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AMARELO

Com documentário na Netflix, Emicida dá aula de história em forma de poesia

Fotos: Jef Delgado/Netflix

Emicida está no palco do Theatro Municipal de São Paulo durante o show AmarElo

Emicida no show realizado no Theatro Municipal de São Paulo que deu origem ao documentário

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 13/12/2020 - 6h45

De olho no futuro do planeta, Leandro Roque de Oliveira decidiu olhar para o passado. No documentário AmarElo - É Tudo pra Ontem, já disponível na Netflix, o músico mais conhecido como Emicida assume a função de professor e, com muita música e poesia, compõe uma história que mostra como os negros construíram a cultura brasileira.

O longa aproveita o show que o cantor fez no Theatro Municipal de São Paulo em 27 de novembro do ano passado e utiliza músicas como Principia, Pantera Negra, Ismália e a própria AmarElo como costura para apresentar ao grande público o real valor de nomes como o ativista Abdias do Nascimento (1914-2011), a atriz Ruth de Souza (1921-2019), o escritor Oswald de Andrade (1890-1954), a sambista Leci Brandão e a vereadora Marielle Franco (1979-2018).

Na preparação para a apresentação musical do ano passado, Emicida ressaltou que boa parte do público estava entrando no principal teatro de São Paulo de maneira inédita. "Minha avó, de 80 anos, vai lá pela primeira vez. Vários daqueles moleques e meninas que vão lá nunca pisaram no Municipal. Por isso é importante cravar esse lugar físico", disse no documentário.

Emplacar o registro na Netflix também é a "invasão" de um lugar virtual novo --das produções originais da plataforma no Brasil, apenas o drama Irmandade conta com uma negra (Naruna Costa) como protagonista absoluta. 3% (2016-2020), Samantha! (2018-2019), Coisa Mais Linda, O Escolhido e Sintonia tinham ou têm negros em papéis de destaque, mas atrás de brancos na ordem de abertura.

Emicida entre os convidados do show AmarElo

AmarElo chegou a ser pensado como um longa a ser lançado nos cinemas, mas os planos mudaram --e não só por causa do novo coronavírus. "Se a gente tivesse negociado para o cinema, não ia ter esse alcance de 190 países", conta Emicida ao Notícias da TV. "As pessoas até entendem a cultura do Brasil, mas não compreendem a origem dessa cultura, a participação dos pretos em todo o processo. Então, a gente está dando esse presente para elas."

A pandemia também forçou a equipe de AmarElo a trabalhar de maneira diferente, pois o documentário foi editado e montado remotamente. "Tinha semana que a gente ficava até meia-noite ou 1h no Zoom discutindo alguma coisa do filme, para no dia seguinte fazer tudo de novo. Foi tipo trocar a roda de um carro, mas com o veículo em movimento, no meio de uma pandemia e desviando de zumbis (risos)", define o diretor Fred Ouro Preto à reportagem.

Adiar o lançamento do longa, porém, nunca passou pela cabeça da equipe. "Era muito importante soltar esse filme ainda neste ano, por tudo o que ele representa", justifica Ouro Preto. "O AmarElo não existe por acaso. Eu compartilho coisas boas porque sei que as pessoas vão sair desse filme buscando soluções, e não problemas. Optar pela positividade é um bálsamo em um ano tão difícil", completa Emicida.

"Por mais angustiante que seja a nossa situação atual, as pessoas retratadas [no longa] enfrentaram um país muito pior do que o nosso. O sol vai nascer de novo, e nós vamos ter um outro dia. Se a vida é gigante, por que nós vamos ser pequenos?", filosofa o rapper.

AmarElo - É Tudo pra Ontem foi disponibilizado na Netflix na terça-feira (8). Confira o trailer da produção, que conta com participações de Pabllo Vittar, Fernanda Montenegro, Zeca Pagodinho e Wilson das Neves (1936-2017):


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