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NO GLOBOPLAY

Com violência brutal superpotente, O Jogo que Mudou a História foca no preso

FOTOS: CÉSAR DIÓGENES/TV GLOBO

Juliane Araújo e Raphael Logam posam como Lucimara e Jesus Pedra, seus personagens em O Jogo Que Mudou a História

Juliane Araújo e Raphael Logam são casados na série; ele vive o agente penitenciário Jesus Pedra

MÁRCIA PEREIRA, colunista

marcia@noticiadastv.com

Publicado em 13/6/2024 - 10h00

O primeiro episódio de O Jogo que Mudou a História é uma potência em termos de violência. Estupro coletivo e detento decapitado, cuja cabeça é chutada como se fosse uma bola, estão entre as cenas fortes do começo da série do Globoplay, que estreia nesta quinta-feira (13). A trama, porém, não apela à brutalidade à toa; tem uma narrativa coerente pautada em cima de fatos reais.

Para mostrar uma partida de futebol que deu início a uma guerra, a saga começa nos anos 1970. Jesus Pedra (Raphael Logam) é um novo agente penitenciário do presídio de Ilha Grande. Ele entra no trabalho ao mesmo tempo em que acontece a recepção de novos detentos, que levam um tratamento de choque com surras cruéis --uma espécie de espancamento em forma de batismo.

Egídio (Ravel Andrade) está entre os que chegam à prisão, com um olhar de quem não está entendendo nada. O playboy branco tem cenas de causar repulsa: é estuprado por vários homens, enquanto outros presos se contorcem em seus leitos sem nada fazer, tentando se acostumar com a "lei da selva". 

Criador da série, José Junior explica que o público vai acompanhar o surgimento de facções criminosas a partir dos dramas no presídio. Negro e periférico, ele escreveu a história sem ler livros --a trama foi toda criada em cima das histórias de egressos do sistema carcerário e de pessoas que viveram nas comunidades retratadas naquela época. Trata-se de uma guerra que durou 25 anos.

"É uma história que vai mostrar o ponto de vista do preso, do bandido, do morador de favela, do agente penitenciário. Geralmente nos filmes e nas séries, a gente vê muito o ponto de vista da polícia ou o ponto de vista de um jornalista. Um ponto de vista de quem não é o protagonista da história real. Em O Jogo não, temos o ponto de vista dos bastidores que eu tive muito acesso", diz o roteirista.

O que acontece no presídio de Ilha Grande, que funcionou de 1903 a 1994, repercute na vida de quem vive nas favelas de Padre Nosso, Parada Geral e Morro da Promessa, no Rio de Janeiro. Os nomes das comunidades são fictícios, mas elas existem na vida real, assim como os 12 protagonistas e as histórias entrelaçadas na história, que representam a mistura de migrantes e até estrangeiros inseridos nesse universo.

"O Jogo é uma série de sotaques, você tem o carioca, o mineiro, o goiano, o paraibano, o pernambucano... É uma coisa que eu fiz muita questão, a de o sotaque aparecer, porque geralmente pedem para sufocar", comenta o roteirista. Isso ocorre para a série ter a cara do Brasil. 

Bukassa Kabengele interpreta o Mestre

Ele combinou com o diretor-geral Heitor Dhalia de gravar nas favelas cariocas, em vez de estúdio. A trama também usou um presídio desativado e um complexo penitenciário muito conhecido, o de Bangu 1, como cenários. "Então, é uma série que traz muito conteúdo real", comenta José Junior.

Ele recorreu a liberdade poética para juntar cinco ou seis pessoas em um só personagem. O elenco todo participou de uma preparação com ex-presidiários, ouvindo da boca deles o que viveram de mais difícil em suas vidas. 

"Todos os sofrimentos e a sua cumplicidade de como o Brasil interage com com seu povo. A meu ver, as pessoas são desconsideradas, por situações extremas. É uma série que tem um silêncio, é uma série de negros", observa Bukassa Kabengele, que faz Rosevan, mais conhecido como Mestre.

Ele começa a saga enjaulado como um bicho em uma cela solitária. Articulado, é um dos detentos mais respeitados. Sua história dá o pontapé em uma rebelião que atinge proporções gigantescas. 

O Jogo que Mudou a História também traz histórias de presos políticos, vai da Ditadura Militar (1964-1985) até a redemocratização do país. A fatídica partida de futebol que dá nome à serie não está nos dois primeiros episódios que o Globoplay libera nesta quinta-feira. A trama conta com dez capítulos --somente dois serão disponibilizados a cada semana, sempre às quintas-feiras.

Babu Santana, Otávio Müller, Álamo Facó, Tatiana Tiburcio, Juliane Araújo, Vanessa Giácomo, Talita Younan, Lucio Mauro Filho e Jonathan Azevedo estão no elenco. A série também conta com várias participações especiais. Alguns personagens de outras séries da produtora AfroReggae, parceira do Globoplay no projeto, darão as caras em O Jogo que Mudou a História.


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