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INDÚSTRIA BILIONÁRIA

Roteiristas aprovam greve em votação recorde; Hollywood vai parar outra vez?

Divulgação/WGA

Roteiristas com cartazes durante a greve de 2007

Roteiristas durante a greve de 2007; nova paralisação custaria bilhões à indústria que ainda se recupera

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 18/4/2023 - 10h10

Ainda em recuperação da paralisação forçada pela pandemia de coronavírus, Hollywood deve parar novamente. O WGA (Sindicato dos Roteiristas Norte-Americanos) revelou que 97,85% dos seus integrantes votaram a favor de uma greve. Se um novo acordo não for fechado com a AMPTP (Aliança dos Produtores de Filmes e Televisão) até 1º de maio, os escritores vão cruzar os braços.

Roteiristas e produtores estão na mesa de negociação desde 20 de março, mas tudo indica que as duas partes estão longe de entrarem em consenso. Ou seja: é bem provável que o pior aconteça. Seria a primeira paralisação da classe desde a histórica greve de 2007-2008, que durou cem dias e custou cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,4 bilhões, na cotação atual) à indústria.

Em julho de 2020, quando o último contrato da AMPTP com o WGA foi assinado, a decisão só saiu nos acréscimos do segundo tempo, horas depois de o acordo vigente até então ter expirado. Na ocasião, a indústria ainda se planejava para retomar os trabalhos após parar tudo por causa da pandemia, e uma paralisação transformaria os roteiristas em vilões da história. Por isso, eles abriram mão de várias exigências para não queimarem seu filme. Agora, estão bem menos complacentes.

Uma das principais reivindicações da classe diz respeito aos residuais, como são chamados os direitos autorais. Roteiristas alegam que o repasse do valor à categoria é baixo se comparado ao que é dado a produtores e atores. As plataformas de streaming, segundo eles, também pagam menos do que o cinema e a TV tradicional.

O WGA também exige um aumento da compensação mínima, visto que o pagamento é feito por episódio e as plataformas de streaming encomendam temporadas mais curtas e um tempo de envolvimento maior dos escritores durante a produção. Melhorias no plano de saúde também são negociadas.

Segundo o sindicato, a votação para aprovar a greve bateu um recorde histórico, tanto em porcentagem quanto em números absolutos: foram 9.218 participantes, o que equivale a 78,79% dos membros. Apenas 198 pessoas se mostraram contra a paralisação.

"Nossa classe se pronunciou. Vocês expressaram com números assombrosos sua força e solidariedade coletivas e a exigência por uma mudança significativa. Armados com essa demonstração de união, vamos continuar a trabalhar na mesa de negociação para conseguir um contrato justo para todos", disse o WGA em comunicado aos membros.


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