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Balanço Oficial

Faturamento da Record cai pelo quarto ano seguido e emissora volta a dar prejuízo

MUNIR CHATACK/RECORD

Guilherme Chelucci como o Satanás em cena de Apocalipe: Record aumentou os gastos com produção  - MUNIR CHATACK/RECORD

Guilherme Chelucci como o Satanás em cena de Apocalipe: Record aumentou os gastos com produção

DANIEL CASTRO

Publicado em 4/4/2019 - 6h59

Depois de três anos consecutivos registrando lucros graças a uma austera política de corte de gastos e demissões, a Record voltou a ter prejuízo. Segundo balanço contábil publicado na quarta-feira (3), a emissora de Edir Macedo fechou 2018 com um rombo de R$ 22,9 milhões. Foi o quarto ano seguido de quedas nas receitas publicitárias.

Desde 2015, quando a crise econômica passou a castigar as redes de TV, a Record encolheu 11% em termos nominais, sem considerar a inflação do período. Naquele ano, faturou R$ 1,994 bilhão com anúncios e venda de horários para a Igreja Universal. Em 2018, arrecadou R$ 1,773 bilhão. Quase um quarto de bilhão a menos.

O fato de a Record ter registrado prejuízo em 2018 indica que a emissora parou de demitir e não conseguiu enxugar mais os gastos com produção, haja vista que nos anos anteriores também houve queda nas receitas comerciais, mas o resultado final foi positivo.

De fato, os custos das operações e das produções (novelas, programas de variedades, reality shows) subiram no ano passado. Consumiram R$ 1,258 bilhão, R$ 42 milhões a mais do que em 2017.

As despesas com vendas caíram e as administrativas subiram quase na mesma proporção. O resultado operacional foi negativo em R$ 2 milhões. Após a contabilização dos resultados financeiros e das provisões tributárias, o prejuízo foi de quase R$ 23 milhões.

Tradicionalmente, a Record é uma empresa que sempre deu prejuízo e dependeu do aporte (estimado em mais de R$ 600 milhões anuais) da Igreja Universal, liderada por seu dono, o bispo Macedo. Em 2013, quando o bispo Honorilton Gonçalves perdeu o comando e a emissora passou a ser administrada com mão forte por Marcus Vinicius da Silva Vieira, isso começou a mudar.

Em 2015, a Record publicou balanço no Diário Oficial do Estado de São Paulo pela primeira vez, apresentando um superávit de R$ 59,5 milhões. No ano seguinte, registrou o maior lucro de sua história, de R$ 227,5 milhões. Foi o resultado da demissão de aproximadamente 2.000 funcionários e da terceirização da produção de novelas. Em 2017, ela lucrou R$ 75,4 milhões, outro resultado notável.

Com o desempenho de 2018, a Record viu suas reservas de lucros e disponibilidade de caixa cair. Fechou o ano com R$ 150 milhões em caixa, R$ 66 milhões a menos do que tinha em 2017.

No balanço consolidado, que considera a participação da TV Record em outras empresas, emissoras próprias e as receitas com internet, a rede fechou 2018 com uma receita de R$ 2,039 bilhões, um aumento de R$ 73 milhões sobre 2017. Mesmo assim, teve prejuízo (R$ 17,6 milhões).

Globo em queda

Todas as redes vêm registrando quedas nas receitas publicitárias desde 2015. A Globo, a única que já tinha publicado balanço de 2018, voltou a crescer no ano passado. Faturou R$ 10,060 bilhões, ou seja, é cinco vezes maior do que a Record. O aumento, no entanto, foi de apenas 2,8%, inferior ao reajuste na tabela. A emissora só não teve prejuízo graças aos investimentos financeiros.

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