A LINHA
Divulgação/Estúdio Árvore
Vencedor do Emmy, curta brasileiro A Linha é experiência imersiva como a Penseira do mundo de Harry Potter
Primeira produção brasileira a levar uma estatueta no Primetime Emmy, o curta-metragem A Linha (2019) coloca o espectador em uma experiência imersiva dentro de uma narrativa em realidade virtual. Difícil de entender? Para os familiarizados com a franquia Harry Potter, é como se fosse possível entrar na Penseira, artefato mágico de Dumbledore que permite a alguém vivenciar uma memória do passado.
O Notícias da TV teve a oportunidade de realizar a experiência produzida pelo estúdio ARVORE e que levou o prêmio na categoria Outstanding Innovation in Interactive Programming (melhor inovação em programação interativa), que premia as experiências interativas mais vanguardistas.
Assim como muitas experiências em realidade virtual, principalmente as voltadas para o mundo dos games, A Linha permite que o espectador se veja dentro do universo que ele está observando --assim como na Penseira de Harry Potter.
No caso do curta brasileiro, acompanhamos a história de amor entre Pedro e Rosa, dois bonecos que vivem em uma maquete da cidade de São Paulo nos anos de 1940. Rodrigo Santoro narra a versão em inglês, enquanto Simone Kliass é a encarregada de dublar a versão em portugûes.
A grande diferença entre A Linha e outros tipos de narrativas é que, aqui, o público de fato interfere na trama. O espectador é responsável pelos controles que permitem que o protagonista Pedro navegue por toda a maquete. Alavancas são puxadas e botões são apertados --tudo digitalmente. É assim que a mágica acontece.
"Descrevemos a história como uma memória vivenciada", explica Ricardo Laganaro, diretor de A Linha, ao Notícias da TV. "A pessoa não lembra como assistiu à produção, mas lembra como uma memória a qual vivenciou. Vira um pedaço dela, uma história pessoal."
Para a equipe do estúdio ARVORE, a intenção ao produzir o curta sempre foi juntar a experiência emocional que o público tem ao assistir a um filme e poder inseri-lo dentro deste mundo. De acordo com Laganaro, que iniciou a sua carreira trabalhando com cinema, fazer parte do grupo que começou a criar um novo meio de contar histórias é especialmente gratificante.
"Fazer parte disso é algo que me incentiva a continuar ajudando a construir essa linguagem. E o retorno das pessoas tem sido extremamente positivo", diz o cineasta.
A estatueta no Emmy não foi o único grande feito da A Linha no circuito de premiações. O curta já havia sido premiado como a melhor experiência em VR no 76º Festival de Veneza, o mais antigo festival de cinema do mundo. Para o diretor, esses títulos podem colocar o Brasil no radar dos grandes estúdios.
"O próprio mercado já muda o olhar para o que nós estamos fazendo. As pessoas começaram a ver realidade virtual como algo interessante, mas não como parte do audiovisual. Na hora que uma premiação como o Emmy, com o foco quase total na televisão americana, um mercado totalmente voltado para o popular, premia nosso trabalho, essa mudança fica perceptível."
Ainda segundo Laganaro, o sucesso de A Linha não muda apenas a maneira como os grandes estúdios vêem o Brasil, mas coloca o país no caminho para se tornar um dos pioneiros desta narrativa no mercado de realidade virtual.
"Como é um movimento que está começando no mundo inteiro, não existe uma estrutura ou um ecossistema estabelecido. É uma chance única para começarmos juntos com todo mundo e nos tornamos líderes, protagonistas", diz o diretor. "Há uma chance para o Brasil como nunca vimos antes. A gente observa o que é feito lá fora e o que fazemos aqui, e não há tanta diferença."
Se a trama de A Linha se passa na São Paulo do início do século 20, a trilha sonora é representada por um som muito abrangente no território nacional. Criada por Gilson Fukushima e Ruben Feffer, que trabalhou em O Menino e o Mundo (2016), produção brasileira indicada ao Oscar de melhor animação, a composição é baseada em um ritmo bem brasileiro.
"Nós fizemos uma combinação entre o chorinho tipicamente brasileiro e a valsa, com o cuidado de não deixar muito caricata", conta Ferrer à reportagem.
Para o diretor musical, a experiência representada no curta se difere do que é feito até em outras produções voltadas para realidade virtural. "Nós contamos uma história de amor dos anos 1940 com uma trilha de chorinho. É completamente diferente do que estamos acostumados a ver, como jogos de tiros, invasões alienígenas ou dinossauros chegando. É algo único e totalmente nacional, uma quebra de paradigmas."
O curta-metragem está disponível para compra na loja da Oculus, divisão do Facebook voltada para produtos de realidade virtual, por US$ 5 (R$ 27 na conversão atual).
Assista abaixo ao trailer em inglês de A Linha:
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