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HUMOR ÁCIDO

Borat retorna depois de 14 anos com zoeira a Donald Trump e Bolsonaro

Divulgação/Prime Video

Sacha Baron Cohen em cena de Borat: Fita de Cinema Seguinte (2020)

Sacha Baron Cohen em Borat: Fita de Cinema Seguinte, estreia do Prime Video desta sexta-feira (23)

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 23/10/2020 - 6h50

Muito aguardado desde o anúncio de seu lançamento, Borat: Fita de Cinema Seguinte (2020), sequência da comédia satírica estrelada por Sacha Baron Cohen, estreia nesta sexta-feira (23) exclusivamente no Prime Vídeo. Catorze anos depois de sua primeira aparição nos cinemas, o personagem retorna zoando conservadores, Donald Trump e até Jair Bolsonaro.

Logo no início, o longa revela o que aconteceu com o ex-segundo melhor repórter do Cazaquistão após a sua jornada pelos Estados Unidos atrás da atriz Pamela Anderson (S.O.S. Malibu). Com a má repercussão de sua reportagem, Borat caiu em desgraça, é odiado pela população de seu amado país e foi abandonado por sua mulher. 

Para recuperar seu prestígio, ele recebe a missão de entregar um presente para Mike Pence, atual vice-presidente americano. Mas quando um problema na longa viagem aos Estados Unidos interfere nos seus planos, ele se vê obrigado a substituir o presente pelo único "bem" que lhe restou: sua filha, Tutar (Maria Bakalova).

Ao lado de garota, Borat volta a se aventurar pelas ruas americanas zombando da população com suas opiniões completamente retrógradas e humor ácido. Foi assim que, quase 15 anos atrás, o primeiro filme se tornou um sucesso. Através de suas brincadeiras, Cohen expôs o pior lado do cidadão americano, esboçando de maneira irônica opiniões que alguns pensavam, mas sentiam receio de colocar para fora.

Como a produção se utiliza do formato de documentário fictício, ainda é difícil confiar que algumas situações não são previamentes combinadas --muito por conta dos absurdos ditos por Borat em situações simples do cotidiano, como dizer para um médico que quer "retirar" da barriga de sua filha um bebê que ele mesmo colocou.

Como a aparência do personagem se tornou muito conhecida após o primeiro filme, Cohen foi inteligente ao recorrer ao uso de fantasias para circular pelas ruas sem chamar muita atenção. Por outro lado, isso afeta o humor do roteiro. Vestir-se como um americano comum não combina com o sotaque carregado de Borat, o que acaba o descaracterizando em certas ocasiões.

O tom político da sequência, no entanto, é o grande acerto das desventuras do protagonista. A crítica ao governo e à política da gestão de Donald Trump são claras desde o início da produção. Logo nas primeiras cenas, as ligações com Bolsonaro (Brasil), Kim Jong-un (Coreia do Norte) e Vladimir Putin (Rússia) são postas em xeque.

Como Borat também é um conservador, ele exalta a maioria das opiniões deste grupo, mas sempre recheado de ironias. Focado em fazer o povo americano votar contra quem defende esse discurso, Cohen não perdoa terraplanistas, negacionistas da ciência e aqueles que relativizam os perigos do coronavírus.

Assim como o longa original, Borat: Fita de Cinema Seguinte usa o absurdo para escancarar preconceitos escondidos da população americana. A presença de Tutar como sua parceira rende os momentos mais doces da sequência e fica como a cereja do bolo de um filme que termina satirizando uma das maiores figuras políticas dos EUA de maneira tão cômica quanto assustadora.

Assista abaixo ao trailer legendado:


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