por 1 a 1, o jogo ficou sem narração durante quase 20 minutos, e a imagem chegou a sumir por diversas vezes. Torcedores do Flamengo também não gostaram da qualidade do sinal no embate contra a Portuguesa-RJ, bem longe da alta definição a que o público estava acostumado.
No fim de semana, o caos: Volta Redonda x Flamengo no sábado (29) terminou sem imagens. Vasco x Boavista sequer foi aberto para assinantes da Claro/Net, a maior empresa de TV paga do país. Na Sky, o áudio da narração do jogo dos vascaínos tinha qualidade ruim. No domingo (30), Madureira x Fluminense não foi fechado; bastava um cadastro no site ou no app do Cariocão Play para assistir ao jogo gratuitamente.
A Sportsview e a Ferj alegaram que os problemas se deram "por causa de falha nas duas redes de fibra óptica fornecidas pela Embratel, prestadora de serviços de banda larga, que leva os sinais gerados do estádio ao Centro de Produção. E que a Embratel está investigando o caso". Ao Notícias da TV, a Embratel disse o seguinte: "Informamos que disponibilizamos toda a infraestrutura necessária para que a transmissão dos jogos ocorresse normalmente".
Ainda no domingo, Ferj e Sportsview fizeram uma reunião para resolver ou atenuar as críticas. Mas ambas mostraram que não estão falando a mesma língua. A Ferj disse que a Claro esqueceu de abrir a partida. Em nota, a Sportsview negou essa versão. A Claro também rejeita que tenha esquecido de abrir o canal com a partida.
Nesta segunda (31), todos os times do Estadual se reuniram no Rio de Janeiro e exigiram melhora imediata da Sportsview. O clima foi tenso. Uma nova avalanche de erros nas próximas rodadas é tida como algo inaceitável.
Nos bastidores, segundo apurou o Notícias da TV, a insatisfação da Ferj é muito grande pela maneira como a Sportsview trabalha. Uma rescisão de contrato é vista como impossível, por causa da multa alta. Mas não existe um clima bom para se trabalhar em conjunto no momento. O contrato entre as partes termina com o encerramento da atual edição.
O fato é que, se continuar com tantos erros e entregar um serviço tão ruim, o Carioca 2022 ficará negativamente marcado na história como o evento que fez o Estadual mais visto do Brasil morrer de vez. E isso não pode ocorrer com um certame tão tradicional. O Carioca merece mais respeito de quem cuida dele tecnicamente.
Procuradas, Ferj e Sportsview não se pronunciaram até a conclusão deste texto. Caso o façam, ele será atualizado.
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