CASO MARIANA FERRER
REPRODUÇÃO/RECORD
O jornalista Rodrigo Constantino em seu último vídeo publicado no site da Record; editora também o demitiu
Um dia após ser demitido da Jovem Pan, Rodrigo Constantino também foi dispensado do Grupo Editorial Record. Este foi o quinto emprego que ele perdeu nesta semana após afirmar que não denunciaria um hipotético estupro da sua filha, dependendo das condições em que o crime tivesse ocorrido.
O Grupo Editorial Record publicou quatro livros de Constantino: Esquerda Caviar (2013), Contra a Maré Vermelha (2015), Brasileiro é Otário? (2016) e Confissões de um Libertário (2018). Além da editora, a Record (rede de TV de Edir Macedo) também o demitiu, assim como a Rádio Guaíba, o jornal Correio do Povo e a Jovem Pan.
O Grupo Editorial Record comunica que, em comum acordo com o autor, acertou a rescisão dos contratos com Rodrigo Constantino.
— Grupo Editorial Record (@editorarecord) November 7, 2020
O infeliz comentário foi divulgado durante uma transmissão ao vivo no canal do carioca no YouTube, na qual ele dava a sua opinião sobre o caso Mariana Ferrer, a promotora de eventos catarinense que se sentiu constrangida durante o julgamento do homem a quem ela acusou de estupro.
"Minha filha chega em casa e fala: 'Ah, fui para uma festinha, eu e três amigas. Tinham 18 homens, nós bebemos muito. Eu estava ficando com dois caras, acabei dormindo lá e fui abusada'. Ela vai ficar de castigo feio. E eu não vou denunciar um cara desses. Eu vou dar esporro na minha filha, porque em alguma coisa ali ela errou feio", opinou o jornalista.
A repercussão foi a pior possível para um dos maiores defensores do presidente Jair Bolsonaro na imprensa. Celebridades, jornalistas, influenciadores digitais e anônimos se uniram para reprovar o comentário do autor carioca.
"Coitada de sua filha e de você, que nunca vai saber de verdade o que é ter filhos. Eles nunca compartilharão a vida deles com um ser vivo desses", disse a cantora Anitta. Até Danilo Gentili, que tem ideias claramente conservadoras, disse que só 'hipócritas" defendem o jornalista.
O jornal paranaense A Gazeta do Povo não deu ouvidos ao clamor da internet e decidiu manter Constantino em seu time de colunistas. "Cumpre-nos reafirmar aqui o nosso compromisso com a liberdade de expressão", comunicou o diário. O comentário do autor foi considerado "inoportuno e infeliz", mas, em vez da demissão, ele ganhou o direito de se explicar em uma coluna publicada nesta quinta-feira (5).
A decisão da Gazeta a fez perder um imporante anunciante. A Loft, empresa do mercado imobiliário, suspendeu o dinheiro investido em publicidade no jornal porque "se reserva no direito de direcionar seu investimento a veículos que não compactuam com posicionamento que enxerga atenuantes circunstanciais no cometimento do crime de estupro".
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