COLUNA DE MÍDIA
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Mídia digital ainda avança; Facebook registrou receita recorde de anúncios no terceiro trimestre de 2020
Semana passada os grandes players de tecnologia divulgaram seus resultados do terceiro trimestre de 2020. Pandemia, boicote de anunciantes, governos movendo inquéritos, documentários negativos… Nada disso parece diminuir o avanço da mídia digital.
Os anúncios digitais seguem aumentando, principalmente com a reabertura das empresas e pequenos negócios pós-pandemia. Google e Facebook são os maiores beneficiados.
A rede social de Mark Zuckerberg registrou receita recorde no período, com crescimento de 22% em relação ao ano anterior, chegando a US$ 21,5 bilhões. Já a Alphabet (empresa que tem a marca Google) disse que a receita de anúncios digitais aumentou quase 10%, no valor de US$ 37,1 bilhões.
E a receita da Amazon aumentou 37%, para o recorde de US$ 96,2 bilhões. Já o lucro quase triplicou, chegando a US$ 6,3 bilhões, impulsionado por fortes vendas online, bem como publicidade digital e crescimento em seu lucrativo braço de computação em nuvem. A receita de anúncios da Amazon disparou 51% em relação ao ano anterior, para US$ 5,4 bilhões no trimestre.
A receita do Twitter no terceiro trimestre aumentou 14% à medida que os anunciantes voltaram a gastar, mas os usuários cresceram em um ritmo mais lento.
Interessante notar o descompasso entre as manchetes de jornal e a realidade da compra de mídia. Enquanto os grandes anunciantes (Unilever e P&G, por exemplo) dão entrevistas dizendo que vão se afastar das redes sociais ou reavaliar investimentos neste meio, os pequenos e médios anunciantes seguem o caminho oposto. Ou seja, para a escala do Google e do Facebook, mesmo os maiores anunciantes do mundo são pequenos.
"Temos mais de 200 milhões de empresas usando nossas ferramentas gratuitas em nossa plataforma todos os meses para criar lojas virtuais e nos comunicarmos com os clientes. Agora também temos mais de 10 milhões de anunciantes ativos em nossos serviços todos os meses, a grande maioria dos quais são empresas de pequeno e médio porte", afirmou semana passada Sheryl Sandberg, COO do Facebook em conferência com investidores.
Há quem veja o movimento de grande marcas como Unilever e P&G contra Facebook e Google como uma admissão por parte dos grandes anunciantes de sua incapacidade de usar com eficiência as plataformas digitais, ou ainda uma tentativa de conseguir preços mais baixos para publicidade nas plataformas.
No passado, marcas diretas ao consumidor e pequenos negócios não tinham os milhares de reais necessários para competir com as grandes marcas na TV e nas prateleiras de supermercado. Hoje, com Google e Facebook, você pode anunciar por um punhado de reais e criar uma loja online na Amazon ou outra plataforma gastando praticamente nada.
A expectativa de alguns executivos de TV era que parte da verba de mídia das redes sociais dos grandes anunciantes voltaria para a TV tradicional. Isso não aconteceu e parece cada vez mais longe de se realizar.
A Netflix anunciou que está confiante em seu conteúdo e novamente subirá os preços de suas assinaturas nos Estados Unidos. Geralmente, os aumentos começam pelos Estados Unidos e se estendem a outros países.
A Netflix irá adaptar a série Assassin's Creed, da Ubisoft, seguindo a fórmula de sucesso da adaptação do game The Witcher. A plataforma de streaming já declarou que os games se tornaram o seu maior concorrente na disputa pela atenção da audiência. Vale aquela máxima: "Se não pode vencer seu inimigo, una-se a eles".
De Daniel Ek, CEO e fundador do Spotify, em conferência com investidores semana passada ao falar sobre os resultados da empresa nos nove primeiros meses do ano:
"Os usuários ativos mensais superaram o limite máximo da nossa previsão, e os assinantes atingiram o limite máximo da nossa meta. E nosso serviço agora atinge 320 milhões de usuários e 144 milhões de assinantes. O tamanho de nosso catálogo total aumentou significativamente e nosso negócio de publicidade voltou a crescer."
"E também superamos as expectativas em nossos mercados mais novos, onde vemos que o crescimento continua a acelerar. Acho que isso confirma nossa crença de que há uma demanda reprimida significativa pelo Spotify em todo o mundo, mesmo em lugares onde nosso serviço ainda não foi lançado. Esses resultados ilustram o poder do nosso negócio, apesar da Covid-19 e de outros desafios relacionados em todo o mundo."
Seis meses depois de estrear, o Quibi já está morto. O projeto dos bilionários Jeffrey Katzenberg e Meg Whitman, segundo estimativas, custou quase R$ 6 bilhões. A ideia era criar uma plataforma de streaming para celular com shows de até 10 minutos.
"O erro deles foi pensar que o celular era uma TV", afirmou David Craig, produtor e professor da Annenberg School of Communications. Concordo. E aqui uma boa autópsia do Quibi (em inglês).
Tem uma pergunta sobre mídia ou tecnologia? É só entrar nesse link e deixar a sua questão. Toda semana tentarei responder dúvidas dos leitores. Pela minha experiência, sempre aprendi mais buscando respostas para as perguntas dos outros do que para as minhas próprias questões. É o poder da comunidade.
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