VÍTIMA DE RACISMO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
A saída de Rodrigo do Big Brother Brasil 19 foi comemorada pela mãe, Vera Lúcia, que estava mal pelo filho
VINÍCIUS ANDRADE
Publicado em 4/4/2019 - 6h03
Ver o filho eliminado da disputa pelo prêmio de R$ 1,5 milhão do BBB19 na reta final do reality da Globo poderia ter sido a pior notícia da semana para Vera Lúcia Ferreira da Silva, mas não foi. Pelo contrário, a mãe de Rodrigo França ficou aliviada com a saída dele do confinamento. Dona Verinha, como gosta de ser chamada, ficou mal com os ataques racistas que o ator sofreu nas redes sociais nos últimos dias.
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"Parece que eu tirei um peso das costas, estou com outra fisionomia. Sou a mulher mais feliz do mundo. Valeu muito a pena [a saída de Rodrigo]. Meu filho estava sofrendo e eu percebendo. Acho que isso me deixou mal. E fiquei pior ainda com os comentários racistas. Infelizmente, esse Brasil está assim", lamentou Vera Lúcia em entrevista ao Notícias da TV.
Dentro da casa, o "sofrimento" de Rodrigo começou na segunda (1º) à noite, após uma longa discussão que ele teve com Carol Peixinho e Paula von Sperling. As duas questionaram a postura do carioca em relação ao jogo e disseram que não concordavam com as suas justificativas de voto. Ele discordou, expôs seus argumentos e chorou depois da DR (discussão de relação).
"Eu não vou criar problemas. Isso não é meu jogo. Eu posso ser muito penalizado por isso amanhã [terça], mas eu não vou criar problemas. Eu tenho acordo interno com os meus, eu vou honrar a minha família e não vou ser aquilo que eu não sou. Por mais que eu seja provocado, eu não vou criar [problemas]. Não vou apontar o dedo quando não vejo", explicou o agora ex-BBB.
De fato, Rodrigo foi penalizado e saiu com alto índice de rejeição (69,71%) no 11º paredão do Big Brother Brasil. Ao deixar a casa, o ator e dramaturgo foi informado por amigos e familiares que a pressão sofrida no confinamento era o menor de seus problemas. Ele é vítima de ataques racistas nas redes sociais. Perfis publicaram frases do tipo "lugar de macaco é no zoológico" e "lixo para a sociedade".
Para identificar e denunciar os autores, a família de Rodrigo contratou o advogado Ricardo Brajterman no início da semana. Em contato com o Notícias da TV, Brajterman confirmou que terá uma conversa com o ator e dramaturgo nos próximos dias para definir quais ações serão tomadas.
Na quarta (3), o eliminado passou o dia nos Estúdios Globo. Em entrevista que deu no Mais Você, disse que dará prosseguimento aos processos. "A gente vai processar por uma relação do racismo, do racismo religioso", avisou.
"Mais uma vez se coloca o Candomblé como algo maligno, perverso, sem o cuidado de se perguntar sobre o que se fala. Não é só desconhecimento, é maldade mesmo. Não é só por mim, é por todo um povo, uma população que cultua algo e é desrespeitada. Eu não posso me calar de forma alguma. Não seria eu. Talvez tenha entrado nesse programa pra isso", concluiu o eliminado.
A declaração que pode ser considerada de intolerância religiosa aconteceu dentro do BBB19. Paula disse ter medo de colocar Rodrigo no paredão "porque ele mexe com esses treco, de Oxum deles lá".
O caso é investigado pela Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), no Rio de Janeiro, e o inquérito pode ter sequência caso o carioca queira denunciar a sister. Isso deve ser definido após a reunião com seu advogado.
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