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DOCUMENTÁRIO

CAT não é só BBB: Brasileiríssima prova que novela é espelho da sociedade

RENATO ROCHA MIRANDA/ TV GLOBO

Vannessa Gerbelli em cena de Mulheres Apaixonadas

Vannessa Gerbelli em cena de Mulheres Apaixonadas: morte foi inspirada em trama real

A Central de Atendimento ao Telespectador da Globo ficou conhecida a partir do Big Brother Brasil 20 com o quadro CAT BBB. Nele, o público fã do reality de confinamento confessava suas frustrações com o jogo. Mas se engana quem pensa que o "SAC desabafo" é uma criação para o núcleo de shows. A linha é uma companheira fiel dos noveleiros de plantão, que fazem questão de ligar para comentar como suas vidas foram impactadas pelas tramas de ficção.

Esse material serviu de inspiração para o diretor André Bushatky desenvolver o documentário Brasileiríssima - Um Olhar sobre o Impacto Social e Cultural da Telenovela, com pré-estreia na próxima segunda-feira (6) em cinemas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Inicialmente, a ideia foi pensada pelo núcleo de criação dos roteiristas Gilberto Nunes e Marcus Aurelius Pimenta, que convidaram a posteriori Bushatky para o projeto, iniciado em 2018. 

No documentário, a equipe condensa histórias de cinco anônimos que tiveram suas trajetórias transformadas pelas novelas brasileiras e reforça uma abordagem dita ao longo do filme: "Folhetins são escritos como um espelho da sociedade".

O primeiro ato, por exemplo, conta a história de Maria Silvânia. Na infância, a mulher adorava assistir à novela Pai Herói (1979), mas era impedida pelo próprio pai. A moça fugia para a casa dos vizinhos para acompanhar a trama e acabou descoberta. Por fim, ele ficou comovido com a obra de Janete Clair (1925-1983) e passou a acompanhar o folhetim com a filha.

Já no começo dos anos 2000, Manoel Carlos usou a história da menina Gabriela para contextualizar o problema da violência urbana em Mulheres Apaixonadas (2003). Na ficção, Fernanda (Vannessa Gerbelli) foi morta durante uma troca de tiros entre policiais e bandidos.

Na vida real, a carioca foi assassinada em uma estação de metrô no Rio de Janeiro. Os pais da vítima passaram a apoiar a criação do Estatuto do Desarmamento, para restringir a compra e o porte de arma de fogo.

Os pais de Gabriela, Carlos e Cleyde Santiago, participaram da trama para divulgar o caso da filha. A exposição no folhetim foi essencial para que o estatuto fosse aprovado no mesmo ano da exibição do folhetim.

"A gente fala disso [das questões sociais] porque tudo isso vira pauta de novela e espelha nossa sociedade. As histórias se mesclam", explica o diretor, que ainda revela a abordagem de temas, como racismo, direito das empregadas domésticas e corrupção em Brasileiríssima. 

Mea-culpa necessária 

Apesar de as tramas fictícias serem defendidas como retratos da contemporaneidade, André Bushatky explica que o documentário dá espaço para o mea-culpa dos folhetins.

Histórias de décadas passadas, por exemplo, seriam malvistas por reproduzirem comportamentos inadequados, como a falta de inserção de atores pretos ou poucas histórias inclusivas. O diretor pontua:

[Temos uma] fala de Taís Araujo que diz: 'Se a gente vai fazer uma novela numa favela, não dá para ser todo mundo branco. Se a gente vai gravar no Nordeste, temos que ter um sotaque nordestino'. Apontamos questões culturais [...], a gente tem que acompanhar essa evolução e tem que dar representatividade para todo mundo.

'Entretenimento conquistou a realidade'

Mestre e doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP (Universidade de São Paulo), Mauro Alencar estuda o tema há pelos menos 30 anos e acumulou cargos em diferentes emissoras, como Globo e SBT. 

Além de depoimentos de Aguinaldo Silva, Silvio de Abreu, Gloria Perez e de outros autores e atores renomados, o especialista está no título para dar seu parecer como pesquisador sobre a trajetória de 71 anos das novelas no Brasil.

O especialista destaca a dificuldade em condensar a narrativa da história do gênero em 80 minutos, mas ressalta que o trunfo está nos títulos dos folhetins, que comovem os brasileiros há mais de sete décadas. "A novela traz um serviço social e isso me encantou. É fabuloso. Impactou-me e concluiu o que sempre venho estudando. Fiz até doutorando sobre a realidade na ficção [...] O entretenimento conquistou a realidade."

O documentário Brasileiríssima - Um Olhar sobre o Impacto Social e Cultural da Telenovela estreia na próxima quinta-feira (9). Dirigido por André Bushatky, o filme estará disponível em salas de cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus (AM), Porto Alegre (RS) e Brasília. Confira o trailer:


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