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Fernanda Montenegro e Galvão Bueno, duas das maiores estrelas da Globo: salários menores
DANIEL CASTRO e GABRIEL VAQUER
Publicado em 29/4/2019 - 6h35
Depois de ver seu faturamento cair 15% nos últimos cinco anos e de ter um prejuízo operacional de meio bilhão de reais em 2018, a Globo passou a adotar uma política salarial mais dura com suas maiores estrelas. Desde o segundo semestre do ano passado, apresentadores, locutores e atores do primeiro time estão sendo chamados para renovar contratos por salários menores. Alguns, como Otaviano Costa, não aceitaram e deixaram a emissora.
O argumento dos executivos da Globo é que a realidade do mercado mudou com a queda das receitas publicitárias e a concorrência com o streaming. Altos salários tornaram-se insustentáveis e precisam ser reduzidos.
Foram os casos de Galvão Bueno, que completa 35 anos de carreira neste ano, e de Fernanda Montenegro. Galvão e Fernanda, assim como Fausto Silva e Ana Maria Braga, integram uma seleta lista de profissionais que extrapolam um teto salarial imposto pela direção da emissora a seus artistas e executivos. Agora, são poucos os contratados que recebem mais de R$ 100 mil.
Galvão renovou contrato até o fim de 2022. Aceitou reduzir seus vencimentos para algo em torno de R$ 500 mil. Em outros tempos, ele já ganhou mais de R$ 1 milhão. Em compensação, a Globo prometeu liberar o quanto antes jornalistas esportivos para fazerem campanhas publicitárias, o que pode gerar receita até maior para os profissionais.
O mesmo caso vale para os outros narradores da Globo que renovaram recentemente, como Cléber Machado e Luís Roberto. Eles aceitaram reduzir seus ganhos mesmo estando abaixo do teto estipulado (que pouquíssimas pessoas sabem quanto é). Também serão liberados para fazer comerciais.
Em dezembro do ano passado, a Globo tinha 1.540 contratados na dramaturgia, como informou o Notícias da TV na época. O banco de elenco voltou a crescer em quantidade graças a uma política de substituição de veteranos bem pagos por novatos com salários menores. A lista de demitidos nos últimos anos inclui nomes estrelados como os de Malu Mader e Carolina Ferraz.
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Otaviano Costa no cenário do Tá Brincando?: programa não emplacou e o contrato acabou
Do elenco da Globo, menos de uma dúzia ultrapassa os três digítos no holerite. Uma delas é Fernanda Montenegro, que estará em A Dona do Pedaço, próxima novela das nove. Aos 89 anos, Fernanda tem o maior salário dos estúdios. Além dela, Gloria Pires e Tony Ramos também ultrapassam o novo teto.
Ao mesmo tempo em que tem de investir no streaming para fazer frente à Netflix em território nacional, a Globo enfrenta uma queda nos investimentos em TV aberta e crescimento da internet. No ano passado, a emissora gastou R$ 8,3 bilhões com produção de conteúdo, quase R$ 700 milhões a mais do que em 2017. Só não teve prejuízo de meio bilhão de reais por causa das aplicações financeiras.
A crise é geral. Nos últimos quatro anos, as três maiores redes perderam uma receita real, considerada a inflação, de R$ 3,5 bilhões. Encolheram o equivalente a uma Record e um SBT juntos. Nesse cenário, a Globo passou a entender, no final do ano passado, como inevitáveis as renegociações de altos salários.
Quem trabalha em regime de PJ (Pessoa Jurídica) e ainda tem contrato por vencer também será chamado para renegociar, tanto no Esporte como no Entretenimento. E a emissora já não faz questão de manter talentos tarimbados.
Foi o que aconteceu com Otaviano Costa, que decidiu não renovar com a emissora após dez anos de casa. A Globo propôs uma redução nos ganhos, já que ele está sem programa. Costa não aceitou e deixou a casa na semana passada.
Em março, algo semelhante aconteceu com Cris Dias, apresentadora do Esporte, e com Mariana Ferrão, do extinto Bem Estar --que optou por ganhar mais dinheiro com palestras e eventos.
Procurada a Globo disse que não comenta questões relacionadas aos contratos de seus profissionais.
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