CRÍTICA
Divulgação/Searchlight Pictures
Bill Murray em cena de A Crônica Francesa; filme de Wes Anderson estreou na quinta (18)
A Crônica Francesa (2021), novo filme de Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste), reúne duas das grandes paixões do diretor: os detalhes das pequenas cidades do interior da França, e um estilo de jornalismo popularizado pela revista norte-americana New Yorker e que atualmente já pode ser considerado à moda antiga.
Segundo o próprio cineasta, o filme é uma coleção de contos que ele sempre sonhou fazer. No centro da história está a Crônica Francesa, pequena publicação dos Estados Unidos com sede na cidade interiorana Ennui-sur-Blasé, na França, comandada pelo adorado editor-chefe Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray).
Com a morte inesperada de Howitzer, sua equipe de repórteres se reúne para escrever em conjunto o seu obituário. Nesta reunião, eles relembram alguns de seus momentos mais marcantes sob o comando do editor e levam o espectador a viajar por histórias peculiares contadas nas páginas da revista.
Dividida em quatro partes, a narrativa de A Crônica Francesa é construída em um formato de antologia. Cada história contada pelos repórteres Herbsaint Sazerac (Owen Wilson), J.K.L. Berensen (Tilda Swinton), Lucinda Krementz (Frances McDormand) e Roebuck-Wright (Jeffrey Wright) representa um capítulo do filme, e por consequência uma obra vital para a revista.
O resultado remete a uma representação visual da história da revista, com cada artigo mantendo um estilo e personalidade distintos que correspondem ao de seu escritor/narrador. Deste modo, os repórteres se aproximam o suficiente a ponto de se tornarem personagens de suas próprias narrativas --e questionarem a famigerada neutralidade jornalística.
DIVULGAÇÃO/SEARCHLIGHT PICTURES
Parte do elenco estelar de A Crônica Francesa
O formato de antologia, no entanto, prejudica as histórias menos interessantes. Se o artigo narrado por Tilda Swinton é comparável aos melhores filmes do diretor, há outros tão esquecíveis quanto os títulos menos aclamados de Wes Anderson --uma pena para Owen Wilson e a vencedora do Oscar Frances McDormand.
O fato de alguns capítulos serem inferiores a outros não significa, porém, que suas histórias não tenham conteúdo. No conto protagonizado por Frances e Timothée Chalamet (Duna), o cineasta retrata um relato pessoal sobre reivindicações e paixões, de origem políticas e sexuais que empurram a juventude romântica desencantada da pequena cidade para uma guerra contra adultos. Uma referência ao poder dos jovens revolucionários dos anos 1950 e 1960 e que ajudaram a moldar a cara da Europa contemporânea.
Grande parte da qualidade de seus filmes de deve à capacidade de Anderson de reunir o melhor elenco possível. Mesmo nomes como Saoirse Ronan (Adoráveis Mulheres), Edward Norton (Birdman) e Christoph Waltz (Django Livre) surgem em breves aparições, apenas para apimentar o nível de atuação altíssimo firmado pelos atores principais.
Anderson é um diretor com uma estética facilmente reconhecível. Mesmo o público que pouco entende de cinema é capaz de captar semelhanças em quase todos os seus filmes. Desta maneira, é possível dizer que A Crônica Francesa é um de seus títulos que mais apresenta a sua assinatura visual: inúmeros sets, fotografia impecável e uma simetria perfeita de câmeras.
A Crônica Francesa pode não ser um filme que agrade a todos os gostos, mas é uma porta de entrada interessante para os que desejam conhecer um pouco mais do chamado "universo Wes Anderson". Entre erros e acertos do diretor, este é um convite que dificilmente deveria ser negado.
Assista ao trailer legendado:
Confira abaixo o cartaz oficial de A Crônica Francesa:
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