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COLUNA DE MÍDIA

Luciano Huck e TV tradicional perdem feio para Felipe Neto e redes sociais

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Montagem de Luciano Huck e Felipe Neto falando e olhando para a câmera

Luciano Huck e Felipe Neto foram escalados por grandes redes para lives na Black Friday

GUILHERME RAVACHE

ravache@proton.me

Publicado em 3/12/2020 - 6h55

Durante a Black Friday, o Magazine Luiza apostou na TV tradicional, com uma transmissão no Multishow que também foi reproduzida pelo canal da marca no YouTube. Luciano Huck no comando do show com visual e produção de TV e grandes atrações musicais. Na outra ponta, a Americanas fez em uma live mais ao gosto do consumidor digital, com o influenciador Felipe Neto no comando de cinco horas de live transmitida simultaneamente em oito canais no YouTube.

Segundo levantamento da plataforma digital Torabit, a ação da Americanas teve 3,5 vezes mais referências se comparada ao evento do Magazine Luiza no Multishow.

Em dado momento, quando este que aqui escreve olhou o canal do Magazine Luiza no YouTube, havia pouco mais de 33 mil espectadores online. No mesmo momento, mais de 313 mil acompanhavam a live da Americanas no canal do Felipe Neto (no próprio canal da Americanas, eram cerca de 15 mil).

Por que isso importa?

Os cachês de Luciano Huck, Anitta, Dilsinho e da dupla Zé Neto e Cristiano são expressivos. O mesmo pode ser dito da estrutura para fazer TV e a transmissão no Multishow.

Mas se a Americanas com Felipe Neto e seu time de influenciadores digitais teve 7.861.834 visualizações durante 4 horas em uma live com brincadeiras pueris e uma produção mais básica em comparação ao Magalu, o retorno do investimento do Magalu pensado para a TV passa a ser uma questão. 

Bolha de reflexão

Felipe Neto é um fenômeno, mas uma questão é quantas dessas quase 8 milhões de visualizações de fato foram de compradores e não apenas crianças que gostam de jogar Among Us com o youtuber. 

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Maisa é uma das brasileiras influentes no TikTok

TikTok cresce e influenciadores faturam

Na conferência de resultados do terceiro trimestre do PagSeguro, o CEO Ricardo Dutra revelou que mais de 400 mil transações foram realizadas pela empresa de pagamentos no TikTok. Detalhe, isso em apenas dois meses de funcionamento do serviço que permite aos usuários do aplicativo de vídeo receber valores diretamente na conta digital do PagBank (do PagSeguro).

Por que isso importa?

No TikTok, produtores de conteúdo encontram novos modelos de remuneração, a exemplo de outras plataformas como o YouTube. Mas o volume de transações surpreende, já que muitos ainda veem o app de vídeo como uma distração para crianças. 

Bolha de reflexão

Quem produz conteúdo e gera audiência depende cada vez menos da mídia tradicional. E novas funções de e-commerce, doações e assinaturas em redes sociais vão criar uma nova classe de produtores de conteúdo que vai muito além do influenciador de Instagram.

Poder da Netflix

Na guerra do streaming, muitas plataformas alardeiam o número de assinantes. Mas um dado talvez mais importante é quanto as pessoas cancelam ou não suas assinaturas. E neste sentido a Netflix mantém uma liderança segura no mercado americano, de acordo com dados da Antenna, que rastreia o comportamento de compra e as principais métricas em serviços de mídia por assinatura. A única exceção foi em setembro, quando a Netflix enfrentou uma breve polêmica em torno de um filme francês chamado Lindinhas e teve de pedir desculpas ao público.

rEPRODUÇÃO/NETFLIX

O filme francês Lindinhas foi muito criticado

Por que isso importa?

“O objetivo da Netflix não é competir com outros serviços de streaming, mas sim com a TV tradicional. A empresa há muito investe no crescimento de sua biblioteca de conteúdo e recursos de aprendizado de máquina para que possa enviar quase qualquer tipo de conteúdo para qualquer tipo de usuário. Como a única empresa autônoma de streaming de entretenimento, sua estratégia difere da maioria de seus concorrentes, que usam amplamente o streaming para impulsionar outros produtos, como telefones celulares ou assinaturas de cabo", pontua Sara Fischer, jornalista de mídia da Axios.

Há algumas semanas, publiquei uma série de três textos em que questionava a capacidade do Globoplay de concorrer com os grandes players internacionais de streaming (Netflix, Amazon Prime, Disney+ e afins). O tema causou polêmica. Mas veja o que John Malone, bilionário, maior acionista da Liberty Mídia e dono de 28% da Discovery Communications disse em entrevista à CNBC: 

"Acho que essas plataformas globais serão extremamente poderosas. O consumidor não vai querer comprar de uma ampla variedade de serviços de assinatura. Eles tendem a ir para um fornecedor conveniente. Parece cada vez mais que vai ser Amazon... Ou vai ser Apple, ou vai ser Roku. Ou ainda pode ser Google."

"A Amazon e a Apple estão oferecendo qualidade extremamente alta. Acho que as pessoas que possuem as plataformas, além do conteúdo, estão em uma posição muito boa para construir um negócio global lucrativo de longo prazo."

Para Malone, o tamanho e o poder de mercado coloca as grandes empresas de tecnologia em posição de "esmagar os concorrentes" ou até mesmo entrar em negócios paralelos e causar estragos. "Não vejo nada que possa desacelerar isso", conclui.

Streaming reduz janelas 

O anúncio de que Mulher-Maravilha 1984 será lançado nos cinemas e no HBO Max no dia de Natal é o sinal mais claro de que o streaming agora é fundamental para o modelo de negócios da indústria cinematográfica. A janela (período entre a estreia de um filme nos cinemas e depois na TV) está sumindo rapidamente. E a bilheteria, que no passado era indicador de sucesso de uma produção, deverá ter cada vez menos influência. 

A pandemia foi um fator decisivo, mas não o único. A diminuição das janelas entre estreia em cinema e outras plataformas já vinha diminuindo, mas com a pandemia, o processo acelerou. A janela reduzida significa que o estúdio pode, teoricamente, gastar menos em marketing do que normalmente é necessário quando a estreia no cinema e no home video ocorre com meses de intervalo.

E os estúdios normalmente ficam com 80% da receita sob demanda, enquanto as vendas de ingressos de lançamentos em cinemas são divididas em cerca de 50-50 entre estúdios e as empresas que controlam as salas.


Este é um texto argumentativo. O Notícias da TV não compartilha necessariamente da mesma opinião do autor. Esta coluna é publicada toda quinta-feira.


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