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MATA-MATA

O que o adiamento de série de Cauã Reymond diz sobre o futuro do Globoplay?

Estevam Avellar/TV Globo

Cauã Reymond, com cara de triste, em cena da novela Terra e Paixão; série criada pelo ator foi engavetada pela Globo

Cauã Reymond em cena da novela Terra e Paixão; série criada pelo ator foi engavetada pela Globo

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 26/6/2024 - 6h10

Criada e estrelada por Cauã Reymond, a série Mata-Mata já estava em pré-produção avançada, com gravações marcadas para setembro. Mas foi adiada, como informou a coluna Play, do jornal O Globo. Por tempo indeterminado, apurou o Notícias da TV. A produção do Globoplay mostraria o lado B do futebol, com seus empresários inescrupulosos, suas marias-chuteiras e muito sexo e drogas.

O adiamento (tomara que não seja cancelamento) não tem nada a ver com o fato de Cauã Reymond ter sido escalado para o remake de Vale Tudo, no ar em meados de 2025. Ele gravaria a série antes de começar a novela da Globo.

Uma outra hipótese aventada por fontes ouvidas pelo Notícias da TV seria algum tipo de autocensura pela carga mais forte de sexo e drogas. Mas a ideia não combina com a plataforma que exibe atualmente uma produção com o realismo de O Jogo que Mudou a História.

Bem mais provável é que Mata-Mata tenha sido adiada por questões financeiras, o que diz muito sobre o atual momento do Globoplay e das plataformas de streaming em geral. Seria uma contenção de gastos.

Em fevereiro deste ano, Erick Brêtas, considerado o "pai do Globoplay", deixou a Globo porque considerou que sua missão na plataforma já havia sido alcançada. Essa versão não foi totalmente digerida nos bastidores. Houve quem apontasse conflitos entre ele e Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo (que produz o que o Globoplay exibe). E houve também os que apontassem pressões para reduzir custos.

Brêtas foi substituído no Globoplay por Manuel Belmar, diretor financeiro da Globo. E sabemos que diretores financeiros são diretores financeiros justamente porque não gostam de gastar, tanto que em algumas empresas são chamados de controllers.

Streaming puxa o freio de mão

No Rio2C, realizado no início deste mês, o Globoplay, diferentemente dos últimos anos, não revelou nenhuma produção nova. O autoproclamado maior evento da indústria criativa da América Latina sempre foi o palco dos grandes anúncios do primeiro semestre.

Neste ano não foi. E não apenas o Globoplay passou em branco. A Max, plataforma que une HBO e Discovery, também ficou devendo novidades. Sua grande atração foram imagens da série Cidade de Deus: A Luta Não Para, que já está pronta (e estreia em agosto). Somente a Netflix surpreendeu o público ao anunciar Pssica, uma série ambientada no Pará, e a decisão de adaptar O Diário de Um Mago, best-seller de Paulo Coelho.

Depois de causar uma explosão no número de produções (que saltou de 266 séries em 2011 para 559 em 2021, considerando apenas as faladas e exibidas nos Estados Unidos), o streaming puxou o freio de mão. A ordem é gastar menos e buscar o equilíbrio financeiro.

Maior plataforma de streaming brasileira, o Globoplay nunca deu lucro. Deve ter resultados positivos pela primeira vez neste ano, com uma receita de mais de R$ 2 bilhões. Para tanto, precisa gastar menos, e a série de Cauã Reymond parece ser a primeira vítima dessa política de austeridade.

Com 12 episódios, Mata-Mata teve sua equipe de roteiro chefiada por Thiago Dottori, com supervisão de Lucas Paraizo (de Os Outros e Sob Pressão). Bruno Saffadi vinha trabalhando como diretor desde o início do ano. Cauã Reymond interpretaria um ex-jogador de futebol que vira empresário de atletas.

Procurada, a Globo disse que não divulga produções em desenvolvimento.


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