Por que astro mexicano da série Acapulco recusa papéis de vilões em Hollywood?

Aos 62 anos, o mexicano Eugenio Derbez é um dos principais nomes latinos em Hollywood. Ele já apareceu em filmes como Homem ao Mar (2018) e No Ritmo do Coração (2021), vencedor de três Oscars, e foi eleito o comediante de língua hispânica mais influente no mundo do entretenimento. Porém, para conquistar o seu espaço na indústria, ele precisou bater o pé e recusar papéis que o colocariam em estereótipos nada positivos para latinos.

"Assim que comecei a trabalhar nos Estados Unidos, percebi que estavam me oferecendo sempre os mesmos papéis: o membro de uma gangue, o narcotraficante, o imigrante que tenta cruzar a fronteira ilegalmente. E era só aquilo!", desabafa Derbez em conversa exclusiva com o Notícias da TV.

"Sempre que eles precisavam de um vilão, pensavam: 'Ah, um latino'. E eu tentei mostrar para os produtores que nós somos mais do que isso, que também temos médicos, arquitetos, engenheiros, pessoas boas! Nós precisávamos mudar aquela narrativa", lembra ele. "Eu queria ver filmes e séries que pintassem os latinos de uma maneira positiva."

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Eugenio decidiu, então, assumir o controle de sua trajetória e produzir os próprios projetos, nos quais faz questão de colocar os mexicanos nos papéis dos heróis. "E tenho feito isso por toda a minha carreira nos Estados Unidos. Nos últimos dez anos, só vivi mocinhos. No futuro, talvez eu possa fazer um narcotraficante, um vilão, estou aberto a isso. Mas, agora, é mais importante para mim mudar essa imagem dos latinos em Hollywood", aponta.

É assim com a comédia Acapulco, que ele produz e estrela para o Apple TV+ e que atualmente exibe sua terceira temporada. Ele interpreta Máximo, um homem de família humilde que se transformou em um empresário bilionário. A série vai e volta no tempo, com o personagem nos dias de hoje relembrando seu passado como funcionário do resort de luxo Las Colinas (na década de 1980, o papel fica com Enrique Arrizon).

O público já descobriu que o Máximo do passado cometeu um grande erro, que fez com que boa parte da equipe do hotel rompesse a amizade com ele e passasse a desprezá-lo --até mesmo o amor de sua vida, Julia (Camila Perez). No entanto, a história ainda não revelou qual foi o deslize do mocinho.

"Nem eu sei (risos)!", admite Derbez à reportagem. "É engraçado, nós nunca imaginamos que chegaríamos até a terceira temporada. Então, planejamos o primeiro ano e meio que esboçamos o que poderia acontecer caso tivéssemos um segundo. E aqui estamos! Agora, vamos planejando conforme as coisas acontecem. E eu me surpreendo a cada roteiro que recebo, de verdade."

Uma coisa que foi bem planejada é que Máximo, apesar do tal erro cometido, precisa se manter nas graças do público --ele é o herói da história, afinal. "Nossa ideia sempre foi ter um personagem com o qual as pessoas pudessem se identificar. Porque ele poderia facilmente virar um vilão, mas isso não seria realista. Máximo precisa fazer algumas escolhas difíceis, como todos nós já precisamos fazer em algum momento de nossas carreiras", diz Derbez.

"Para receber mais dinheiro e subir a escada profissional, ele precisa pagar um preço bastante alto. Você trairia seus amigos ou seus princípios para ganhar uma promoção? São decisões que Máximo tem de tomar todos os dias. E você sabe que ele é um rapaz bom, que luta pelo certo. Mas, ao mesmo tempo, nós sabemos que no futuro ele ficou bilionário porque cometeu um erro, e é por isso que todos em Las Colinas o odeiam", explica o ator e produtor.

Um novo episódio da terceira temporada de Acapulco é disponibilizado toda semana no Apple TV+. Nesta quarta-feira (15), chega o quinto capítulo da nova leva --são dez no total. Confira o trailer da produção: